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Parentes de vítimas do “Massacre de Paraisópolis” pedem justiça
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Familiares dos jovens assassinados no caso que ficou conhecido como Massacre de Paraisópolis realizaram nesta sexta-feira (1°) um ato para lembrar o aniversário de quatro anos do episódio. As famílias e amigos das nove vítimas mortas no baile funk DZ7 contaram com o apoio de integrantes de movimentos sociais, como a Rede Emancipa e a União da Juventude Comunista (UJC), para fazer a mobilização e evidenciar o acontecimento como uma violência cometida pelo Estado. Ao todo, 13 policiais respondem pelo crime.
Por volta de 18h, os manifestantes pararam o fluxo de uma das vias em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), estendendo uma faixa preta aonde se lia “Massacre de Paraisópolis – Hora da Justiça”. O protesto seguiu sem problemas. Organizadores chegaram a negociar com a Polícia Militar a caminhada dos manifestantes e o uso de um carro de som.
Em entrevista à Agência Brasil, a doméstica Adriana Regina dos Santos, mãe do jovem Dennys Guilherme dos Santos, uma das vítimas da chacina, lamentou a demora na responsabilização pela morte do filho. A primeira parte do julgamento aconteceu somente no final de julho deste ano e a segunda está marcada para o próximo dia 18.
“São quatro anos. É desumano, é descaso demais, é desrespeito demais”, afirmou ela. “Dizem que os direitos são iguais. Digo ‘dizem’ porque, para mim, não são. Se tivesse direitos iguais, esses policiais estariam pagando. Eu não estaria aqui pedindo justiça. Eu me sinto como se estivesse pedindo vingança e não é, é justiça. É o mínimo, dói demais. Daqui a 27 dias, meu filho completaria 21 anos, mas ele não conseguiu nem completar 17”.
Para Adriana, o fato de o filho ser negro e pobre muda a forma como a sociedade e o Poder Judiciário encaram o que lhe aconteceu. “Se tivesse ali um ‘filhinho de papai’ entre os nove, os nossos seriam também beneficiados pela Justiça. É repugnante. Eu sei, pela índole dele, que meu filho jamais daria problema para a polícia. É a dor da perda e a dor da revolta”, declara.
Perguntada se sempre teve medo da polícia, por conta da truculência com que tratam negros em geral, Adriana responde que não. E conta que, poucos dias antes da morte de seu filho, eles tiveram um diálogo justamente sobre o assunto.
Ele havia se queixado de ter sido parado e revistado pela polícia e ela o acalmou. “Eu falei: que bom, sinal de que a gente tem polícia”. Após a morte do filho, no entanto, começou a rever o tipo de tratamento que os agentes de segurança do Estado dão a pessoas como Dennys e tantos outros.
“Hoje eu não sei qual a educação que dou para meu filho de 14 anos sobre a polícia, porque fico imaginando. Ele é grande e logo deve estar ‘tomando blitz’. Porque, onde a gente mora, chega abrindo a viatura, mostrando a arma e [dizendo] ‘mão na cabeça, vagabundo’”, disse.
“O que meu filho vai fazer? Se ele se lembrar do irmão, vai falar: bom, se coloco a mão na cabeça, vão me matar e, se correr, vão matar. E eu falo o quê? ‘Confia na polícia’? Eu não confio mais”, completou.
Já Ivanira Aparecida da Silva, mãe de Eduardo da Silva, disse que percebeu haver pessoas que se sensibilizam com sua luta por justiça, e isso a ajuda. “Eu acredito é nisso aqui”, afirmou, referindo-se ao protesto e a outros esforços coletivos. “É na união. E união é a força. A Defensoria Pública, que está com a gente, e agora em outro julgamento. Tenho fé em Deus que agora o juiz bata o martelo e os leve [os policiais] a júri popular.”
Nesta sexta-feira, a defensora pública Fernanda Balera, que acompanha o caso, informou à reportagem que, no dia 22 de novembro, a última família foi indenizada. A indenização obtida por Ivanira, com o auxílio da Defensoria Pública, foi fundamental, segundo ela, para reestruturar sua família.
Homenagem
O grupo de mulheres Pão e Rosas também participou do ato, apoiando as mães das vítimas do baile funk DZ7. Elas usaram placas que imitam as usadas na identificação das ruas. Algo parecido foi feito em homenagem à Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro em 2018. Para Letícia Parks, integrante do grupo, as ruas deveriam levar nomes de vítimas como Marielle e os nove mortos no baile funk.
“Isso [a violência] diz muito em um país onde todos os homenageados [com placas de rua] são assassinos, racistas, bandeirantes. São estátuas, placas de rua, tudo em nome de homenagear gente horrível, que não devia fazer parte da nossa memória. E crianças, jovens como esses, que a gente acredita que não devam ser esquecidos… A gente queria que todas ruas fossem renomeadas. Por enquanto, a gente não consegue. Então, usa esse símbolo da luta por memória como uma luta por justiça”.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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