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Iniciativa leva hortas a lajes da Rocinha para gerar alimento e renda
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Áreas subutilizadas e ociosas da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, aos poucos estão sendo transformadas em espaços verdes, produtivos e sustentáveis. Foi com esse desejo que, em 2017, o empreendedor social Flávio Gomes, morador da comunidade, começou a ensinar para cerca de 70 crianças práticas de compostagem, plantio de alimentos, ações de sustentabilidade e reciclagem na esperança de poder levar uma horta para cada uma delas.
A partir de 2018, Flávio passou a desenvolver um projeto educativo chamado Horta na Favela, envolvendo a comunidade. Foram construídas quatro hortas em lajes da favela e uma composteira, que já transformou em adubo orgânico mais de 100 quilos de resíduos. Flávio compartilha seus ensinamentos e atividades nas redes sociais e diz acreditar que no futuro, irá retirar da favela toneladas de lixo e transformar os locais em hortas, trazendo qualidade de vida para toda a comunidade.
Segundo o empreendedor, as hortas trazem um novo olhar sobre alimentação e saúde na favela. “Creio que, um dia, a Rocinha vai voltar à sua origem agrícola, plantando em pequenos espaços, mas que vão ter uma relevância muito grande nas mudanças de hábitos”.
Horta na floresta
As iniciativas socioambientais ganharam mais força com a chegada de um antigo morador, que por duas décadas viveu com sua família na parte alta da Rocinha. Hoje professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), José Lucena Barbosa Júnior propôs, além das atividades socioeducativas, que as hortas pudessem gerar emprego e renda para as famílias da comunidade.
Ao retornar para rever amigos, o professor percebeu o avanço da favela em direção à floresta, o que o fez pensar em uma maneira prática de levar o conhecimento desenvolvido na UFRRJ para solucionar alguns dos desafios enfrentados no local.
“Sempre pensei se poderíamos implementar uma proposta que pudesse mudar a perspectiva, a relação do morador com a floresta em pé, para que ele pudesse não apenas valorizar o fato de ter acesso à alimentos, mas também proporcionar geração de renda”, comenta.
Juntando a experiência do projeto Horta na Favela, liderado por Flávio, com uma iniciativa do professor Lucena, que pretende reflorestar e recuperar a borda da Floresta da Tijuca por meio de Sistema Agroflorestal (SAF), nasceu a proposta “Horta na Floresta, uma produção sustentável de alimentos como estratégia inovadora de geração de emprego e renda na Rocinha”, em que serão implantadas 50 hortas nas lajes na parte alta da comunidade. O projeto conta com uma equipe de engenheiros de alimentos, florestais, químicos, agrônomos, nutricionistas e também empresários da área de produção de mel. “Cursos, visitas técnicas, aquisição de materiais e produtos ou até mesmo serviços são coordenados por nós em sintonia com os beneficiários”, conta o professor Lucena.
Com o projeto em mãos, Lucena concorreu ao Programa Favela Inteligente, lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado (Faperj) com o apoio da Universidade Federal Rural Fluminense (UFRRJ), tendo sido um dos contemplados com auxílio financeiro de cerca de R$ 420 mil para execução das ações propostas nos anos de 2022 e de 2023.
“A previsão é de que as ações, dentro do edital Favela Inteligente da FAPERJ, se encerrem no final deste ano. Mas já estamos buscando alternativas para financiar as iniciativas após esse encerramento”, conclui Lucena.
Para o empreendedor social Flávio Gomes, a parceria da Rural com o Horta na Favela deu uma nova visão ao projeto. “Pudemos trazer também a questão da geração de renda e do cuidado com o meio-ambiente trabalhando a compostagem e a produção de mel. Eu vejo essa parceria com a UFRRJ como um grande avanço e acredito que a gente vá avançar muito ainda na questão do combate à desigualdade social”, afirmou Flávio.
Segundo Flávio, 20 famílias estão cadastradas para receber as hortas em suas lajes, e outras 30 estão previstas. A equipe do projeto trabalha para consolidar as 50 lajes produtivas e organizar os beneficiários coletivamente, inclusive com a criação de uma cooperativa.
Outra meta é ampliar a estrutura do projeto Cozinha de Mãe, iniciativa de aproveitamento integral de alimentos que visa a produção de produtos processados em escala artesanal a partir de resíduos do preparo de alimentos nas cozinhas da comunidade, coordenado pela moradora Marinete Silva, que deverá contemplar, pelo menos, 15 famílias da comunidade
“Através das ações que vêm acontecendo dentro do Horta na Floresta, eu vi que posso passar para as pessoas mais vulneráveis aqui da minha comunidade como podemos reaproveitar os resíduos de alimentos orgânicos com as composteiras”, disse dona Marinete, em entrevista à Rádio Nacional, e complementou: “Vamos reaproveitar todas as cascas de legumes, cascas de frutas, e vamos estar passando para as pessoas a importância de gerar renda, sim, e de trazer uma alimentação saudável para sua família”.
A meta é construir um modelo sustentável de geração de renda e de produção de alimentos orgânicos a partir do cultivo de cogumelos nativos da Mata Atlântica, produção de espécies medicinais, além de tubérculos, frutas, olericulturas, flores convencionais, plantas alimentícias não convencionais (pancs), como Ora-pro-nobis, bertalha, taioba e a criação de abelhas sem ferrão para um tipo de mel cujo litro chega a custar R$ 600, explicou o professor Lucena em entrevista à Rádio Nacional.
*Estagiário sob supervisão Vinícius Lisboa e com colaboração da repórter Solimar Luz
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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