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Educação antirracista exige mudança completa do sistema de ensino, afirmam especialistas

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Após 20 anos da vigência da lei que obriga as escolas a ensinar história e cultura africanas e indígenas, a educação brasileira continua fundamentalmente voltada a valores europeus, sustentaram participantes de debate na Câmara. Para os especialistas, construir uma educação antirracista requer a reformulação completa dos sistemas de ensino, que passa pela formação dos profissionais da educação.

Segundo o professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro Amilcar Araújo Pereira, a construção do sistema educacional, na primeira República, utilizava a perspectiva europeia com o objetivo de “embranquecer a população”. E, conforme Amilcar Pereira, essa concepção não ficou no passado: continua em vigor nas escolas e universidades brasileiras.

“Na Europa, em geral, na Inglaterra, na França e na Espanha, pelo menos, que são os casos que eu estou estudando mais de perto, se estuda menos história europeia do que no Brasil. Na UFRJ, nas universidades brasileiras em geral, se dedica muito mais espaço curricular a estudar a história da Europa que os próprios europeus fazem, numa população majoritariamente negra”, afirma.

Coordenador-geral de Promoção da Cidadania e Combate ao Racismo do Ministério dos Povos Indígenas, André Baniwa ressaltou que, com relação aos povos indígenas, a prática oficial foi de negar a existência dessa população. Segundo disse, o Estado “pretendia, por muitos métodos, que um dia não houvesse mais indígenas no país”.

Povos indígenas
Para Baniwa, uma forma de reparação à população indígena por essa trajetória de violência seria contar essa história da maneira como ela realmente aconteceu. Para isso, segundo ele, é preciso ter coragem do poder público.

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“Isso é consciência; para a gente não repetir e construir o futuro, isso é fundamental. Há registros históricos para fundamentar o que aconteceu com os povos indígenas, a violência – muitas etnias foram dizimadas, as línguas também -, porque havia gente afirmando que nós não tínhamos alma, então, podia-se fazer qualquer coisa com os povos indígenas. Então, não era violência, então não era crime, então não era pecado. Eu chamo atenção para que esses materiais didáticos sejam corajosos para deixar isso muito claro”, ressalta.

Uma reivindicação dos indígenas, conforme André Baniwa, é a criação de um sistema nacional de educação dos povos indígenas.

A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), inclusive, relatou ter estudado em uma escola indígena, onde, segundo disse, teve “a grande felicidade” de nunca ouvir dizer que quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares Cabral. A deputada informou que está preparando um projeto de lei para proibir que as escolas ensinem essa versão da história brasileira.

A professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo Iracema Santos do Nascimento relatou que a maioria dos professores da educação básica que ela orienta na pós-graduação não teve nenhuma formação sobre cultura africana ou indígena. Ela ressalta, porém, que a formação dos profissionais da educação é importante, mas representa somente o primeiro passo na construção de uma escola antirracista.

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“A educação antirracista, para ser efetiva, implica uma mudança radical na escola, nas relações, nos comportamentos. Ela exige uma nova ética dentro da escola, nos materiais, no projeto político-pedagógico, na formação dos profissionais e dos familiares também”, aponta.

Na concepção da deputada Professora Luciene Cavalcante (Psol-SP), a construção de uma sociedade democrática e menos violenta só será possível com uma educação antirracista. Professora Luciene Cavalcante foi quem pediu o debate, realizado na Comissão de Educação.

“Não dá mais para a gente continuar assassinando a grande maioria da nossa juventude e normalizando isso. Por que não há uma revolta com relação a tanta injustiça e a tanto racismo e exclusão, um País tão rico e ao mesmo tempo com milhares de pessoas passando fome? Porque isso nos foi ensinado por uma elite. Isso é possível quando eu tiro a humanidade das pessoas. Porque, se eu compreendo o outro como humano igual a mim, eu não fico passivo diante de uma violência ele está sofrendo”, afirmou.

Na opinião da deputada, a escola é o espaço privilegiado para promover essa mudança de mentalidade por constituir o local de conformação do modo como as pessoas interagem com o mundo.

Reportagem – Maria Neves
Edição – Ana Chalub

Fonte: Câmara dos Deputados

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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