MUNDO
Países da América Latina e do Caribe discutem desafios da Agenda 2030
MUNDO
A quinta reunião do Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre Desenvolvimento Sustentável, que começou na manhã desta segunda-feira (7), em San José, na Costa Rica, discute até quarta-feira (9) os avanços e desafios na implementação da Agenda 2030. No encontro, deverão ser propostas ações concretas para defender grupos vulneráveis e melhorar a qualidade de vida de homens, mulheres e crianças da região.
Participaram a abertura do fórum, organizado pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), o presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, cujo país exerce a presidência pro tempore (temporária) da Cepal, a vice-secretária-geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, e a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena.
Alicia Bárcena falou sobre a pandemia de covid-19 que, somada a conflitos bélicos e ao aumento da desigualdade, não é um quadro alentador. “Observar o calendário de revoltas sociais que nossa região viveu são sinais evidentes de que o que realmente é insustentável é um status quo de privilégios e desigualdes”, afirmou a representante da Cepal.
Ela disse que é urgente e necessário escutar as vozes da sociedade civil. “Nossa região foi a mais abalada do mundo em desenvolvimento, com impactos muito profundos. Com apenas 8,4% da população mundial, temos cerca de 31% da mortalidade global. As diferenças no direito à saúde se aprofundaram, assim como na concentração da renda e no acesso aos bens públicos.”
A secretária executiva da Cepal chamou a atenção para o aumento nas assimetrias globais entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. “O acesso a vacinas foi uma das mais ferozes tendências nacionalistas que vimos no mundo de hoje. A região se viu muito afetada por protecionismos de medicamentos e equipamentos”, disse Alicia, ressaltando a importância do multilateralismo na América Latina e no Caribe.
Amina Mohammed reforçou que esta região foi a mais fortemente atingida pela pandemia de covid-19. “Três em cada cinco crianças perderam um ano de aula durante a pandemia. A alta informalidade, a baixa produtividade e o desemprego atingiram com severas consequências mulheres e jovens”, ponderou.
O presidente costa-riquenho disse que só há uma saída: a paz. Para Carlos Alvarado, o maior valor está na capacidade de falar, conversar e encontrar soluções para o mundo. “Hoje o mundo é interdependente, não há uma única sociedade que possa avançar sozinha. Não podemos avançar sem vacinas, sem saúde. Não avançaremos até que todo mundo esteja vacinado”, afirmou.
Participarão dos três dias de discussões altos representantes dos governos dos 33 países da região, de agências, fundos e programas do sistema das Nações Unidas, de instituições financeiras internacionais e bancos de desenvolvimento, de organismos de integração regional e sub-regional e da sociedade civil, além de parlamentares, acadêmicos e líderes do setor privado, tanto dos países da América Latina e do Caribe quanto de outras regiões.
A quinta reunião do fórum terá também cinco mesas temáticas que abordarão temas como o desenvolvimento em transição e a urgência de avançar para uma renovada cooperação internacional para o desenvolvimento; o monitoramento estatístico, quantitativo e territorial dos objetivos de desenvolvimento sustentável; os desastres naturais e a assimetria da mudança climática no Caribe; a conservação e o uso sustentável da biodiversidade para uma recuperação sustentável; e a educação e igualdade de gênero como direito humano central para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Edição: Nádia Franco


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
-
Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
-
Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
-
Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
-
Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
-
Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
-
Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
-
Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
-
Perda de mercado para concorrentes de outros países.
-
Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
-
Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
-
Carnes bovina, suína e de frango
-
Café
-
Suco de laranja
-
Soja e derivados
-
Minério de ferro e aço
-
Aeronaves e peças da Embraer
-
Cosméticos e produtos farmacêuticos
-
Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.