MUNDO
Um em cada três menores de dois anos está desnutrido em Gaza, diz ONU
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Uma em cada três crianças com menos de dois anos no norte de Gaza sofre de grave desnutrição e a fome é iminente, disse neste sábado (16) principal agência da ONU que opera no enclave palestino.
“A subnutrição infantil está se espalhando rapidamente e está prestes a atingir níveis sem precedentes em Gaza”, afirmou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) em publicação feita nas redes sociais.
Mais de cinco meses após o início da campanha aérea e terrestre de Israel em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, grande parte do local está em ruínas, com a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes deslocados e enfrentando uma grande crise humanitária.
Hospitais em Gaza relataram que algumas crianças morreram de desnutrição e desidratação.
É esperado que o órgão de vigilância internacional da insegurança alimentar, o IPC, apresente em breve um relatório sobre a extensão da crise de fome em Gaza, depois de ter dito em dezembro que havia um risco de fome até maio.
Para que o IPC declare situação de fome, pelo menos 20% da população deve estar sofrendo de escassez alimentar extrema, com uma em cada três crianças desnutridas e duas pessoas em cada 10 mil morrendo por dia de fome ou desnutrição e doença.
Os países ocidentais apelaram a Israel para que faça mais para permitir a entrada de ajuda, com a ONU dizendo que enfrenta “obstáculos pesados”, incluindo o fechamento de passagens, verificações onerosas, restrições à circulação e agitação dentro de Gaza.
Israel afirma que não está impondo limites à ajuda humanitária aos civis em Gaza e atribui a lentidão na prestação de ajuda à incapacidade ou ineficiência das agências da ONU.
As ajudas por via aérea e marítima a Gaza já começaram, mas as agências humanitárias dizem que não substituem o transporte de suprimentos por terra.
Uma primeira entrega em Gaza pela World Central Kitchen, pioneira numa nova rota marítima através de Chipre, chegou na quinta-feira e foi descarregada, disse a instituição de ajuda humanitária.
Israel acusou a UNRWA de cumplicidade com o Hamas, dizendo que alguns membros da agência participaram no ataque de 7 de outubro, apelando para seu desmantelamento. Diversos doadores relevantes suspenderam o financiamento devido às alegações.
A UNRWA nega cumplicidade com o Hamas e disse em fevereiro que tinha dispensado 12 dos seus 13 mil funcionários em Gaza pouco depois de Israel ter os acusado de envolvimento. O órgão de supervisão da ONU e a própria UNRWA iniciaram investigações que ainda não foram divulgadas.
O chefe humanitário da União Europeia, Janez Lenarcic, disse na quinta-feira que ainda não viu nenhuma evidência de Israel que sustente as acusações.
Fonte: EBC Internacional


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.