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Movimento entra com ação por preservação de sítio arqueológico em SP
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O movimento Mobiliza Saracura Vai-Vai entrou, nesta semana, com uma ação judicial pedindo a garantia de preservação no sítio arqueológico encontrado nas obras da Estação 14 Bis, na região central paulistana, que vai integrar a futura Linha 6 Laranja do Metrô. Segundo a articulação, que reúne cerca de 150 coletivos e organizações da sociedade civil, as obras colocam em risco possíveis vestígios do Quilombo Saracura, uma comunidade formada por pessoas que foram escravizadas onde está atualmente o bairro do Bixiga. 

Os riscos ficaram ainda mais evidentes, segundo o movimento, depois das chuvas da última terça-feira (7), quando uma enxurrada rompeu as barreiras de contenção e invadiu o canteiro de obras. “O temor é que as águas do rio Saracura, tamponado sob a Avenida 9 de Julho e o canteiro de obras, leve peças de interesse arqueológico”, enfatiza a nota do movimento.
O relatório da Lasca Arqueologia, empresa contratada pela concessionária Linha Uni para fazer avaliação do local, diz que foram encontrados vestígios de ocupação da primeira metade do século 20. No início do século passado, a região era conhecida por nomes como “Pequena África” ou “Quadrilátero Negro”, devido a ocupação de pessoas descendentes do antigo quilombo. Os registros em jornais da época relatam que as casas acompanhavam o trajeto do riacho, que posteriormente foi canalizado, e que animais eram criados soltos.
Foi essa comunidade que fundou, em 1930, uma das mais importantes e tradicionais escolas de samba da cidade de São Paulo, a Vai-Vai, com origem em um cordão carnavalesco que saía pelas ruas do bairro. Em 2021, a escola de samba deixou a sede na região, que foi demolida para dar lugar às obras da futura estação de metrô.
De acordo com o relatório arqueológico, apesar de ainda não terem sido localizadas peças da época do quilombo, os trabalhos de resgate continuam em paralelo com as escavações e obras para construção da estação. “Foi delimitado um polígono dentro da área do sítio Saracura, onde se concentrarão as atividades de resgate arqueológico, seguindo os protocolos de segurança da construtora e de forma alinhada ao cronograma da obra, garantindo assim a salvaguarda do contexto arqueológico sem prejudicar a instalação da estação”, ressalta o documento.
Resistência negra
A coordenadora de Direito a Cidades Antirracistas do Instituto de Referência Negra Peregum, Gisele Brito, aponta, no entanto, que o local tem um importante valor histórico por ser um ponto de resistência negra na capital paulista e que parte disso está sendo apagado. “Esses vestígios vão falar mais sobre essa história negra no Bixiga e na cidade. A gente não tem dúvidas de que o que for encontrado ali são vestígios dessa permanência negra, dessa resistência, mesmo que não sejam artefatos quilombolas”, enfatiza.
Falta ainda, na avaliação dela, que os trabalhos sejam conduzidos levando em consideração as especificidades da cultura afrobrasileira. Como exemplo, Brito menciona algumas conchas que foram encontradas nas escavações arqueológicas. “Essas conchas em um primeiro momento foram pensadas só como um material descarte do aterro. Só vai pensar assim uma pessoa que não pensar no papel de um búzio nos rituais de matriz africana. A Vai-Vai estava assentada em um tridente, não estava ali por acaso”, acrescenta.
A especialista pondera que o movimento em defesa do sítio arqueológico não é contra a ampliação do transporte público na região. “A gente não é contra o metrô, apesar que ele não precisava ter removido a Vai-Vai. Isso é uma estratégia de embranquecimento do território”, diz sobre o fato da obra ter sobreposto a sede que era ocupada há décadas pela agremiação. “A gente quer que seja feito dentro da lei e dentro de metodologias e pensamentos que levem em consideração a presença negra ali”, acrescenta.
A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a concessionária Linha Uni e aguarda resposta.
Edição: Maria Claudia
Fonte: EBC Geral
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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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