15 de Março de 2025
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Gefron completa 20 anos no combate aos crimes em região de fronteira em Mato Grosso

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“No início, muitas pessoas duvidaram do projeto, que era uma coisa inimaginária e que não daria certo para aquela época”. A fala é do coronel da reserva da Polícia Militar de Mato Grosso, Leovaldo Emanoel Sales da Silva, criador do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), que completa neste domingo (13.03) duas décadas no Estado.

As ações tiveram origem a partir da publicação do Decreto Estadual nº 3.994/2002, com objetivo de apoiar às forças de segurança federais, estaduais e municipais no combate aos crimes de tráfico de drogas, contrabando e descaminho de bens e valores, roubo e furto de veículos, invasões de propriedades, entre outras práticas ilegais.

Sales conta que Mato Grosso possui 28 municípios na faixa de fronteira e 11 municípios na linha de fronteira em uma extensão de 980 km, sendo 750 km de limite seco e 230 km de limite aquático, e que para a realidade da época, apesar já dos altos índices de criminalidade, a ideia era “quase impossível”.

O militar conta que foi comunicado pelo então secretário de Estado de Segurança Pública, Benedito Xavier de Souza Corbelino, a apresentar um projeto à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) para arrecadar recursos com objetivo de intensificar a segurança na fronteira. O enfrentamento era feito apenas pelo 6º Batalhão da Polícia Militar de Cáceres (220 km de Cuiabá), com pouco efetivo.

Segundo Sales, o órgão tinha um orçamento de R$ 19 milhões para investir nos estados que fazem fronteira com países vizinhos. Ele relembra que preparou o projeto sobre a criação do Gefron em apenas oito folhas e que tinha 45 minutos para apresentar a ideia.

“Nessa época, a realidade em Mato Grosso era de extrema violência na região de fronteira, de saques em fazendas, roubos em propriedades de gado, intenso tráfico de drogas para apenas um corpo policial comprometido. Mas, poucos dias depois, recebemos um fax dizendo que receberíamos R$ 4,5 milhões para criação de algo inédito no estado, sendo necessário 10% do investimento por parte do Estado”, conta.

Sales lembra que o projeto consistia na construção de postos novos, treinamento de pessoal, aquisição de armamentos, viaturas, “sendo um tiro no escuro” de uma coisa revolucionária. A base operacional do grupamento fica no município Porto Esperidião.

Outros pontos de fiscalização foram distribuídos na região do Matão (no município de Pontes e Lacerda), Vila Cardoso, Avião Caído (em Cáceres), Canil Integrado (Cáceres), além da sede administrativa, que fica na Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), em Cuiabá.

“Ninguém acreditava. Todo mundo pensou que eu estava ‘louco’, disseram que eu estava deslumbrando algo fora da realidade. Nós construímos essas bases e adquirimos na época 34 caminhonetes, 12 motocicletas, armamento para cada policial como pistolas, fuzis automáticos e Mato Grosso passou a ser o 4º estado da federação a operar com fuzil chamado Sniper. O efetivo era de 105 policiais, sendo 80 PM e 25 PJC”, afirma.

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Com o investimento para criação do grupo, a região de fronteira que antes era tomada pela criminalidade, passou a ganhar um novo valor agregado com o reforço policial logo no início da implantação.

Desde o início, para fazer um bom enfrentamento ao crime organizado em região fronteiriça, o Gefron investe na capacitação dos militares. “Tivemos muitas preparações físicas, psicológicas, cursos de língua espanhola, de relações internacionais, ordenamento jurídico dos países, tivemos que aprender para ter uma boa relação com o país vizinho. Foi uma preparação criteriosa para ter um policial formado, dando a garantia que estava pronto para executar um serviço de qualidade”.

“Isso foi o suficiente para trazer uma recuperação absolutamente nova para região em termos econômicos, sociais, na redução da criminalidade na fronteira, a recuperação econômica foi tamanha que as pessoas passaram a não vender mais as suas propriedades e retornaram para produzir novamente. Nós fizemos história, que sem dúvida nenhuma, o Gefron foi uma aventura muito séria”, reforça.

A experiência de um comandante-geral

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Jonildo José de Assis, integrou o Gefron em duas ocasiões, sendo a primeira delas como Oficial de Operações em 2007 até 2010. Ele relembra algumas dificuldades na época, como baixo número efetivo de militares, de viaturas e armamento para o combate. No entanto, enfatiza que apesar de tudo, o patrulhamento na fronteira era realizado de forma constante no combate ao crime organizado.

