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Audiovisual: plataformas devem financiar estrutura, avalia pesquisador

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Nos últimos anos, diferentes filmes e séries transmitidas por uma diversidade de plataformas internacionais de streaming caíram no gosto do público brasileiro. Ao mesmo tempo, Netflix, Amazon Prime Video, Disney + e HBO Max, entre outras, passaram a investir em produções nacionais. Nesta quarta-feira (30), o gestor cultural e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alfredo Manevy, defendeu que uma nova regulação do audiovisual brasileiro deve prever que as plataformas contribuam com o financiamento da infraestrutura do setor no país.

“Há 10 anos, elas começaram a chegar ao Brasil e encontraram uma estrutura instalada que foi resultado de políticas públicas. Agora é importante que, no redesenho da regulação, as plataformas contribuam com a manutenção dessa estrutura. Elas se aproveitaram de uma estrutura no Brasil que estava desenvolvida. Mas precisa de mais investimento. E nada mais justo que haja um financiamento por parte desses novos players que têm se utilizado dessa infraestrutura. A Lei da TV Paga já está chegando no limite da sua capacidade de financiar atividades no Brasil e um novo desenho precisa ser colocado considerando a contribuição desses players”, avaliou.

Mesmo com o financiamento das plataformas, Manevy afirma que as políticas públicas também precisam continuar. Ele lamenta o enfraquecimento do setor durante o último governo, comandado por Jair Bolsonaro. No entanto, considera que houve uma resistência que impediu que se repetisse a situação vivida durante no início dos anos 1990, durante o governo Collor, quando a produção cinematográfica do país praticamente zerou. “Como vamos desenvolver uma infraestrutura que demanda grandes investimentos se a cada 5 ou 10 anos a gente tem solavancos? Precisamos de investimentos de longo prazo”, questionou.

Manevy apresentou suas avaliações durante Seminário do Audiovisual Brasileiro, organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O evento reuniu diversos especialistas do setor e homenageou o produtor Luiz Carlos Barreto e a atriz Fernanda Montenegro. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, observou que a iniciava registra a retomada da atuação do BNDES no audiovisual brasileiro. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, também marcou presença no evento.

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O pesquisador da UFSC mediou o painel que discutiu a infraestrutura do audiovisual no país. Em sua visão, uma nova regulação é necessária. Ele citou a dificuldade de se avançar no debate da “cota de tela”, nome dado à obrigação legal, adotada por muitos países, de exibição de um mínimo de produções nacionais, seja no cinema, na televisão ou no streaming. No Brasil, o mecanismo começou a ser adotado em 2001, mas nunca foi votado pelo Congresso Nacional e sofreu algumas descontinuidades no último período. Um projeto de lei com novas regras está em discussão pelos parlamentares.

“As políticas de inclusão, as políticas afirmativas que vêm avançando na última década, precisam estar lastreadas em um projeto de desenvolvimento econômico, em uma reorganização da economia que permita ao audiovisual brasileiro ocupar o mercado, que foi completamente abandonado sem regras. Virou uma terra de ninguém em muitas áreas. Viramos um experimento de um completo abandono de regras civilizadas para o desenvolvimento do mercado audiovisual brasileiro”, avaliou Manevy.

Ao mesmo tempo em que diferentes representantes do setor cobram uma nova regulação que englobe as plataformas, a importância dos streamings tem sido reconhecida. Participantes do seminário promovido pelo BNDES observaram que a indústria audiovisual do país tem ganhado mais fôlego por meio das produções financiadas por recursos estrangeiros. Lembraram também o papel quase de exclusividade que os streamings desempenharam durante a pandemia de covid-19.

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Novelas

De acordo com Geórgia Araújo, diretora da produtora Coração da Selva, o Brasil é um dos maiores consumidores de audiovisual no mundo e acaba sendo estratégico para as plataformas. “Há o interesse do capital em investir nas nossas produções, para dialogar com o público. Certamente são centenas de milhões ou até bilhão de reais que entram no Brasil todo ano para financiar novos trabalhos. É muita coisa. Há projetos que chegam a orçamentos que podem ser de R$ 30 milhões ou até superar R$ 100 milhões”.

Segundo ela, a bola da vez são as novelas. “Esse investimento procura as especificidades brasileiras. E sabemos que são décadas de produção de novelas muito bem sucedidas na televisão aberta. Então a bola da vez é entender a capacidade brasileira de produzir novelas que possam ser exportadas para o mundo inteiro”, avalia. Geórgia conta que, neste momento, sua produtora está trabalhando em uma novela de 40 capítulos para a HBO Max. Serão 258 dias de filmagem e cerca de 300 pessoas trabalhando no local da filmagem. Ao todo, são mais de 2 mil pessoas contratadas diretamente.

“Tudo financiado com recursos estrangeiros”, ressalta. Ela pondera, no entanto, a necessidade de melhorar a infraestrutura brasileira e diz que, apesar de haver bons estúdios no país, eles não são apropriados para acomodar mega produções, o que os levou a alugar um galpão. Além disso, ela observa que há um déficit de equipamentos, de forma que as plataformas precisam trazer do exterior, o que envolve questões tributários e logísticas complexas. Geórgia avaliou a necessidade de uma renovação do parque industrial do audiovisual brasileiro.

Fonte: EBC GERAL

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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