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Escritor Silviano Santiago recebe Prêmio Camões na Biblioteca Nacional
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Acostumado a conquistar prêmios pelos livros que escreveu, o mineiro Silviano Santiago, de 87 anos, esteve nesta terça-feira (14) no centenário prédio da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, para receber uma láurea que coroa o conjunto literário da carreira de poeta, contista, romancista e professor. Santiago, agora, tem em mãos o diploma de vencedor do Prêmio Camões de Literatura, o mais importante da língua portuguesa.
“Receber um prêmio da altitude do Camões traz uma enorme alegria porque é o trabalho de uma vida inteira, feito em uma geografia muito variada, Brasil, França, Estados Unidos, Alemanha. Eu, que sou a favor da filosofia das diferenças, de repente me unifiquei com esse prêmio. Foi um júbilo.”
O anúncio da conquista foi em outubro do ano passado, quando o país e o mundo ainda lutavam contra a pandemia da covid-19. Por isso, a alegria de ser comtemplado não era completa.
“Estávamos vivendo um dos períodos mais tristes do século XXI, a pandemia. Isso abafava, de certa maneira, o júbilo, a alegria”, lembrou.
Prêmio
Criado em 1988, o Prêmio Camões tem o objetivo de consagrar um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto da obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural do idioma. É uma parceria entre os governos de Portugal e do Brasil, representado pela Fundação Biblioteca Nacional. O nome é uma homenagem a Luís Vaz de Camões, um dos maiores poetas portugueses.
Os agraciados são autores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP. Além de Brasil e Portugal, fazem parte do grupo Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Além do reconhecimento, o escolhido recebe um prêmio de 100 mil euros – equivalente a cerca de R$ 530 mil. Metade do valor é pago pela Biblioteca Nacional. A outra metade é paga pelo governo português.
Nova obra
Além de ser um reconhecimento pelo seu passado literário, Santiago considera que a premiação é também um incentivo para a produção e publicações de novas obras.
“É difícil fazer criação literária na minha idade, então estou me dedicando mais a ensaio e resolvi fazer um trabalho totalmente louco, desesperado, mas em folhetins, sobre Machado de Assis e Marcel Proust [escritor francês]. Vou tentar unir duas forças fortes na minha formação”, disse, com bom humor, no auditório que leva o nome Machado de Assis.
“Estou trabalhando, já tem muito escrito e, agora, é sair em busca de um editor que aceite essa edição meio atrapalhada, porque eu tenho um livro inteiro na cabeça, mas o processo de escrita é muito lento por mil e uma razões”, completou o escritor que mora no Rio de Janeiro.
Biografia
Mineiro da cidade de Formiga, Silviano Santiago tem uma obra composta por romances, contos, ensaios literários e culturais. É doutor em letras pela Sorbonne (Paris) e já lecionou em universidades americanas, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e na Universidade Federal Fluminense.
Santiago é cinco vezes vencedor do Prêmio Jabuti, um dos mais importantes do cenário literário brasileiro. Já foi agraciado pelo conjunto da produção literária com o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, e o José Donoso, do Chile. É autor de cerca de 30 livros, entre os quais Uma literatura nos trópicos (1978), Em liberdade (1981), Uma história de família (1993) e Keith Jarret no Blue Note (1996). Seus livros estão traduzidos em várias línguas.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, representou o governo brasileiro na cerimônia de premiação. “[Santiago] é um pensador notável da literatura brasileira e que sempre nos lembra da vivacidade pulsante da nossa cultura e da nossa língua portuguesa”, disse.
Relação entre países
A ministra destacou a importância da relação com países que compartilham o idioma. “É preciso, cada vez mais, a gente fortalecer essa irmandade, a literatura brasileira também tem uma importância muito grande e, graças a essa irmandade com Portugal, a gente vem também conseguindo transpor as fronteiras do mundo, levando a literatura brasileira para fora do Brasil e recebendo também a de outros países da língua portuguesa. O Prêmio Camões tem essa função e dimensão”.
O embaixador português no Brasil, Luís Faro Ramos, lembrou que Santiago já escreveu textos sobre Luís de Camões. “Com muita propriedade e conhecimento de causa, Silviano Santigo recebe o prêmio que tem como patrono a figura maior das letras portuguesas”.
O presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, também participou da cerimônia de entrega.
Ano de entregas
O ano de 2023 tem a particularidade de reunir pelo menos quatro entregas do Prêmio Camões – uma sendo póstuma. Em abril, o músico e escritor Chico Buarque recebeu o prêmio das mãos dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, em Lisboa.
Chico Buarque foi o vencedor da 31ª edição do prêmio, em 2019, mas o ato de entrega não foi assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), de quem o músico é crítico.
“Reconforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu Prêmio Camões, deixando seu espaço em branco para assinatura do nosso presidente Lula”, disse Chico na cerimônia.
Primeira mulher negra e africana agraciada, a moçambicana Paulina Chiziane recebeu o prêmio em maio, também em Lisboa.
O contemplado em 2020 foi o escritor e poeta português Vítor Manuel de Aguiar e Silva. Ele morreu em setembro de 2022, sem receber o prêmio. No próximo dia 25 de novembro, haverá uma cerimônia de homenagem póstuma.
Em outubro, foi divulgado que o ensaísta, crítico literário, cronista e tradutor português João Barrento é vencedor da edição 2023. Ainda não está definida a data da premiação de Barrento.
Ganhadores
Entre os 35 vencedores do Prêmio Camões estão 14 brasileiros, 14 portugueses, três moçambicanos, dois cabo-verdianos, um angolano e um luso-angolano.
Entre os brasileiros agraciados aparecem João Ubaldo Ribeiro (2008), Lygia Fagundes Telles (2005), Jorge Amado (1994), Rachel de Queiroz (1993) e João Cabral de Melo Neto (1990). A lista completa pode ser consultada na internet.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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