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Milton Santos é homenageado em mostra no Itaú Cultural, em São Paulo
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“Não é o passado que constitui a nossa âncora como aprendemos e, quem sabe, ensinamos. A nossa âncora é o futuro.” É com essa frase, dita por Milton Santos (1926-2001) em uma palestra na Universidade de São Paulo (USP) em 1994, que o Itaú Cultural apresenta a sua mais nova exposição: Ocupação Milton Santos.
A mostra, aberta na noite dessa quarta-feira (19), apresenta mais de 150 peças, entre fotos, vídeos, livros e textos de autoria do homenageado, um dos maiores intelectuais brasileiros, responsável pela renovação da geografia no país.
“Essa exposição traz a vida e a obra do professor Milton Santos. Quisemos ilustrar como ele pensava as diversas camadas da sociedade e, principalmente, trazer o conceito dele, que era um militante das ideias. Para ele, o presente não estava dado: vai ser um modelo de transformação vindo de baixo para cima. E isso seria muito movimentado pelas periferias”, disse Jader Rosa, gerente do Observatório do Itaú Cultural, núcleo responsável pela curadoria da mostra.
A frase de Santos, falada em 1994 na USP, pode ser vista em um vídeo de dois minutos de duração que é apresentado logo no início da ocupação. E mostra um pouco sobre essa personalidade que é pouca explorada no ensino brasileiro. “Imagino que a pauta de geografia, dentro das escolas, tem ficado muito no lugar do território, de relevo e de topografia e nas questões espaciais. Mas o Milton tem uma amplitude no debate e é uma figura controversa”, disse Rosa.
“Milton Santos foi formado em direito, atuou como jornalista, foi professor, geógrafo e também gestor público. Sua obra se consolida justamente em como olhar a geografia além do território, nesse espaço sempre em movimento e transformação. E ele tem esse olhar dentro do lugar do cidadão, em como esses indivíduos, com suas múltiplas economias e múltiplos territórios, se enxergam como cidadãos”, acrescentou.
A ocupação
Após a apresentação do vídeo de abertura, a mostra percorre o processo criativo de Milton Santos por meio de uma vitrine que apresenta manuscritos, textos datilografados por ele e livros de sua autoria. Uma mesa de leitura recebe aqueles que queiram se aprofundar no universo de Santos, lendo os pensamentos que publicou.
Ao lado dessa mesa, uma projeção apresenta um diagrama de conceitos, com ilustrações de temas como espaço geográfico, economia urbana, globalização e o lugar do cidadão. A ideia é estabelecer um diálogo das teorias de Milton Santos com a vida cotidiana do século 21.
O percurso expositivo segue por uma parede onde é apresentado um painel biográfico, contando a história de Santos por meio de fotos, depoimentos em vídeo, matérias de jornais e objetos pessoais. Uma das fotos mostra ele recebendo o Prêmio Vautrin Lud, em 1994, considerado o Nobel da geografia. É aqui também que se relembra que o intelectual foi uma das vítimas da ditadura militar brasileira, tendo vivido em exílio por 13 anos. “Ele tinha uma perspectiva de ficar seis meses na França e acaba ficando 13 anos mudando de país, o que para ele foi muito difícil. Trazemos, na exposição, uma mala dele de viagem, com que ele se deslocava para esses territórios. Mas esse comportamento e essa experiência influenciaram muito em como ele se enxergava como cidadão brasileiro e em seu trabalho”, disse Rosa.
A mostra traz ainda um espaço dedicado à discussão sobre a questão racial. “A pauta racial ele vivenciava sempre, mas não era sua militância. Ele dizia que não queria ser militante de nada, mas que era sempre impactado por isso. Mesmo assim, ele participou de congressos sobre questões étnico-raciais, e palestrou em um grupo de consciência negra na USP. E ele dizia que o movimento vem de baixo, das periferias.”
A exposição se encerra com uma projeção sobre uma representação de um mapa de Brotas de Macaúba, cidade onde Milton Santos nasceu. Aqui é possível ver a relação da obra do homenageado com a cidade e a periferia, a forma como ela tem sido apropriada pelas novas gerações e a importância de suas teorias para a construção do futuro.
Outras atividades
A Ocupação Milton Santos se completa com outras atividades, além do espaço expositivo. Entre elas, com o curso Milton Santos: cidadão do mundo e geógrafo das quebradas, que segue a trajetória socioespacial de Milton Santos e os principais conceitos desenvolvidos em sua perspectiva teórica. O curso apresenta aspectos da vida e obra do homenageado e mostra alguns dos principais conceitos e ideias do autor, fornecendo subsídios para as práticas pedagógicas em sala de aula. O cadastro e o acesso para o curso devem ser realizados pela plataforma https://polo.org.br/.
“A exposição transborda para outras plataformas, como as plataformas digitais. Temos um curso destinado para professores, mas também para interessados sobre a obra de Milton Santos. Temos também a biografia dele sendo disponibilizada na plataforma Ancestralidades e uma plataforma de vídeo em que será apresentado um documentário de Silvio Tendler, contando a trajetória do professor”, disse Jader Rosa.
A mostra fica em cartaz até o dia 8 de outubro. Mais informações sobre a Ocupação Milton Santos, que tem entrada gratuita, podem ser obtidas no site do Itaú Cultural.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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