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POLITÍCA NACIONAL

Ministro defende orçamento maior para ciência e tecnologia e correção do valor de bolsas de pesquisa

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POLITÍCA NACIONAL

Elaine Menke/Câmara dos Deputados
Planejamento do MCTI para o ano de 2022. Dep. Milton Coelho PSB-PE; Paulo Alvim - Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação
Deputado Milton Coelho (E) e o ministro Paulo Alvim, durante audiência pública

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, defendeu que sejam destinados mais recursos orçamentários para o setor, em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (25).

“Ao olhar recursos orçamentários do ministério, a gente vem tendo uma queda. Não quero me abdicar de defender que precisamos de mais recursos na área de ciência e tecnologia. Temos conseguido executar com plenitude todo recurso que é disponibilizado. No ano passado, 99% do que foi alocado foi integralmente investido”, disse.

Segundo ele, mesmo com a queda no orçamento, o ministério conseguiu manter a integridade dos recursos para pesquisadores e não cortou bolsas. Mas restariam os desafios de aumentar o número de bolsas e da correção dos valores atuais das bolsas. Hoje, conforme ele, são formados 50 mil mestres e 25 mil doutores por ano.

“Se não tivermos uma ação rápida, o ano que vem a bolsa de mestrado será inferior a alguns salários mínimos regionais. País nenhum pode ter essa prática de valorização de seus pesquisadores que não venham com esse reconhecimento. Isso é algo que precisamos construir juntos, não depende só do Ministério de Ciência e Tecnologia, depende de outros ministérios, depende desta Casa na PLOA [Projeto de Lei Orçamentária Anual]”, afirmou.

O ministro acrescentou que os cientistas brasileiros estão envelhecendo e pediu apoio dos parlamentares na defesa do lançamento de concursos públicos para as instituições de pesquisa – incluindo universidades e institutos de ciência e tecnologia.

Paulo Alvim lamentou ainda contingenciamentos nos recursos para a área feitos em anos anteriores e elogiou a aprovação pelo Congresso Nacional de lei que proíbe que recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) sejam bloqueados no Orçamento da União (Lei Complementar 177/21).

De acordo com o ministro, 62% dos recursos não reembolsáveis para o setor previstos para deste ano serão destinados ao FNDCT. Com a proibição do contingenciamento, a expectativa é de que os recursos do fundo saltem de R$ 1,1 bilhão em 2021 para R$ 4,5 bilhão neste ano. Até este momento, R$ 2,1 bilhão já foram investidos.

Elaine Menke/Câmara dos Deputados
Planejamento do MCTI para o ano de 2022. Dep. Merlong Solano PT - PI
Os deputados Nilto Tatto (E) e Solano criticaram a política de C&T do governo

Cortes orçamentários
Deputados da oposição ressaltaram que é o próprio governo integrado por Paulo Alvim que não faz os investimentos em ciência e tecnologia. Merlong Solano (PT-PI) criticou os cortes orçamentários sistemáticos feitos pelo governo Bolsonaro na área e afirmou que, na prática, não há estímulos concretos para os pontos defendidos pelo ministro, como atrair novos pesquisadores e aumentar as bolsas.

“Por exemplo, as despesas discricionárias em ciência, tecnologia e inovação, que chegaram a 0,09% do PIB em 2002 (R$ 1,3 bilhão), cresceram pouco, mas chegaram 0,13% do PIB em 2013 (R$ 6,9 bi), e voltaram a cair para menos da metade do que foi em 2002: 0,04% do PIB no ano de 2021”, apontou.

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Já o deputado Nilto Tatto (PT-SP) disse que a política para o setor deveria ser do Estado e que o Parlamento tem feito sua parte. Ele lembrou, por exemplo, que o presidente Jair Bolsonaro vetou pontos da lei que proibiu o contingenciamento dos recursos do FNDTC e que o Congresso derrubou o veto. Além disso, afirmou que o governo Bolsonaro é negacionista, desacreditando a ciência.

“Eu sou ministro do governo Bolsonaro e eu não sou negacionista, tenho uma história que prova isso. A gente acredita, no governo Bolsonaro, que a ciência faz parte da solução, sou do grupo que acredita nisso, e somos muitos”, respondeu Alvim.

Urnas eletrônicas
Questionado pelo deputado Gustavo Fruet (PDT-PR) sobre urnas eletrônicas, o ministro afirmou: “O hardware tem muitas garantias e tem evoluído. Eu não posso falar a mesma coisa do software”. Na visão dele, o processo de votação por urnas eletrônicas pode ter interferência humana.