“Era totalmente diferente da estrutura que o grupo contém hoje, era um pouco mais empírico, que estava meio que na fase de experimentação, estava se maturando como uma unidade especializada de policiamento de fronteira. Tínhamos apenas quatro viaturas para serviço operacional, não tínhamos o serviço de inteligência, mas ainda assim fazíamos um bom desempenho das ações contra os crimes na região”, conta.

Assis retornou ao Gefron em 2015, como então coordenador. Ele ficou à frente do grupo até o ano de 2017. Neste período, a realidade já era outra a nível de estrutura. “No último ano era totalmente diferente. O grupo já tinha uma outra estrutura, um alicerce bem fundamentado, na questão doutrinária do policiamento de fronteira”.

O comandante destacou a criação do Curso de Policiamento de Fronteira (CPFron) que capacita militares de diversos estados do país com instrução teórica e prática sobre direção policial, policiamento fluvial, sobrevivência policial, natação utilitária, patrulhamento rural, tiro policial, rastreamento humano, salvamento aquático, dentre outros módulos, consagrando o Gefron como uma ‘Unidade Escola’ no país. 

“Essa instrução dá capacidade operacional para o policial de fronteira atuar com segurança na mata. Nesses períodos, pudemos trocar experiências profissionais e também aprimorar técnicas e táticas no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas. Infelizmente, os criminosos também aperfeiçoam suas formas de burlar a fiscalização policial na fronteira”.

“O Gefron é um dos projetos prioritários e mais difíceis da segurança pública, em razão da característica da região onde o grupamento atua, que é a fronteira. É incrível poder olhar para trás e ver o quanto o Gefron mudou, se estabilizou, cresceu e ganhou o destaque que possuí hoje. Sem dúvida, foi uma experiência fantástica na minha vida, muito rica e de muito aprendizado”, enfatiza.

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Investimentos

O coordenador do Gefron, tenente-coronel PM Fábio Ricas, destacou que nos últimos quatro anos foram mensurados aproximadamente R$ 800 milhões em prejuízos às organizações criminosas, quase 40 toneladas de entorpecentes apreendidos e 1.198 veículos apreendidos na faixa de fronteira.

“Esses são um dos nossos principais indicadores de enfrentamento ao crime organizado na região de fronteira de Mato Grosso. Os 20 anos da unidade vem coroado com esses excelentes resultados de produtividade. Eu digo que a minha missão é dar continuidade na evolução da unidade e com a gestão do nosso trabalho tivemos excelentes resultados nos indicadores de produtividade”, aponta.

Entre os principais investimentos que estão sendo feitos para o aprimoramento do combate à violência na região de fronteira é a modernização da rede de rádio na ordem de R$ 13 milhões.

Segundo Fábio, outros recursos estão sendo investidos na aquisição de fardamento com nova tecnologia no valor de R$ 2 milhões e mais R$ 1 milhão para compra de fuzis. Ainda de acordo com coordenador, o grupo está fazendo a reforma de todos os postos policiais que somam hoje R$ 4 milhões.

O Gefron investiu ainda na construção do Posto Limão, em Cáceres. A obra, de 355,95 m², custou cerca de R$ 820 mil e contempla uma melhor estrutura para o atendimento ao público e também aos profissionais, com espaço de alojamentos masculino e feminino, sala de exame, cozinha, banheiros, dentre outros cômodos, a nova sede contará também com posto de fiscalização com atendimento 24 horas.

“Temos um projeto de ampliação da base operacional em Porto Esperidião, bem como está sendo feita aquisição de 160 pistolas, que vai substituir todo o arsenal da unidade e ainda estamos ampliando os pontos de monitoramento por câmeras OCR com investimento de mais de R$ 1 milhão. Esses recursos são oriundos do Governo de Mato Grosso e do Ministério da Justiça”.

Ainda neste mês, em comemoração aos 20 anos, o tenente-coronel afirmou que o grupo realizará no próximo dia 19, em Cáceres, o famoso torneio de tiro que reunirá diversos servidores que atuam não apenas no policiamento de fronteira, mas também que faz parte das forças de segurança estadual. Além disso, está previsto para os próximos dias uma cerimônia para imposição da Medalha Mérito Policial de Fronteira. 

“Importante destacar que ao longo desses 20 anos, o Gefron conseguiu reunir uma tropa de policiais extremamente dedicados, capacitados e comprometidos no enfrentamento ao crime e garantia da segurança das pessoas na faixa de fronteira. Não adianta apenas investimento e tecnologia se não houver militares focados, preparados e capacitados para atuação da força militar. São quesitos fundamentais para um bom enfrentamento aos crimes transfronteiriços”.

