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Mostra Diálogo no Escuro usa empatia para integrar cegos na sociedade

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Depois de sete anos desde a primeira montagem no Rio de Janeiro, volta à cidade a exposição Diálogo no Escuro, aberta nesta quinta-feira (13), no Museu Histórico Nacional (MHN). Abril foi o mês escolhido para a abertura porque é dedicado à campanha de alerta ao combate à cegueira e à conscientização da importância dos cuidados com a saúde ocular.

A exposição é gratuita e se estenderá até 30 de julho, com funcionamento às quintas e sextas-feiras. A primeira sessão é às 10h e a última, às 16h. Aos sábados e domingos, a primeira sessão começa às 13h e a última, às 16h. É necessário ter mais de oito anos de idade para ter acesso. Crianças menores de 12 anos precisam estar acompanhadas dos pais ou responsáveis. Agendamentos para grupos podem ser feitos pelo e-mail.

Diálogo no Escuro é uma realização da Calina Projetos e da Dialogue Enterprise, com sede em Hamburgo, Alemanha. Ambas foram responsáveis pelas montagens da exposição no Brasil, no Rio e em São Paulo. Na capital paulista, a instalação foi montada em 2015, ficando um ano e meio em cartaz. Em 2016, ela foi para o Museu Histórico Nacional, no Rio, onde permaneceu por dez meses, registrando 85 mil visitantes.

A mostra é uma experiência multissensorial onde o visitante entra em um espaço totalmente escuro que simula ambientes da cidade, disse à Agência Brasil Luiz Calina, sócio-diretor da Calina. “Através dos outros sentidos, principalmente do tato e da audição, a pessoa pode identificar onde está. Você entra com a sua bengala e o guia é uma pessoa com deficiência visual”, disse.

Nas salas totalmente às escuras, elementos como cheiro, som, vento, temperatura e textura reproduzem as características de ambientes cotidianos do Rio, como o Jardim Botânico e a Praia de Copacabana.

Empatia

Calina esclareceu que se trata de uma inversão de papéis, porque o portador de deficiência visual, que muitas vezes é ajudado nas ruas, é quem auxilia o visitante. “Porque ele está no ambiente dele e você está fora da sua zona de conforto. É um processo de empatia total, porque o visitante sente as necessidades do outro. É uma coisa mais palpável”, afirmou.

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Ele reforçou que não se trata de uma simulação de cegueira, porque essa é uma condição permanente. No caso da exposição, o público fica 45 minutos imerso nessa experiência. O objetivo é a mudança da sociedade.

Os visitantes são conduzidos por guias deficientes visuais através de salas totalmente escuras e especialmente construídas, em que cheiro, som, vento, temperatura e textura apresentam as características de ambientes cotidianos como parques, ruas, mercearias, cidades e cafés. Os visitantes aprendem a interagir sem a visão, usando seus outros sentidos. Foto: André Hof Nascimento/Divulgação – André Hof Nascimento/Divulgação

“É tornar as pessoas com deficiência visual e com deficiências em geral mais visíveis para a sociedade, mostrar que elas são produtivas, porque cada um de nós tem suas dificuldades. Ninguém é absolutamente perfeito e imune a dificuldades. Mas todas as dificuldades são superáveis. Esse é o objetivo. Mostrar um pouco da vida da pessoa com deficiência visual com esse contato. Porque os preconceitos são quebrados através da experiência, do encontro e do diálogo. Por isso, a gente tem o Diálogo no Escuro.” Ele salientou que nada substitui o carinho e a atenção das pessoas.

No Rio, a iniciativa é realizada em parceria pela Calina Projetos e o Museu Histórico Nacional e faz parte das comemorações de centenário do equipamento cultural.

O projeto foi criado na década de 1980 e já passou por 170 cidades de 47 países, abrangendo mais de 10 milhões de pessoas. No momento, ele está em mais de 30 localidades. A acessibilidade é outra questão que a instalação procura chamar a atenção.

“Acessibilidade é importante, mas a atenção da sociedade é essencial para que a vida deles [deficientes  visuais] seja mais facilitada”, opinou. Sustentou, a seguir, que o objetivo da exposição é mostrar que os portadores de deficiência visual não são totalmente dependentes e, também, não são super-homens. “São pessoas como todos nós, que temos pontos fortes e pontos negativos e sempre podemos melhorar”.

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Para o diretor substituto do MHN, Pedro Heringer, sediar mais uma vez a instalação Diálogo no Escuro, agora integrando as comemorações dos 100 anos do museu, reafirma o compromisso da instituição de “dar protagonismo a narrativas e histórias que, por acaso ou por convenção, acabaram marginalizadas”.

Guias

O papel de guias da exposição é desempenhado apenas por pessoas com deficiência visual. A psicóloga Carla Gomes da Rocha, 42 anos, que nasceu com deficiência visual congênita, é a guia master da mostra. Coube a ela fazer o treinamento dos demais guias, todos sem visão como ela. Eles vão conduzir os visitantes durante todo o percurso, no escuro.

“É muito gratificante transmitir segurança e confiança aos visitantes. Assim é o nosso dia a dia, pois, muitas vezes, dependemos dos outros para atravessar uma rua ou chegar a um determinado local”, observou Carla. Para ela, todo dia é uma aventura e um desafio para as pessoas cegas. Carla salientou ser comum as pessoas saírem da exposição modificadas, depois do trabalho de empatia, confiança e solidariedade.

Trabalho

Ainda é baixa, no Brasil, a inclusão de pessoas com deficiência visual no mercado de trabalho. De acordo com dados do Ministério do Trabalho, pessoas com deficiência visual ocupam apenas 1,07% das vagas formais, embora representem 6,7% da população.

Em julho de 1991, a legislação brasileira aprovou a Lei 8.213, mais conhecida como Lei de Cotas, em resposta às desiguais oportunidades de trabalho e socialização vivenciadas por pessoas com deficiência (PCDs). A lei determinou a obrigatoriedade de empresas com mais de 100 funcionários destinarem entre 2% a 5% de suas vagas para PCDs, de acordo com o número de empregados.

A deficiência visual é a mais comum deficiência entre os brasileiros, alcançando 3,4% da população, o que equivale a 6,5 milhões de pessoas. Em todo o mundo, o projeto Diálogo no Escuro empregou mais de oito mil pessoas com deficiência visual.

Fonte: EBC GERAL

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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