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Pesquisadores criticam “apagão de dados” sobre saúde mental no País

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Billy Boss/Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Políticas públicas para saúde mental. Lúcio Costa - PESQUISADOR DA DESINSTITUINTE COMENTARISTAS
Lúcio Costa: menos CAPs foram implantados nos últimos quatro anos

Pesquisadores ouvidos nesta quinta-feira (7) pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados apontaram um “apagão de dados” sobre a situação da saúde mental no País.

“Os dados consolidados mais recentes e publicados sobre saúde mental datam de 2015, o Saúde Mental em Dados [relatório publicado pelo Ministério da Saúde]”, afirmou Luciana Barrancos, do Instituto Cactus. Segundo ela, além de dados, faltam monitoramento e avaliação dos serviços prestados, transparência no uso de recursos públicos e incentivo a pesquisas no setor.

“De 2002 a 2020 foram financiados 6.500 projetos de pesquisa em saúde, totalizando R$ 1,4 bilhão, mas em saúde mental especificamente foram apenas 249 projetos, ao custo de cerca de R$ 27 milhões — menos do que 2% do total da pesquisa em saúde”, observou.

Pesquisador da organização Desinstitute, que atua pelo cuidado da saúde mental em liberdade, Lúcio Costa disse que, com a ausência do Ministério da Saúde, a instituição decidiu montar um painel com dados dos últimos 20 anos.

“É importante notar que os últimos quatro anos compõem o período com menos Caps [Centros de Atenção Psicossocial] implantados pelo governo federal desde 2004”, informou.

Os CAPs são serviços públicos de atendimento para pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental, incluindo dependentes químicos de álcool e outras drogas.

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Costa lamentou ainda a suspensão, pelo governo federal, do Programa Nacional de Avaliação das Instituições Psiquiátricas no Brasil. “Isso significa que o Ministério da Saúde desconhece a realidade das instituições psiquiátricas que ele decide financiar”, completou.

Assim como outros debatedores, ele criticou a decisão do governo de priorizar investimentos em hospitais psiquiátricos e em comunidades terapêuticas em prejuízo dos Caps.

Falta de transparência
Presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental, Leonardo Pinho disse que a falta de informações compromete a racionalidade dos investimentos no setor. “Não podemos nos dar o luxo de pegar dinheiro público para passar para instituições privadas que operam sem nenhum critério. O que manda na destinação desses recursos é o lobby, é o interesse político e privado baseado no isolamento e na exclusão dos usuários e das usuárias”, afirmou.

O representante da Conectas Direitos Humanos, Maurício Fiore, criticou a falta de transparência na destinação de recursos para comunidades terapêuticas. “O tripé que sustenta a atuação delas é disciplina e trabalho combinados com religiosidade, espiritualidade e abstinência. Não há evidências na literatura internacional que sustentem a eficácia das comunidades terapêuticas em comparação a outras formas de tratamento”, disse.

A deputada Erika Kokay (PT-DF), que propôs o debate, lamentou a falta de critérios objetivos do governo federal para a destinação de recursos para a saúde mental. “Não tem controle público nem padronização nem mecanismos de avaliação. Os recursos que vão para a comunidade terapêutica poderiam ir para rede de assistência psicossocial, na lógica de cuidado em liberdade, porque não se cuida se não for em liberdade”, afirmou a deputada.

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Visão do governo
Em resposta aos debatedores, o coordenador-geral de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Rafael Ribeiro, disse que o governo já está trabalhando em um painel com indicadores da saúde mental em parceria com a Universidade de Brasília. “É evidente que indicadores quantitativos são mais fáceis de serem criados, mas eu acho que tem como a gente caminhar também para indicadores de resultados”, informou.

Ele destacou ainda que, com a migração dos sistemas para o novo prontuário eletrônico do cidadão, será possível gerar mais dados tanto sobre os pacientes quando sobre a rede de atenção psicossocial, que, segundo ele, soma 2800 Caps e 224 unidades ambulatoriais.

Por fim, Ribeiro disse que o governo federal também está realizando um censo para avaliar a qualidade de toda a rede de atenção psicossocial, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele anunciou ainda um edital com R$ 4 milhões para projetos de pesquisa em saúde mental.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Ana Chalub

Fonte: Câmara dos Deputados Federais

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Governo Lula cede à pressão e revoga norma de monitoramento do Pix

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O governo federal anunciou, nesta terça-feira (15), a revogação da norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo transações realizadas via Pix. A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita, Robison Barreirinhas, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

A medida, que inicialmente previa que operadoras de cartões de crédito, fintechs e carteiras digitais informassem à Receita transações acima de R$ 5 mil mensais realizadas por pessoas físicas, gerou uma onda de críticas e pânico na população. Essa ampliação do monitoramento, que antes era restrito aos bancos tradicionais, foi vista como uma ameaça à privacidade financeira e desencadeou reações negativas em massa, especialmente nas redes sociais.

Sensação de insegurança e repercussão negativa

Segundo Barreirinhas, a norma foi alvo de distorções que acabaram gerando um clima de insegurança. Para evitar maiores danos, o governo optou por revogar a medida. “Houve um grande mal-entendido que prejudicou a confiança da população, algo que nunca foi a intenção da Receita Federal”, explicou o secretário.

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Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo editará uma medida provisória (MP) com o objetivo de assegurar a gratuidade e o sigilo do Pix. “Queremos garantir que o Pix continue sendo um instrumento acessível e confiável, sem qualquer tipo de taxação ou diferenciação de taxas em relação a pagamentos em dinheiro”, afirmou Haddad.

Fake news e manipulação política

A decisão também foi motivada pela disseminação de informações falsas que alimentaram a desconfiança pública. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) alertando para uma suposta taxação futura do Pix viralizou nas redes sociais, pressionando ainda mais o governo. Haddad criticou a postura de políticos que, segundo ele, agiram de forma irresponsável para manipular a opinião pública e ampliar a insatisfação.

Compromisso com transparência

Apesar da revogação, Haddad reiterou que o governo continuará trabalhando para regulamentar o sistema financeiro, promovendo segurança e transparência, mas sem prejudicar trabalhadores informais ou pequenos empreendedores. “O governo está atento à necessidade de modernizar a regulamentação sem colocar em risco o bem-estar da população”, concluiu.

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A revogação da norma marca um recuo significativo do governo Lula, que decidiu agir rapidamente para conter os danos políticos e restaurar a confiança pública em um dos sistemas financeiros mais utilizados e valorizados pelos brasileiros.

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