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Pesquisa traça perfil de moradores de Heliópolis e Paraisópolis
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Trabalhadores, negros, solteiros, nascidos em São Paulo, baixa renda e conectados. Essas são algumas das características de moradores de duas das maiores comunidades da capital paulista: Paraisópolis e Heliópolis. O perfil foi traçado por meio da pesquisa Instituto Favela Diz, realizada em julho deste ano.
O estudo, baseado em 400 entrevistas, revela dados sociodemográficos e apresenta informações sobre mercado de trabalho e consumo de produtos.
Nas duas comunidades, verificou-se uma concentração maior na faixa etária de 18 a 44 anos de idade, a qual representa mais de 60% dos entrevistados. A maioria dos participantes (57%) se declara solteiro, sendo que, em Paraisópolis, o percentual é de 59,3% e 55% em Heliópolis.
Sobre a origem, 53% disseram ter nascido em São Paulo, sendo 50,1% em Paraisópolis e 56% em Heliópolis. Em seguida, estão os estados da Bahia (14,6%), Pernambuco (9,4%) e Ceará (5,5%) como as principais localidades de nascimento.
Na divisão por classe social, 64,2% fazem parte da classe C e 32,3% da classe D/E. Em Heliópolis, há maior concentração de pessoas na classe C (73%). Já em Paraisópolis, a classe C alcança 55,6% da população e a classe D/E chega a 40%.
Dos moradores de Paraisópolis, 37% declaram ganhar entre R$ 900 e R$ 1,8 mil. Para quase 40% dos que vivem em Heliópolis, a renda vai de R$ 1,2 mil a R$ 2,5 mil. Na média das duas comunidades, 34,3% têm ensino médio completo ou superior incompleto.
A maioria se declarou pardo (48,8%) e 18,7% se declararam pretos (18,7%). Um quarto dos moradores (26%) se declarou como branco. Sobre as características do imóvel, 55,3% disseram ter casa própria e 37,3% moram de aluguel. Nas duas comunidades, cada residência tem aproximadamente de três a quatro pessoas.
Sobre a empregabilidade, 60,4% disseram trabalhar atualmente, sendo que 46,5% estão no regime CLT, com carteira assinada, e 27,6% são autônomos. Os que fazem bicos e trabalhos por acordos informais são 14% e 6,5% são microempreendedores individuais (MEI).
No âmbito da religião, as comunidades se dividem quase que igualmente entre católicos (32,6%) e evangélicos (36,2%). Pouco mais de 6% disseram ser espíritas e 18,9% informaram não ter religião.
Na média das comunidades, 83% dos entrevistados acessam a internet, 67% assistem TV aberta e o terceiro meio mais acessado é a TV a cabo. O WhatsApp é utilizado por mais de 93% dos moradores para se comunicarem. E 91,4% dos entrevistados possuem um smartphone.
Sobre o consumo de álcool, 53,9% disseram não fazer uso desse tipo de bebida. Entre os que bebem, 33,4% optam pela cerveja. Entre os alimentos mais consumidos, estão água (97,2%), pão (87,2%), café (78,6%) e leite (64%).
Na avaliação dos serviços públicos, água e esgoto, educação, transporte público, coleta de lixo e iniciativas dentro da comunidade são avaliados como ótimo ou bom. O item segurança pública é o que tem pior avaliação, com ruim ou péssimo.
O atendimento de emergência (Bombeiros e Samu) também é mal avaliado. A saúde e os serviços de infraestrutura, por sua vez, têm cerca de 50% de avaliações boas, mas o ruim e o péssimo também se destacam.
Edição: Fernando Fraga
Fonte: EBC Geral


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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