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Guardiões da Justiça em tempos de transformação

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Por Dauto Passare

O Dia do Advogado, celebrado em 11 de agosto, é mais que uma data comemorativa: é um marco para refletirmos sobre o papel essencial da advocacia na preservação e no fortalecimento do Estado Democrático de Direito no Brasil.

A origem dessa celebração remonta a 1827, quando Dom Pedro I sancionou a lei que criou os primeiros cursos jurídicos em São Paulo e Olinda. Foi o passo decisivo para que o país deixasse de depender da Universidade de Coimbra e formasse, em solo nacional, os profissionais responsáveis por edificar nossa autonomia jurídica e intelectual.

Desde então, a advocacia brasileira esteve presente nos momentos decisivos da história: das lutas abolicionistas e republicanas ao combate a regimes autoritários, passando pela construção da Constituição de 1988, que consagrou o advogado como indispensável à administração da justiça.

Ao longo de quase dois séculos, a classe se consolidou como guardiã das liberdades e fiadora do pacto democrático. Mesmo nos períodos mais sombrios, muitos advogados não hesitaram em arriscar a própria segurança para defender direitos humanos, garantias constitucionais e a dignidade da pessoa humana.

Hoje, a revolução tecnológica, acelerada pela pandemia, impôs à advocacia novas competências: lidar com o processo judicial eletrônico, dominar ferramentas digitais, compreender o impacto da inteligência artificial e manter-se competitivo em um mercado que já soma mais de 1,3 milhão de advogados no país.

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A realidade é clara: especialização deixou de ser diferencial e tornou-se exigência. Áreas emergentes como direito digital, proteção de dados, compliance, arbitragem e mediação abrem espaço para novas oportunidades, enquanto campos tradicionais — tributário, trabalhista, previdenciário — se transformam com mudanças legislativas constantes. A atualização permanente é, portanto, obrigação ética e profissional.

Mas, se por um lado o futuro exige técnica e inovação, por outro reafirma a necessidade de valores sólidos. A advocacia não pode se render à lógica imediatista ou à pressão de interesses que distorçam sua missão. Cabe a nós manter a independência intelectual, agir com integridade e colocar a justiça acima de conveniências momentâneas.

Também é hora de ampliar a responsabilidade social. A advocacia precisa estar comprometida com causas coletivas: ampliar o acesso à justiça, combater a corrupção, proteger o meio ambiente, defender direitos fundamentais. Isso se traduz em atuação pro bono, engajamento em iniciativas públicas e colaboração ativa na construção de políticas jurídicas e sociais mais justas.

O modelo tradicional de escritório, centrado apenas no contencioso, está sendo desafiado por lawtechs, escritórios virtuais e soluções colaborativas. O advogado empreendedor, capaz de unir técnica, visão de negócio e habilidade de relacionamento, ganha espaço. Mais do que litigar, é preciso orientar, prevenir conflitos e oferecer soluções inteligentes e personalizadas.

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O Dia do Advogado, portanto, não é apenas celebração do passado, mas compromisso com o futuro. A profissão está diante de uma encruzilhada histórica: ou assumimos o protagonismo que nos cabe, renovando nossa atuação sem abandonar os fundamentos éticos e jurídicos que nos sustentam, ou assistiremos a um esvaziamento gradual do papel que conquistamos ao longo de quase dois séculos.

A advocacia brasileira dispõe de capital intelectual, tradição e força moral para seguir como guardiã da democracia e promotora da justiça. É hora de cada profissional, individualmente, e da classe, coletivamente, reafirmar esse compromisso.

Que 11 de agosto seja, todos os anos, lembrança viva de que nossa missão vai além da defesa técnica: é um voto permanente de lealdade à liberdade, à justiça e à dignidade humana.

“O advogado é indispensável à administração da justiça” não é apenas um preceito constitucional. É a essência da nossa vocação e o farol que deve orientar cada passo que damos em defesa de um Brasil mais justo e democrático.

DAUTO PASSARE é advogado e professor universitário

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Mais de 17,6 mil pessoas com deficiência comandam negócios próprios em Mato Grosso

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Cerca de 17,6 mil pessoas com deficiência (PCD) têm o próprio negócio em Mato Grosso, segundo pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT). O levantamento, realizado neste ano, mostra que esses empreendedores representam 3,6% do total de empresários mato-grossenses, com predominância de pessoas com limitações motora (36,7%), visual (34%) e auditiva (29,3%).

O estudo aponta que os empreendedores PCD apresentam elevado nível de escolaridade: 46,9% concluíram o ensino médio e 38,1% têm ensino superior ­- índice superior à média estadual. A faixa etária predominante está entre 35 e 44 anos (39,5%), seguida por 45 a 54 (22,4%). O grupo é formado majoritariamente por homens (57%). No recorte racial, há equilíbrio entre pardos (36,7%) e brancos (34%), seguidos por pretos (19%).

A maioria é casada (57,1%) e tem filhos (91,2%), o que reforça a importância da renda do próprio negócio para a estrutura familiar.

No campo econômico, os empresários com algum tipo de limitação atuam em diversos setores. O comércio concentra 31,3% dos negócios, seguido por serviços (25,2%), indústria (21,8%) e tecnologia (14,3%). Moda (17,7%), cosméticos (15%) e alimentação (14,3%) estão entre os principais segmentos.

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A formalização é alta: 85,7% possuem CNPJ, sendo a maioria registrada como microempresa (48,4%) ou empresa de pequeno porte (32,5%). Além disso, 70% atuam há mais de três anos e quase metade emprega de dois a cinco colaboradores, o que demonstra maturidade e estrutura consolidada.

Dificuldades

As motivações que levam pessoas com deficiência a empreender mesclam necessidade e realização pessoal. Para 40,8%, a decisão está ligada à necessidade financeira, enquanto 34% enxergam oportunidades de mercado e 32% buscam autonomia. A frustração com o mercado de trabalho tradicional (23,1%) e o desejo de realizar um sonho (15%) também aparecem com destaque.

As mulheres tendem a empreender mais por necessidade (54%), enquanto os homens se movem principalmente pela percepção de oportunidade (48,8%).

Na jornada empreendedora, os desafios enfrentados são múltiplas e revelam tanto desafios estruturais quanto específicos. Burocracia (44%), concorrência acirrada (39%) e falta de capital inicial (33%) estão entre as principais dificuldades. Além disso, 21% relataram barreiras diretamente ligadas à deficiência, como acessibilidade e preconceito, e 22% mencionaram dificuldades para equilibrar a vida pessoal e profissional.

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Entre as mulheres, questões de gênero e maternidade ganham relevância, enquanto os homens apontam custos e juros elevados como maiores obstáculos.

“O Sebrae apoia todos os empreendedores, porque acredita que o empreendedorismo é um caminho de inclusão e autonomia para todas as pessoas, independentemente de suas condições. Quando um empreendedor PCD empreende, ela inspira e transforma o seu entorno”, afirma Liliane Moreira, analista técnica do Sebrae/MT. “A inclusão produtiva das pessoas com deficiência é uma questão de equidade e também de fortalecimento da economia, pois amplia talentos, gera inovação e promove uma sociedade mais justa”.

Dados da pesquisa

O levantamento foi realizado entre 3 e 31 de janeiro de 2025, por meio de entrevistas telefônicas, com 147 empreendedores (formais e informais) que possuam alguma deficiência no estado de Mato Grosso. O estudo apresenta uma taxa de confiança de 95% e margem de erro de 4%.

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