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Debatedores criticam obstáculos para acolhimento de migrantes no Brasil

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POLITÍCA NACIONAL

Debatedores ouvidos nesta terça-feira (31) pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados reclamaram do excesso de burocracia no acolhimento de refugiados e migrantes que chegam ao Brasil em situação de vulnerabilidade.

Durante a audiência, eles apresentaram um roteiro de dificuldades encontradas por essas pessoas, como entraves ao acesso a cargos públicos, atraso na emissão de vistos humanitários e burocracia para se reunir com familiares que estão no País.

Para a coordenadora-geral de Promoção dos Direitos de Migrantes, Refugiados e Apátridas do Ministério dos Direitos Humanos, Clarissa Teixeira, o Brasil avançou ao passar do Estatuto do Estrangeiro para a Lei de Migração, mas ainda é preciso implementar políticas sociais de continuidade, como as que garantam a saúde da mulher migrante e oportunidades de trabalho.

“Precisamos virar a chave e parar de tratar a migração pela lógica emergencial, como algo que requer um atendimento que vai se encerrar no tempo, como uma calamidade. Precisamos avançar com o acesso às políticas públicas, mas sobretudo com a permanência, com políticas de continuidade. Olhar para o migrante como um patrimônio cultural e histórico, e não como um problema”, disse.

Teixeira reforçou que a migração é um direito que não pode ser criminalizado, ou seja, não se pode falar em migrantes ilegais, e sim em pessoas que estão em uma situação administrativa irregular no País.

Renato Araújo/Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Desafios da regularização migratória e o acesso à direitos pela população migrante no Brasil. Dep. Erika Hilton(PSOL - SP)
Erika Hilton: acolhimento de migrantes é trabalho multidisciplinar que precisa envolver muitos agentes públicos

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Nova política migratória
Reconhecendo os obstáculos encontrados por grande parte dos migrantes, o coordenador-geral de Política Migratória do Ministério da Justiça, Paulo Illes, explicou que o Brasil passa por um período de redefinição de sua política migratória.

“Temos a oportunidade de passar de uma política que é muito voltada ao controle migratório para uma política de inclusão de fato das pessoas migrantes, em que eles sejam protagonistas”, disse. Ele acrescentou que neste ano foram aceitas 8,5 mil naturalizações, contra 3,4 mil naturalizações deferidas no ano passado.

Illes informou que o ministro da Justiça, Flávio Dino, criou um grupo de trabalho responsável por elaborar a nova política migratória brasileira com ênfase na “gestão compartilhada das migrações com participação dos entes federados e da sociedade civil”. Nesse esforço, foram ouvidas mais de 200 organizações da sociedade civil, na maioria de migrantes.

Atraso em vistos humanitários
A representante da ONG Missão Paz, Letícia Carvalho, falou do atraso da emissão de vistos humanitários para pessoas em vulnerabilidade econômica. Ela também citou os embargos à concessão dos vistos de reunião e o caso de imigrantes africanos que procuram se reunir com familiares no Brasil, mas tem o pedido de visto negado pelas representações diplomáticas brasileiras, com a justificativa de que os documentos oferecidos são insuficientes ou, até mesmo, sem apresentar justificativas para o indeferimento.

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Serviço público
Defensora pública do estado de São Paulo, Amanda Pilon Barsoumian reclamou da exclusão dos imigrantes de cargos do serviço público, ainda que tenham seus diplomas reconhecidos por instituições brasileiras e sejam aprovados em concurso público.

Ela observou que não há legislação que proíba o acesso de imigrantes a esses cargos, mas que é necessário regulamentar o tema. “Nós entendemos que essas limitações legais constituem violação ao direito fundamental da isonomia e especificamente à Lei de Migrações, que prevê como diretrizes da política migratória a inclusão social, laboral e produtiva do imigrante por meio de políticas públicas.”

Barsoumian mencionou lei municipal de São Paulo que permite o acesso de imigrantes aos cargos e empregos públicos desde 2002. Segundo ela, em setembro deste ano, estavam empregados na administração direta do município 90 imigrantes (71 efetivos, 16 comissionados e 3 temporários).

Interministerial
Para a deputada Erika Hilton (Psol-SP), o trabalho de acolhimento dos migrantes e refugiados deve consistir em esforço conjunto de diversos ministérios, da iniciativa privada e da sociedade civil.

“É um trabalho multidisciplinar que precisa envolver muitos agentes públicos para minimizar essas violações de direitos ou negação de acesso a esses direitos básicos”, frisou a parlamentar, que é autora do requerimento para a realização da audiência.

Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Geórgia Moraes

Fonte: Câmara dos Deputados

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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