BRASIL
Turismo de aventura: associação defende fiscalização de prática segura
BRASIL
Setores econômicos que movimentam bilhões de dólares ao redor do mundo tendem a adotar normas mínimas de segurança para se preservar e seguir crescendo de forma sustentável. A regra se aplica, com propriedade, ao turismo de aventura, segmento da indústria turística caracterizado pela prática de atividades que envolvem algum grau de risco de acidentes.

No Brasil, logo nos primeiros anos da década de 2000, poder público, entidades esportivas e agentes turísticos se uniram para estabelecer regras que elevassem a qualidade e a segurança dos serviços associados não só ao segmento, mas a toda a cadeia relacionada ao turismo de natureza e esportivo.
“Na época, final da década de 1990 e início dos anos 2000, o turismo de aventura se popularizou e o número de acidentes começou a aumentar muito, inclusive com óbitos”, conta o atual coordenador de Natureza e Segmentos Especiais da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Leonardo Persi.
Administrador de empresas com especialização em ecoturismo, Persi participou ativamente do processo. Ex-secretário das comissões de estudo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ele integrou a delegação brasileira junto ao Comitê Técnico de Turismo e Serviços, da Organização Internacional de Normalização (ISO).
“Todo o setor se uniu. Com a participação de pessoas de renome de diversos segmentos esportivos, o Brasil passou a estabelecer requisitos mínimos de segurança para evitarmos que operadores de turismo que não tenham experiência com determinadas atividades comecem a ofertá-las, colocando em risco a segurança dos clientes e a dos próprios trabalhadores”, destaca Persi.
Segundo o coordenador da Embratur, autarquia responsável por promover os atrativos turísticos do Brasil no exterior, algumas das exigências de segurança elaboradas e implementadas com o aval da ABNT acabaram servindo de exemplo para regras de segurança depois adotadas pela ISO e que, hoje, estão em vigor em vários países.
“Isso significa que o Brasil está na vanguarda desta discussão há tempos. E que, paralelamente ao trabalho de promoção que é feito no exterior, o país vem executando uma série de ações importantes para atrair turistas de aventura e esportivos”, ressalta Persi ao tratar dos planos da Embratur para tentar aumentar a captação de clientes estrangeiros, incluindo os turistas de aventura e esportivos. Para tanto, a autarquia cogita inclusive se valer da imagem dos atletas profissionais brasileiros de destaque no exterior e outros formadores de opinião.
“Mas não basta termos o nome de grandes atletas brasileiros para atrairmos turistas estrangeiros se, ao chegarem ao Brasil, eles não encontrarem uma estrutura minimamente adequada para recebê-los. É preciso oferecer serviços de qualidade e seguros”, acrescenta Persi.
Informalidade
Criada em 2002 para orientar viajantes e profissionais a adotarem práticas seguras, a Associação Férias Vivas alerta que, apesar da existência de normas de segurança que todo o setor (de agências a hotéis, passando por guias e instrutores) deve cumprir, “no Brasil, a falta de fiscalização ainda deixa o turista correr riscos desnecessários, permitindo que muitos estabelecimentos operem sem sequer saber que há regras mínimas obrigatórias de segurança”.
Em sua página na internet, a organização elenca mais de 3.960 acidentes relacionados a atividades turísticas em geral (não só nos segmentos de aventura, esportivo ou de natureza), registrados entre 2002 e 2020. “Algumas situações chamam a atenção pela recorrência. Temos resultados estarrecedores: 49% dos casos envolveram algum grau de imperícia do profissional contratado, enquanto 70% dos acidentes ocorreram por negligência do prestador de serviço. O descaso com equipamentos de proteção também é grande, principalmente se considerarmos as falhas no uso (57%) e a ausência de equipamentos de proteção (77%). Alarmantes 93% dos acidentes ocorreram em lugares sem qualquer sinalização de risco.”
Para ajudar a reverter este quadro, em 2022, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lançou um programa de custeio de parte do investimento necessário para que empreendedores que oferecem atividades ligadas ao turismo de aventura e ao ecoturismo implementem em seus negócios um sistema de gestão da segurança, exigido por lei, e pleiteiem uma certificação internacional.
“Precisamos que os negócios brasileiros implantem o sistema de gestão de segurança e que se certifiquem”, observa a coordenadora de Turismo do Sebrae, Ana Clevia Guerreiro. Segundo ela, por meio do Programa Aventura Natural, o Sebrae subsidia até 70% do investimento necessário para que pequenos negócios implementem seus sistemas de gestão. A certificação internacional não é obrigatória, mas, segundo Ana Clevia, é um importante diferencial de negócios, pois atesta o compromisso da empresa com a segurança de seus clientes.
“O Brasil não pode parar de se promover no exterior, mas também precisamos fazer o trabalho de casa. A implantação do sistema de gestão de segurança e a certificação qualificam os serviços prestados aos turistas, sejam brasileiros, sejam estrangeiros”, completou Ana.
Para participar do programa, é preciso que o negócio esteja formalizado como microempreendedor individual (MEI), microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) e devidamente registrado no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo. A iniciativa prevê um diagnóstico inicial, a implementação das normas de segurança e a preparação para a auditagem da ABNT Certificadora. Para mais detalhes sobre o programa, basta procurar uma unidade do Sebrae.
Fonte: EBC GERAL
BRASIL
Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
-
MATO GROSSO6 dias atrásEm júri popular, movimentos sociais condenam empresas por danos à Amazônia e seus povos
-
MATO GROSSO6 dias atrásCONCEEL-EMT participa de evento que discute o futuro da energia no Brasil
-
MATO GROSSO6 dias atrásCampeonato de kickboxing 100% profissional reúne 14 lutas e disputa de cinturão no Palácio das Artes Marciais
-
MATO GROSSO6 dias atrásAssembleia Legislativa homenageia Intermat pelos 50 anos e SINTAP-MT destaca legado dos servidores na construção fundiária do Estado
-
ARTIGOS6 dias atrásNova técnica de biópsia de próstata oferece mais segurança e precisão