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Museu paulistano abre exposição para lembrar 100 anos da Semana de 22

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Um labirinto, diversas possibilidades de caminhos para a modernidade. Foi com essa perspectiva que o Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo inaugurou, nesta quinta-feira (2), mais uma exposição em homenagem ao centenário da Semana de Arte Moderna, celebrado em fevereiro deste ano.

Chamada de Cem Anos Modernos, a cenografia da exposição foi preparada como um labirinto, permitindo muitas possibilidades de visitação. Ela tem início com uma porta giratória, instalada no primeiro andar do museu. A partir daí, o visitante escolhe seu percurso para adentrar na modernidade cultural brasileira. A ideia é que cada pessoa que visite a exposição construa sua própria saída do labirinto. A curadoria é de Marcello Dantas e de José Miguel Wisnik.

“Essa exposição parte do conceito de tentar enxergar, retrospectivamente, não o que foi a Semana de 22, mas conectado ao que ela deixou de legado transformador dentro da arte brasileira”, disse Dantas, em entrevista coletiva na abertura da mostra. No labirinto vão surgindo tanto nomes de artistas e intelectuais que participaram da semana, como Oswald de Andrade e Heitor Villa-Lobos, quanto personalidades mais contemporâneas como Elza Soares, Emicida, Glauber Rocha e Ariano Suassuna.

Cada sala apresenta um conceito e passa a revelar a multiplicidade da cultura brasileira. Em uma das salas, o artista indígena Denilson Baniwa rediscute o movimento antropofágico, fazendo uma releitura do livro Macunaíma, de Mario de Andrade, um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna. “Que desta longa digestão renasça Makünaimî e a antropofagia originária que pertence a nós, indígenas”, diz texto escrito pelo artista e que acompanha reprodução de sua obra.

Exposição “Cem Anos Modernos”, com curadoria de Marcello Dantas e José Miguel Wisnik, no Museu da Imagem e do Som - MIS, Jardim Europa. Exposição “Cem Anos Modernos”, com curadoria de Marcello Dantas e José Miguel Wisnik, no Museu da Imagem e do Som - MIS, Jardim Europa.

Uma das salas da mostra leva ao Theatro Municipal, onde foi lançado o movimento modernista – Rovena Rosa/Agência Brasil

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Outra sala mostra a arte negra brasileira, com a reprodução de uma pintura de Abdias Nascimento onde a frase Okê Okê Okê Okê estampa a bandeira nacional. Em outro espaço, o público é levado para dentro de uma projeção do Theatro Municipal, local que sediou a Semana de 22. “Ali fazemos um mapa sonoro de tudo que aquelas paredes ouviram no último século”, explicou Dantas.

Há projeções, vídeos, músicas, sons e muita interatividade na exposição, com o público abrindo portas e gavetas para descobrir sempre um novo aspecto da cultura brasileira. “Esse sítio labiríntico é guiado por duas coisas: a sua intuição e o som. O som é uma dimensão muito importante nessa exposição”, disse Dantas. “A essência do modernismo é essa: de empurrar a gente para algum lugar desconhecido. E a linguagem dessa exposição tenta fazer isso: levar a gente de um lugar confortável para um desconfortável. E esse movimento é o movimento do modernismo”, acrescentou.

A exposição mostra ainda que os legados da Semana não se limitaram à literatura, à pintura e à música erudita, apresentando a modernidade brasileira expressa também no cinema, na música popular e na dança. Apresenta ainda uma nova visão sobre o movimento que não se limita a seu legado positivo. Uma das salas, por exemplo, apresenta o integralismo, movimento brasileiro que teve grande afinidade com o fascismo italiano. Pouco se fala sobre isso, mas o escritor e político Plínio Salgado, ligado a esse movimento, fez parte da Semana de 22.

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“A Semana de Arte Moderna também tem um lado que é o nascimento do integralismo em São Paulo. Se você pegar a porta errada, vai dar em um beco sem saída”, disse o curador. “A faca que corta o queijo é a mesma que corta o pescoço. Ou seja, a criatividade que nasce dali [do modernismo nas artes] pode apontar em várias direções. A originalidade não é necessariamente boa ou ruim. Ela aponta múltiplos gumes dessas facas”, acrescentou.

Modernismo Hoje

A exposição é parte do programa Modernismo Hoje, que soma 400 atividades em equipamentos culturais do governo de São Paulo para celebrar o centenário da Semana de 1922. Segundo o secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, essa mostra no MIS é um “grande desfecho para a vasta programação” de homenagem ao centenário do modernismo brasileiro.

“Não é uma exposição sobre a gênese do modernismo ou sobre a Semana, mas sim sobre o legado do modernismo”, disse o secretário. “É uma exposição lúdica para envolver e emocionar o público, mas tem também um sentido pedagógico e de atualização do tema para que o público saiba que o modernismo está muito presente na arte brasileira”.

O MIS fica no Jardim Europa, na capital paulista, e às terças-feiras tem entrada gratuita. Mais informações sobre a exposição podem ser obtidas no site do museu

Edição: Nádia Franco

Fonte: EBC Geral

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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