BRASIL
No Rio, Museu de Imagens do Inconsciente completa 70 anos
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Criado pela psiquiatra Nise da Silveira, em 1952, para ser um centro de estudo e pesquisa, o Museu de Imagens do Inconsciente (MII) comemora 70 anos de existência com a inauguração, neste sábado (10), de duas novas exposições simultâneas e gratuitas, que marcam o retorno das atividades do equipamento.
Às 11h, será aberta a exposição Ocupação Nise da Silveira, parceria com o Itaú Cultural, que estava em São Paulo e chega agora ao Rio de Janeiro. A mostra presta homenagem à trajetória da psiquiatra que enxergou novas formas de tratamento da saúde mental no Brasil, apresentando os métodos, as referências e os principais conceitos adotados por ela.
A outra mostra, denominada Do asilo ao parque: 70 anos de história, reúne pinturas, desenhos e esculturas produzidos pelos usuários de saúde mental em toda a história do Museu de Imagens do Inconsciente, desde a década de 40 até os dias atuais. As obras foram selecionadas pela curadoria a partir da temática de transformação do espaço do instituto no Parque Urbano Nise da Silveira. A visitação pode ser feita de terça a sábado, das 10h às 16h.
Desconstrução
A diretora do Instituto Municipal Nise da Silveira, Érika Pontes, afirmou que as duas exposições são importantes, principalmente por trazerem arte e cultura à zona norte do Rio de Janeiro, região que tem carência de acesso a esses bens. “O Instituto Municipal Nise da Silveira está se tornando um polo cultural, ligado à saúde mental”.
Segundo Érika, o instituto mantém as portas abertas, mesmo depois do fim dos leitos de internação psiquiátrica. “No dia 26 de outubro de 2021, o último paciente internado em longa permanência no Instituto voltou para a cidade. Foi morar em uma residência terapêutica, um serviço residencial terapêutico”.
Nesses locais, há cuidadores e equipe permanente de assistência. Nos últimos dez anos, 310 pacientes saíram da internação psiquiátrica e retornaram ao convívio social. Para cada um deles, foi feito um trabalho individual de adaptação. Os ex-internos fazem tratamento nos centros de Atenção Psicossocial (CAPs), que têm psiquiatra, assistente social, psicólogo.
“Com isso, a gente conseguiu concretizar a desconstrução do hospital psiquiátrico. O instituto deixa de ser um hospital psiquiátrico e passa a ser um instituto em que a arte, cultura, lazer, esporte passam a ser os nossos instrumentos de tratamento e de cuidado”.
O atendimento ambulatorial permanece sendo feito e inclui oficinas de arte, geração de renda, esporte, dança, um ginásio de lutas marciais, um trabalho com animais que assumem um papel terapêutico no tratamento.
Acervo
O acervo do Museu Imagens do Inconsciente (MII) é considerado patrimônio pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ele reúne 400 mil obras catalogadas e arquivadas. Suas coleções são tombadas como patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os ateliês terapêuticos permanecem em funcionamento, de forma que a coleção do museu é diariamente acrescida de novos itens. O MII costuma receber pesquisadores, estudantes, artistas do mundo inteiro para conhecer suas obras.
“E a gente espera que a população em geral possa ter acesso a isso. Os muros do antigo hospício foram derrubados. A gente abriu o instituto para a população”, indicou a diretora.
Érika comentou que, apesar de batizar o instituto, o nome de Nise da Silveira tem mais visibilidade no exterior. A médica natural de Alagoas é responsável por uma transformação da psiquiatria no Brasil e foi considerada, recentemente, uma heroína da Pátria pelo trabalho que desenvolveu com os doentes mentais e pelo legado que deixou. Nise da Silveira é considerada pioneira na utilização de tratamentos humanizados para pacientes com transtornos mentais.
Outras atividades
O Espaço Travessia, que também faz parte do Instituto Municipal Nise da Silveira, apresenta até o próximo dia 20 a ocupação artística “Brasil Delivery [a gente só não precariza o sonho]”, que reúne obras de cerca de 90 artistas convidados do subúrbio, da Baixada Fluminense e da América Latina, além de usuários e profissionais da saúde mental. A exposição ocorre nos antigos quartos de enfermarias e está aberta à visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h.
No Ponto de Cultura Loucura Suburbana: Engenho, Arte e Folia, que também é a sede do Bloco Carnavalesco Loucura Suburbana, há a exposição permanente de fotos: Fissura no Real, com imagens de desfile da agremiação e dos Bonecos do Germano, que são bonecos gigantes de um bloco típico do Engenho de Dentro que existiu durante décadas e que mobilizava moradores da região. A mostra funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
O Memorial da Loucura do Engenho de Dentro foi inaugurado em 2021, somando-se aos demais espaços de produção e preservação da memória do Instituto Nise da Silveira. O local possui uma exposição permanente cujo acervo revela as práticas da psiquiatria até a chegada das mudanças que começaram a ser implantadas por Nise da Silveira, com peças, documentos e instrumentos sobre a história do Instituto. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
Instituto
O Instituto Municipal Nise da Silveira faz parte da rede municipal de saúde do Rio de Janeiro. A instituição segue os preceitos da reforma psiquiátrica brasileira. Nas últimas três décadas, o trabalho esteve focado na desconstrução do aparato manicomial, tendo como base as ações de desinstitucionalização e o incremento e incentivo às atividades culturais.
Edição: Lílian Beraldo
Fonte: EBC Geral


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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