Fonte: GOV MT

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Audiência pública sobre obras inacabadas do BRT em Cuiabá é marcada pela ausência do governo estadual

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Na tarde desta sexta-feira (14), a Câmara Municipal de Cuiabá sediou uma audiência pública convocada pela Comissão de Obras, com o intuito de discutir os avanços e os desafios das obras do BRT na cidade. Presidida pelo vereador Alex Rodrigues, a audiência contou com a presença dos vereadores Dídimo Vovô, Ildes Taques, Demilson Nogueira, Dilemário Alencar, Jefferson Siqueira, Eduardo Magalhães, Paula Calil e Daniel Monteiro.

O evento também reuniu representantes de diversas entidades e órgãos importantes, como Paulo Cesar (Diretor de Trânsito da SEMOB), Kamila Auxiliadora (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), Juliano Brustolin (Vice-presidente da Comissão de Acompanhamento Legislativo), Junior Macagnam (Presidente da CDL), Sebastião Belém (Secretaria de Obras Públicas), José Ademir dos Santos Junior (Empresa J. Prime), Pedro Aquino (Presidente da ASSUT – MT e da Associação dos Usuários do Transporte Público de Cuiabá), Álvaro Bezerra (Diretor da ACEC), Nicolau Cesar (Diretor da SEMOB) e Mauro (Pastoral do Imigrante).

Apesar da ampla participação de autoridades e especialistas, a audiência foi marcada por uma ausência significativa: o governo do estado, responsável pelas obras, não enviou nenhum representante. A ausência foi bastante impactante, considerando que foram 45 dias de organização para a devida audiência. A falta de explicações sobre o andamento da obra e os atrasos no cronograma gerou revolta entre os presentes.

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O presidente da Comissão de Obras, Alex Rodrigues, não escondeu a frustração com a ausência do governo estadual. “A política seria da resultado, a politicagem não. Gostaríamos de saber pelos responsáveis o prazo, o cronograma e o projeto, mas isso não vai diminuir o trabalho da Câmara Municipal de Cuiabá. Vamos continuar nosso trabalho e convidá-los para a próxima reunião da comissão de obras”, afirmou Alex Rodrigues, ressaltando que a população está cobrando respostas sobre o andamento da obra. “Quem nos elegeu está cobrando, que é o povo. O povo não está aqui na audiência porque está trabalhando, tem hora para chegar e sair. E o BRT era para ser um auxílio no dia a dia das pessoas”, completou.

Os impactos das obras inacabadas

Os atrasos nas obras do BRT têm gerado sérios impactos no trânsito de Cuiabá, com reflexos visíveis em várias regiões da cidade. A situação é especialmente crítica em avenidas como a do CPA e Fernando Corrêa, onde as obras têm causado congestionamentos e dificultado o deslocamento da população. A Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha), um dos principais pontos críticos da obra, ainda não conta com uma solução definitiva para os alagamentos que comprometem a operação dos ônibus elétricos planejados para o sistema.

Além disso, os atrasos têm origem em um impasse entre o governo do estado e o Consórcio Construtor BRT Cuiabá, liderado pela Nova Engevix Engenharia e Projetos S/A. O consórcio, contratado em 2022 por R$468 milhões, afirma que o anteprojeto da obra não previu soluções essenciais, como a macrodrenagem da Prainha, o que tem dificultado a execução do cronograma e gerado mais atrasos.

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Propostas de soluções e próximos passos

Durante a audiência, os vereadores presentes reafirmaram seu compromisso em buscar soluções para destravar a obra e atender às necessidades da população cuiabana. Como próximo passo, os membros da Comissão de Obras Públicas realizarão uma visita técnica aos canteiros de obra para avaliar de perto os avanços e os desafios enfrentados pelo projeto.

“Nosso compromisso é com os cuiabanos. Essa obra precisa andar e atender às necessidades da população”, enfatizou Alex Rodrigues. A visita técnica servirá para que os vereadores possam verificar, pessoalmente, o andamento da obra e buscar alternativas para acelerar sua execução.

A audiência pública foi uma tentativa de dar transparência ao processo e de envolver a população nas discussões sobre o futuro do BRT. A participação dos cidadãos é essencial para que suas demandas sejam ouvidas e consideradas nas decisões que impactam o desenvolvimento da cidade. A Câmara Municipal de Cuiabá continuará a realizar reuniões e audiências sobre o tema, buscando uma solução definitiva para as obras inacabadas que afetam o cotidiano dos cuiabanos.

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