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Plataforma de petróleo: saiba como é o dia a dia na “Avenida Brasil”

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Quem contempla o horizonte da Praia de Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, observa as Ilhas Cagarras, que ficam a menos de 5 quilômetros (km) da faixa de areia. Fora isso, só se enxerga o mar. Os olhos não conseguem ver, mas a 200 km em linha reta está uma plataforma de petróleo que parece uma gigantesca indústria cercada pelo oceano.

É a P-71, da Petrobras, no Campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, que se aproxima do seu recorde de produção em outubro, mês em que a Petrobras completa 70 anos. A convite da estatal, a reportagem da Agência Brasil embarcou em um helicóptero, visitou a P-71 e reuniu algumas curiosidades sobre a estrutura, considerada um dos destaques do pré-sal.

Navio ou plataforma?

A P-71 é uma plataforma do tipo FPSO, sigla em inglês para floating production storage and offloading. Isso significa que ela é um sistema flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo. Simplificando: é uma plataforma montada em cima de um casco de navio. Se diferencia das plataformas que ficam mais próximas ao continente, que são estáticas e parecem um guindaste apoiado em quatro gigantescas pilastras.

Os FPSOs são ancorados no fundo do mar. No caso da P-71, são 22 linhas de ancoragem, concentradas nas pontas da embarcação. Ela não tem motor, ou seja, apenas flutua, e precisou ser rebocada do estaleiro até a Bacia de Santos. Pesa cerca de 78 toneladas, o que equivale ao peso de 220 boeings.

Os FPSOs têm capacidade para separar o petróleo do gás e da água durante o processo de produção, armazená-lo nos tanques de carga para, finalmente, transferi-lo para os navios que serão os responsáveis pelo seu transporte.

Equipe confinada

Por vez, 166 pessoas ficam na P-71 para manter a operação. A força de trabalho na P-71 é majoritariamente masculina. As mulheres, geralmente, são 10% dos funcionários, no máximo.

Os trabalhadores cumprem turnos de 14 dias seguidos, com 21 dias de folga para funcionários da Petrobras. Algumas empresas terceirizadas adotam 14 dias de descanso. Os turnos de trabalho são de 12 horas.

Na área de acomodações, os funcionários têm espaços para esporte e lazer, como academia e sala de jogos. Leia mais sobre a equipe de trabalhadores na plataforma.

 

Fabricação replicante

A P-71 é a sexta e última plataforma de um modelo replicante. Isso significa que o mesmo projeto de engenharia padronizado deu origem a seis FPSOs. É como se fossem sêxtuplos. Contando o fundo do navio até a parte mais alta, a P-71 tem 120 metros (m). Desses, 35 m ficam abaixo da linha d’água. O ponto mais alto da plataforma (75 m acima do leito do mar) é a estrutura que sustenta o flare, a queima constante de gás. No caso da P-71, essa combustão é apenas um piloto de segurança, e não desperdício de gás.

Avenida Brasil

Os FPSOs originados desse processo replicante têm um longo corredor chamado Avenida Brasil. É como se fosse realmente uma rua dentro da plataforma. São cerca de 330 metros de extensão. Para se ter uma ideia, é como se fossem três campos de futebol alinhados. Para percorrer ida e volta, em uma velocidade normal de caminhada, seriam necessários cerca de dez minutos.

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Ligando proa e popa, a Avenida Brasil praticamente dá acesso a todas as áreas da parte industrial do navio-plataforma. Uma capilaridade que passa pelos 17 módulos da P-71.

Diferentemente desses módulos, a maior parte da Avenida Brasil, apesar das dimensões amplas, não recebe luz direta do Sol, pois é coberta por uma estrutura que dá suporte a quilômetros de cabos e tubulações. Uma espécie de sistema circulatório da plataforma.

Construção em módulos

Os 17 módulos têm funções específicas, que vão de processamento de óleo e gás, tratamento de água, geração de energia elétrica a toda a parte de acomodações, chamada de casario. A energia elétrica produzida na plataforma seria suficiente para abastecer uma cidade com 250 mil habitantes.

Na parte de acomodações, além de alojamentos, há diversas formas de entretenimento e lazer para os 166 funcionários que passam 14 dias embarcados. São salas de jogos (inclusive eletrônicos), leitura e academia, por exemplo. No refeitório, preocupação com dietas específicas. O cardápio vegano é uma opção.

Chuveiros de emergência

Um passeio pela Avenida Brasil deixa evidente uma das prioridades da tripulação da P-71: a segurança. Pelas alas que ligam os módulos industriais há diversos chuveiros. A função deles é bem específica: em caso de emergência como contato acidental com algum elemento químico, em poucos passos (e tempo), o funcionário já tem uma forma de lavar mãos, rostos e olhos, por exemplo.

Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 - Navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 - Navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil

Segurança é uma das preocupações na plataforma – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Outro sinal flagrante da preocupação com a segurança é que, na área industrial, o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) é obrigatório. São macacão antichamas, bota de proteção, óculos, luvas e protetor auricular.

A repetição é uma das formas de incrustar a preocupação com a segurança na mente dos trabalhadores. Além de sinalização por todas as partes da plataforma, todos que chegam à P-71 precisam assistir a um vídeo com instruções de segurança.

Por toda a plataforma há alto-falantes que permitem que todos os funcionários possam ser comunicados ou acionados em qualquer lugar. No interior do FPSO, a sala de comando faz o monitoramento da operação em tempo real.

Robôs

Outra iniciativa que contribui para a redução de riscos e aumento da segurança é o uso da tecnologia para fazer trabalhos mais difíceis. Um exemplo são robôs que realizam a pintura do casco. Há também o rover, robôs submarinos que realizam inspeções. Outra função que foi substituída é a vistoria humana do flare, a 75 metros de altura. Os drones são capazes de realizar o procedimento, inclusive, sem interromper o funcionamento da queima de gás.

Produção diária

A operação do navio-plataforma se dá 24 horas por dia, sete dias por semana. Para o trabalho de tirar óleo do fundo do mar, não existe fim de semana ou feriado. A capacidade de produção de gás é de 6 milhões de metros cúbicos.

A P-71 se aproxima do topo de extração de óleo do pré-sal: 150 mil barris por dia. Isso significa 6,2 mil por hora, 104 por minuto. O FPSO pode estocar até 1,6 milhão de barris de óleo. Dessa forma, quando tiver atingido a capacidade máxima, a plataforma precisará de dez dias para lotar o armazenamento.

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A ligação da plataforma com um quarto poço de petróleo é o gatilho que permitirá chegar à capacidade máxima. O projeto da P-71 contempla a ligação com sete poços nos próximos anos. Uma curiosidade é que saltar de quatro para sete poços não significa ultrapassar a marca de 150 mil barris por dia. Na verdade, é uma forma de não deixar a produção ser reduzida. Isso acontece porque, à medida que novos postos vão sendo conectados, os primeiros, naturalmente, vão se esgotando.

Esse entendimento ajuda também a diferenciar o que é um poço e o que é um reservatório. O poço é o acesso perfurado e estruturado para a retirada de petróleo do reservatório.

Qualidade do óleo

O processamento intermitente do óleo do pré-sal é acompanhado por controle interno de qualidade. Algumas das tubulações pelas quais o óleo passa recebem isolamento térmico, que mantém a temperatura uniformizada, independentemente do ambiente externo. Há coleta regulares de amostras de óleo que são levadas para um laboratório dentro da plataforma. Lá são checadas as condições do produto extraído a 7 mil metros de profundidade. A análise laboratorial pode identificar se fatores como a presença de sal ou água alteram as características do petróleo. Uma sinalização aciona um processo de intervenção para garantir a qualidade final do “ouro negro”.

Cercada por navios

Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 - Navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 - Navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil

Acesso à P-71 é feito por meio de helicópteros – Tânia Rêgo/Agência Brasil

A chegada e saída de passageiros é feita exclusivamente por helicópteros, que fazem base no aeroporto de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. Os voos levam cerca de 50 minutos a uma hora, dependendo das condições climáticas.

Apesar da sensação de isolamento, cercada apenas pelo mar, uma visão panorâmica a partir do convés da P-71 revela que a plataforma está sempre acompanhada por outras embarcações. É como se fossem satélites rodeando um planeta. São navios envolvidos no abastecimento de suprimentos, apoio operacional para a instalação de dutos submarinos e descarga do petróleo estocado. É comum também a presença de sondas perfuradoras, uma vez que os FPSOs não fazem perfuração.

A descarga do óleo armazenado é feita por enormes tubulações que fazem o transbordo para navios-aliviadores – especialmente desenvolvidos para transportar óleo das plataformas. O volume de 1,6 milhão de barris de óleo que pode ser estocado na P-71 pesa aproximadamente 200 toneladas, que criam uma situação curiosa durante o procedimento de escoamento:

“No começo do procedimento, de tão pesada que a plataforma está, vemos o navio-aliviador lá em cima”, conta o coordenador de manutenção, Juparã Vianna, simulando um desnivelamento com as mãos. “À medida que o óleo passa para a outra embarcação, percebe-se claramente que vamos ficando mais leves, flutuando mais, e o navio-aliviador vai ficando mais pesado, como se estivesse afundando no leito d’água”, completa.  

*O repórter viajou a convite da Petrobras.

Fonte: EBC GERAL

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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