POLITÍCA NACIONAL
Esforços do Brasil para reduzir emissões de gases do efeito estufa são insuficientes, apontam especialistas
POLITÍCA NACIONAL
Os esforços feitos até hoje pelo Brasil para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e contribuir com as metas relativas às mudanças climáticas têm sido ineficientes, conforme avaliação de especialistas em debate na Câmara.
Eles participaram nesta quarta-feira (18) de seminário promovido pelas comissões da Amazônia e Povos Originários; e de Meio Ambiente. O objetivo do evento foi servir como preparação para a COP-28, convenção do clima que será realizada entre novembro e dezembro em Dubai (Emirados Árabes).
Segundo Hugo do Valle Mendes, do Ministério do Meio Ambiente, mesmo as metas definidas no Acordo de Paris, as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), resultam em aumento de temperatura maior do que o previsto no próprio acordo.
“As políticas atuais, que estão sendo conduzidas pelos países, levam ao aumento de temperatura em torno de 2,8 graus Celsius, e as promessas das NDCs postas atualmente vão levar a um aumento de temperatura em torno de 2,4 graus Celsius”, afirmou. “Estamos ainda num gap muito distante em termos de implementação das promessas já postas à mesa pelas NDCs, e um gap de planejamento em relação à meta do Acordo de Paris, em que a gente busca limitar o aumento a 1,5 grau Celsius”, completou Hugo Mendes.
O representante do Observatório do Clima, Cláudio Ângelo, disse que os esforços feitos até agora foram “altamente insuficientes”. Seria preciso, segundo ele, reduzir as emissões em 8% ao ano até 2030, porém elas estão subindo.
Credibilidade
De acordo com Maiara Folly, da Plataforma Cipó, o Brasil precisa definir qual mensagem quer passar para o mundo: se vai seguir “o caminho do marco temporal das terras indígenas”, que define que só poderão ser demarcadas áreas ocupadas por indígenas em 1988, quando foi promulgada a Constituição, ou se irá incentivar energias renováveis, tratar de regularização fundiária, demarcar terras indígenas.
Segundo ela, será uma escolha entre chegar na COP-30, a ser realizada no Brasil em 2025, “com a credibilidade em risco ou não”.
Comprometimento
Segundo a deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), presidente da Comissão da Amazônia, o Brasil é grande parte da solução. Mas precisa tomar algumas atitudes.
“Nós precisamos discutir o mercado de carbono de uma maneira séria, nós não podemos usar o mercado de carbono para tão somente transferir consciência. Reflorestar demora muito mais tempo, demora 100 anos, 200 anos, então nossa luta é principalmente para não desmatar”, ressaltou a deputada. “Nós queremos votar pautas comprometidas; não basta somente cobrar financiamento direto de outros países, é preciso ter também uma responsabilidade coerente dentro desta Casa. Existem aqui mais de 1.025 projetos de retrocesso”, alertou.
Energia
Outro tema discutido no seminário foi a transição energética e as perspectivas para a agenda de energia na COP-28.
Segundo Gustavo Santos Masili, do Ministério de Minas e Energia, em 2022 quase 50% da energia consumida pelos brasileiros foi renovável, sendo que cerca de 90% da eletricidade foi renovável. “Isso já é um grande passo, mas temos muito a avançar ainda nos próximos anos”, disse.
Ele destacou que as emissões per capita do Brasil são “baixíssimas” quando comparadas principalmente com países desenvolvidos. “Então, a tendência é que o consumo de energia no Brasil se amplie per capita ao longo dos próximos anos.”
O representante da Petrobras, Eric Cabral da Silva Moreira, também apresentou dados e disse que a empresa já reduziu suas emissões, entre 2015 e 2022, em 40%.
Por outro lado, Nicole Oliveira, do Instituto Internacional Arayara, apontou retrocessos na área energética. “Inaceitável o ministério vir aqui apresentar uma baixa participação dos fósseis na matriz energética quando nós estamos claramente carbonizando nossa matriz, utilizando gás cada vez mais, insistentemente, na matriz brasileira”, rebateu.
Quanto à Petrobras, Nicole Oliveira apontou incoerência no discurso de descarbonização, uma vez que a empresa estaria pressionando o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente para exploração na margem equatorial, “colocando em risco não somente as emissões do Brasil e do mundo, como os povos tradicionais e a biodiversidade amazônica”.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP), que preside a Frente Parlamentar Ambientalista, apontou que, neste ano, possivelmente irá a maior delegação de deputados a uma COP. Ele sustentou a importância de os parlamentares se preparem para o evento, e também reforçou que pouco do que foi acordado até o momento sobre o tema mudanças climáticas foi de fato feito.
Reportagem – Paula Moraes
Edição – Ana Chalub
Fonte: Câmara dos Deputados
GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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