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Agregação reprodutiva de meros é encontrada em São Francisco do Sul

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Pela primeira vez neste ano a equipe de pesquisa do Projeto Meros do Brasil (PMB) registrou uma agregação reprodutiva de meros em São Francisco do Sul, Santa Catarina. O censo visual, no qual mergulhadores fazem a contagem submarina destes peixes, avistou 38 exemplares da espécie, algo considerado raro atualmente na costa brasileira. uma espécie criticamente ameaçada de extinção.

A gerente-geral do projeto, Maíra Borgonha, acentuou que esse “é um evento raro, que acontece em poucas luas do ano, em poucos locais na costa brasileira”.

O pesquisador do projeto, Leonardo Bueno, doutor em oceanografia ambiental, afirma que ver e monitorar agregações com dezenas de meros no Brasil é fundamental para os trabalhos de recuperação da espécie. Ele destacou, entretanto, em entrevista à Agência Brasil, que os números atuais são muito baixos quando comparados a décadas passadas de 1960, 1970, 1980. “A gente faz um trabalho denominado conhecimento ecológico,  entrevistas com antigos pescadores e os relatos chegavam a centenas de meros, inclusive as capturas chegavam a dezenas”, disse Bueno.

Projeto Meros do Brasil Projeto Meros do Brasil

Projeto Meros do Brasil – Athila Bertoncini Andrade

Criado em 2002 por um grupo de pesquisadores de Santa Catarina, o projeto atua em nove estados do litoral brasileiro – Pará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina – e visa garantir a conservação dos ecossistemas marinhos e do mero (Epinephelus itajara), considerado a maior espécie de garoupa do Oceano Atlântico.

Nos últimos 65 anos, os meros sofreram um declínio significativo da população, estimado em mais de 80%.

Ameaça de extinção

Devido à destruição de seus habitats, da sobrepesca e da poluição, desde 2006 o mero é considerado espécie ameaçada de extinção e está protegido de forma integral há quase 20 anos, sendo sua captura, beneficiamento, transporte ou comercialização consideradas práticas proibidas em todo o território nacional. A partir de 2006, o projeto passou a contar com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

Esse foi o segundo maior cardume registrado pelo projeto desde o início do monitoramento da espécie, em 2002. Em fevereiro de 2012, a equipe avistou entre 45 e 50 peixes nesse mesmo local. Outros números expressivos de meros reunidos só foram registrados pelo PMB em apreensões, como a feita em 2006, no Maranhão, e no verão de 2021, no estado do Pará, registrando mais de 40 exemplares de meros pescados ilegalmente. De acordo com os pesquisadores, essas pescas irregulares devem ter acontecido em cima dos agregados, que representam a única chance de reprodução da espécie no ano.

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Décadas passadas

Além da pesca predatória, a poluição, principalmente dentro dos estuários, levou à diminuição de meros no país. Esse tipo de peixe tem um ciclo de vida no qual ele faz a agregação reprodutiva. As larvas ou ovos dos indivíduos são levadas pelas correntes e adentram baías, áreas de estuário, fazendo com que os filhotes, denominados juvenis, cresçam nos manguezais.

“A devastação dos ambientes de manguezal para construção de portos e casas, por exemplo, também influencia na reprodução dos meros. Eles precisam daquele ambiente para que a larva se desenvolva e o juvenil cresça ali. A poluição desses locais tem um impacto grande nas populações de meros”, explicou Leonardo Bueno.

Alguns estudos mostram que as grandes fêmeas de meros, ou grandes matrizes, que atingiam entre dois e 2,5 metros, consideradas as melhores reprodutoras da espécie para geração de meros mais fortes, constituíram os principais alvos da pesca predatória, o que também contribuiu para a redução da espécie.

O pesquisador informou que o mero tem um ciclo de vida bem longo, chegando a viver 40 anos. Leva de seis a oito anos para começar a reproduzir. “Nisso, ele já vai ser um peixe de cerca de 40 quilos, com um metro de comprimento. É quando ele deixa as águas de estuário e passa a habitar as áreas de mar aberto, dos recifes”. O mero tem um tempo geracional de cerca de 21 anos. Isso significa que uma nova geração de meros surge a cada 21 anos.

Projeto Meros do Brasil Projeto Meros do Brasil

Projeto Meros do Brasil – Athila Bertoncini Andrade

As imagens dos meros foram registradas durante mergulho para manutenção da rede de telemetria acústica, monitorada pelo PMB. A telemetria está presente nos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Trata-se de um componente de pesquisa utilizado para estudar os padrões de movimentação dos meros, o uso e ocupação das áreas de agregação. Os dados obtidos a partir desse monitoramento são importantes, uma vez que preservar as áreas de reprodução é considerado fator chave para a conservação da espécie. A operação de mergulho contou com apoio da equipe da Transpetro, subsidiária da Petrobras, do Terminal de São Francisco do Sul.

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Cardumes reprodutivos

Também conhecido como Senhor das Pedras, o mero pertence à família das garoupas, ao lado dos badejos e chernes, entre outros peixes, e costuma agregar em recifes em mar aberto, especialmente recifes rochosos e recifes artificiais que contenham grandes buracos, cavernas e alto relevo, que são áreas mais protegidas, que oferecem maior abrigo, segurança e alimento.

As agregações reprodutivas dos meros ocorrem anualmente a cada verão, de dezembro a março. Na época de agregação, os cardumes costumam ficar quatro vezes maiores que em períodos não reprodutivos. Segundo os pesquisadores, esses encontros representam a única chance de reprodução da espécie no ano, embora constituam, infelizmente, oportunidade extremamente atraente para a pesca irregular. Por serem extremamente dóceis e grandes, podendo atingir 2,5 metros de comprimento e pesar mais de 400 quilos, os meros se tornam presas fáceis de pescadores irregulares. Nas amostragens feitas pelo PMB, o maior mero registrado tinha 2,15 metros de comprimento.

Além de proteger o mero, o PMB objetiva conscientizar a população quanto à conservação da espécie e do meio ambiente. “A gente busca levar essa informação a crianças, adultos, pescadores, sobre quanto é o tempo de vida, a importância que os meros têm, para que eles passem a proteger, não pescar mais. Com a conscientização, a gente acaba diminuindo a pesca ilegal sobre a espécie, levando informação à população”, acentuou Bueno. 

Edição: Maria Claudia

Fonte: EBC Geral

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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