BRASIL
Moradias em Bertioga poderão abrigar famílias da tragédia, diz Alckmin
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O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse, neste sábado (25), que o governo federal estuda destinar moradias construídas em Bertioga (SP) para abrigar as famílias de São Sebastião, que estão desabrigadas após as fortes chuvas que atingiram a região durante o carnaval e provocaram 57 mortes.
Segundo Alckmin, seria uma medida de emergência, até que o governo construa as unidades habitacionais necessárias para acolher os moradores da cidade, do litoral norte paulista, que perderam as moradias. “Seria por emergência. Depois, é claro, teremos que construir as unidades habitacionais necessárias”, afirmou, em entrevista coletiva em São Sebastião.
O vice-presidente explicou que tratam-se de 1,5 mil apartamentos construídos na cidade vizinha, de Bertioga, com recursos estaduais e municipais. Alckmin disse que pretende conversar com o prefeito de Bertioga, Caio Matheus, e com a Caixa Econômica Federal para avaliar a possibilidade de destinação dos imóveis para socorrer os moradores de São Sebastião. “É um programa chamado Entidades mas, de repente, uma parte disso pode ser cedido para famílias daqui [de São Sebastião)]”, acrescentou. “Vamos verificar com a Caixa Econômica Federal e com a prefeitura para que uma parte pequena possa ser liberada”.
Durante entrevista coletiva, Alckmin destacou que a habitação é uma prioridade do governo federal. “O presidente Lula já se comprometeu com a questão da habitação. No extra-teto, chamado waiver [instrumento que permite ao governo gastar além do teto de gastos], o recurso que mais cresceu foi para a área de habitação. Foram R$ 10,5 bilhões. Terá prioridade aqui as regiões de risco e o nosso litoral”.
De acordo com Alckmin, o governo federal pretende auxiliar o governo paulista e as prefeituras na construção de moradias populares no litoral norte, que foi muito atingido pelo temporal do último final de semana. “Uma das dificuldades é conseguir terreno. Conseguir terreno seguro e juridicamente possível é super importante”, explicou. “O governo do estado pode contar sim com o Ministério das Cidades, com a área habitacional, para ser parceiro no financiamento dos recursos para as unidades habitacionais. A prioridade são as famílias de baixa renda”.
O vice-presidente também informou que será analisada a possibilidade de alterar lei federal que obriga a Defesa Civil a enviar SMS (os chamados torpedos) de alerta de desastres para a população. A mudança, conforme o vice-presidente, é que alertas cheguem aos celulares por outras formas de comunicação, não somente por SMS.
Alckmin fez um sobrevoo pela região, que foi duramente afetada por fortes chuvas. Antes, reuniu-se com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; o ministro de Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes; o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas; e o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto.
Direitos Humanos
Ontem (24), uma comitiva do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania também visitou a cidade de São Sebastião para organizar ações de ajuda humanitária na região.
Após sobrevoar as áreas afetadas pelas fortes chuvas, o ouvidor nacional dos Direitos Humanos, Bruno Renato, reforçou a importância de se mapear a região para enviar ajuda aos locais de mais difícil acesso. “É importante ter mais informações de onde as equipes precisam imediatamente atuar não só no resgate, mas também na acomodação das pessoas que ainda estão isoladas”, disse, conforme publicação no site do ministério. “Vamos continuar mobilizados no apoio ao município de São Sebastião e a toda região afetada”, completou.
O ministério disponibilizou o Disque 100 para apoiar as vítimas da tragédia no litoral norte paulista. As vítimas podem ligar para o número para pedir ajuda ou solicitar informações sobre desabrigados ou desaparecidos. O serviço, segundo o ministério, é disponibilizado todos os dias da semana, 24 horas por dia.
Tragédia
As chuvas que atingiram os municípios do litoral norte paulista no carnaval, como a cidade de São Sebastião, foi uma das maiores tragédias da história do estado. Foi também o maior acumulado de chuva que se tem registro no país, atingindo a marca de 682 milímetros em Bertioga e 626 milímetros em São Sebastião.
Os temporais deixaram um rastro de destruição e mortes. A região mais atingida foi a Barra do Sahy, em São Sebastião, onde houve desmoronamento de encostas e soterramento de casas e de pessoas. Segundo o último boletim divulgado pelo governo paulista, uma pessoa morreu em Ubatuba e 56 mortes em São Sebastião. Neste momento, os trabalhos de busca a desaparecidos continua na cidade.
Edição: Carolina Pimentel
Fonte: EBC Geral


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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