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Clubes de leitura são o tema do programa Caminhos da Reportagem

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Ler e compartilhar as impressões sobre os livros é a máxima dos clubes de leitura, que estão em expansão em todo o país e são o tema do programa Caminhos da Reportagem de hoje (27). Embora já fosse uma tendência, muitos influenciadores digitais aproveitaram a onda de eventos on-line durante o período mais crítico da pandemia para criar clubes de leitura nas redes sociais e se aproximar dos seguidores.

Foi o caso da jornalista e professora Tatiany Leite, do projeto Vá ler um livro. Ela conta que já tinha o plano de dar aulas de graça sobre clássicos da literatura brasileira em seu canal na internet quando o distanciamento social deu força aos sprints literários (leituras conjuntas). Foi assim que decidiu fazer um clube de leitura. Os encontros acontecem no YouTube e os participantes ajudam a escolher a obra a ser discutida obra no mês. Tatiany conta que já teve muitos retornos positivos de “pessoas que não liam muito e passaram a ser ávidas, apaixonadas, por leitura”.

Com aproximadamente 350 mil seguidores, o advogado Pedro Pacífico dá dicas de leitura no perfil Bookster com a intenção de estimular a formação de leitores. Ele começou com um site, depois fez um canal no YouTube, um podcast e, no ano passado, decidiu abrir o clube de leitura Bookster pelo mundo, que une a paixão pelos livros e pelas viagens. “É uma forma de mostrar que a leitura não precisa ser uma atividade solitária. Pode ser algo compartilhado. E é muito bom, quando é compartilhado”, afirma.

Foi por volta de 2010 que as editoras brasileiras começaram a incentivar a criação de clubes de leitura em livrarias com o objetivo de aumentar a venda de livros. “Eu acho que as pessoas começaram a participar, viram que era muito legal e criaram os seus próprios clubes”, conta Juliana Leuenroth, uma das criadoras do Leia Mulheres, um dos maiores fenômenos nesse assunto.

Juliana e as amigas Juliana Gomes e Michele Henriques atenderam ao chamado da escritora e ilustradora inglesa Joanna Walsh que, em 2014, lançou a hashtag #readwomen (leia mulheres). Elas criaram o clube Leia Mulheres em São Paulo e não demorou muito para que começassem a receber mensagens de pessoas interessadas em replicar a ideia em suas cidades. “Quando a gente viu, estava em todos os estados”, conta.

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Iasmim Ferreira e as amigas gostaram do desafio de conhecer mais os livros escritos por mulheres e passaram a se reunir na praça central de Nossa Senhora da Glória, no sertão de Sergipe para trocar ideias sobre os textos. No período de distanciamento social, as reuniões do clube Leia Mulheres Glória eram on-line, mas desde o início do ano os encontros voltaram a ocorrer de forma presencial. “É um espaço aberto para acolher os diferentes públicos, as crianças, os idosos, os namorados que estão nas praças, as margaridas e garis que passam fazendo a limpeza”, afirma Iasmim.

Muitos clubes primam pela diversidade na seleção das obras. O Leituras Decoloniais se dedica à discussão de livros escritos por autores negros de diferentes países. O clube tem a curadoria e mediação das amigas Camilla Dias, Isa Souza, Pétala Souza e Maria Ferreira, que já produziam conteúdo sobre literatura nas redes sociais. “A gente vê a carência de pensar e de conhecer o saberes que são desenvolvidos pela população negra”, aponta Camilla.

Os participantes contribuem com o clube por meio de uma plataforma de financiamento coletivo. Eles recebem um cronograma a cada ciclo de leitura, que dura dois meses. Nesse período há encontros para conversas sobre o livro e também oficinas de escrita criativa.

Para o escritor Jeferson Tenório, vencedor do prêmio Jabuti em 2021 pelo romance O avesso da pele, os clubes de leitura são um espaço de mediação importante para a formação de leitores. “Eu acho que é a ampliação de um público leitor, de certo modo, mais sofisticado”, no sentido de que “ali as pessoas que leem o livro se aprofundam nos temas e depois partilham as suas impressões”.

Público infantil

Clubes de leitura: histórias compartilhadas. Clubes de leitura: histórias compartilhadas.

Clubes de leitura: histórias compartilhadas., por TV Brasil

As crianças que participam do clubinho Maria Clara Machado, organizado pela biblioteca Lima Barreto, na região da Maré, no Rio de Janeiro, relatam que melhoraram a leitura ao participar das atividades durante a pandemia. Gabriel da Costa, de 10 anos, declara cheio de emoção: “o clubinho mora no meu coração”. 

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“A gente pensa muito na questão da identidade, da criança saber onde ela vive, saber a que lugar pertence. A partir do desejo delas, a partir das inquietações delas, a gente planeja qual leitura vai fazer e como vai abordar essa leitura”, explica a mediadora Cláudia Ferreira.

Há dez anos a professora Ana Soares aposta no clube de leitura Lê Comigo para incentivar os alunos da escola municipal Dom João VI, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a colocarem os livros na rotina.  “A leitura literária vai trazer vocabulário, vai melhorar a expressão oral, porque [a criança] está convivendo com outros mundos, está dialogando com outros pares. É inerente esse resultado de melhora na aprendizagem”, afirma Soares. A estudante Antônia Pereira, de 9 anos, diz que gosta de participar do clube porque os amigos a ajudam quando ela tem dificuldade de entender o texto.

Terceira Idade

Clubes de leitura: histórias compartilhadas. Clubes de leitura: histórias compartilhadas.

Clubes de leitura: histórias compartilhadas. – TV Brasil

O Clube 6.0 atua na outra ponta. Os participantes são pessoas acima dos 60 anos, faixa etária a partir da qual cai bastante o índice de leitura no Brasil, segundo Galeno Amorim, presidente do Observatório do Livro e da Leitura. O clube foi criado por ele em 2020 e já está em mais de 70 cidades do interior de São Paulo. Os interessados podem se inscrever pela internet. Segundo Galeno, os leitores são divididos de acordo com o perfil e têm acesso gratuito a mais de 50 mil títulos. Outra frente de atuação do Clube 6.0 é o trabalho nas instituições de longa permanência.

José Antônio Júlio, de 76 anos, mora no Lar Padre Euclides, em Ribeirão Preto, e conta que no clube de leitura se sente motivado a compartilhar os textos que escreve num caderninho, mas quase sempre sabe de cor, com os colegas.     

O programa Caminhos da Reportagem vai ao ar neste domingo (27), às 20h, na TV Brasil.

Edição: Lílian Beraldo

Fonte: EBC Geral

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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