Semicondutores
A vinda do ministro foi sugerida pelo presidente da comissão, deputado Milton Coelho (PSB-PE). O parlamentar citou uma série de retrocessos recentes no setor. Ele destacou que o País voltou a apresentar crescimento nos índices de analfabetismo e que cada vez mais cientistas brasileiros estão indo para outros países. “Na era digital temos 40 milhões aproximadamente de brasileiros sem acesso à internet. Vejam como estamos numa perigosa linha de regressão e paralização”, avaliou.

Milton Coelho citou ainda levantamento recente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), mostrando que 78% das fábricas do Brasil apresentaram no mês passado problemas para se abastecer de semicondutores. E criticou a decisão do governo de encerrar as atividades do Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica), empresa que desenvolvia semicondutores de silício – os chamados chips. A liquidação do Ceitec, iniciada em 2020, está paralisada desde setembro de 2021 por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).

O presidente da comissão criticou ainda a transferência da política do setor de semicondutores do Ministério da Ciência e Tecnologia para o Ministério da Economia. “O Paulo Guedes vai acabar com o Brasil, está destruindo todas as políticas estruturadas nacionais. Pode-se discutir de que forma o modelo que o Ceitec vai produzir semicondutores no Brasil, mas não sob o tacão do Paulo Guedes, que comete o tempo inteiro atos de lesa pátria”, opinou.

Erros
O ministro disse que a capacidade produtiva seria preservada com a liquidação da Ceitec, e a organização social que assumiria a empresa daria continuidade à política pública para os semicondutores. Mas reconheceu como estratégica a indústria de semicondutores e como erro a desmobilização dela.

“Sem entrar em análise de mérito, pois aí eu me posicionaria mais como engenheiro do que como ministro, o mundo fez algumas escolhas de processo que não foram erros cometidos apenas por este País, vários países cometeram e desmobilizaram suas indústrias de semicondutores”, avaliou. “Nós ainda temos um universo de 14 indústrias que atuam num nicho e que precisam ser fortalecidas, valorizadas e ter uma estratégia de atração de novos players. O Ministério de Ciência e Tecnologia, junto com o Ministério da Economia, já vem trabalhando nisto há bastante tempo”, completou.

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Paulo Alvim informou que está sendo construída e será enviada à Casa proposta de política para a indústria de semicondutores e disse que o ministério defende que isso seja feito por medida provisória, pela urgência do tema.

Elaine Menke/Câmara dos Deputados
Planejamento do MCTI para o ano de 2022. Dep. Vinicius Poit NOVO-SP
O deputado Vinicius Poit elogiou a “atuação técnica” do ministro Alvim

Startups
Além de mais recursos públicos, o ministro defendeu mais recursos privados na área de ciência e tecnologia. Ele disse que 80% da pesquisa em ciência e tecnologia no País é feita nas universidades e defendeu modelos híbridos que permitam trazer recursos privados para as universidades, ressaltando que isso é diferente de privatização.

Alvim elogiou ainda a aprovação pelo Congresso do marco legal das startups e informou que o governo está com chamada pública aberta neste momento para startups no valor de R$ 80 milhões, para apoio a projetos de inovação em inteligência artificial.

Relator do marco legal na Câmara, Vinicius Poit (Novo-SP) elogiou a atuação técnica do ministro e questionou como garantir a implantação de startups em todo o território. O ministro afirmou que isso já está acontecendo e que o número de startups tem aumentado. O governo, informou, promove diálogo com governos municipais, mas seria um “trabalho de formiguinha”.

O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), por sua vez, criticou o presidente da comissão por expor parecer sobre o governo. E defendeu a atuação do governo na área de ciência e tecnologia, em especial em relação à implantação de internet na região amazônica. “O governo Bolsonaro está implantando em milhares de escolas a tecnologia para as crianças, os pais das crianças e as comunidades se comunicarem”, disse.

Base de Alcântara
Os deputados Angela Amin (PP-SC) e Bira do Pindaré (PSB-MA), por sua vez, questionaram o ministro em relação ao respeito às comunidades quilombolas ameaçadas de expulsão com a implantação da Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.  “Temos uma preocupação enorme com as comunidades historicamente excluídas, atingidas, alijadas de todo o processo de organização desta base no município de Alcântara, que é um território quilombola”, afirmou Bira do Pindaré. Ele defendeu a garantia de auxílio financeiro para garantir a subsistência às comunidades quando houver períodos de lançamento de foguetes.

O ministro garantiu que o governo respeita e vai respeitar as comunidades quilombolas, que não serão expulsas. Ele disse que as comunidades têm sido ouvidas e que as demandas trazidas pelas lideranças têm sido atendidas. “Por exemplo, hoje os sítios quilombolas têm acesso à internet”, citou.

Alvim informou ainda que o governo encaminhará ao Congresso Nacional em breve um  projeto de lei geral do espaço, para regulamentar o setor.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Roberto Seabra

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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