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Rio celebra história e resistência negra neste domingo

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Instituído por decreto em 2011, o Circuito da Herança Africana no Rio de Janeiro, que abrange a região portuária conhecida como Pequena África, revela escavações arqueológicas e locais de resistência e tentativa de apagamento da história negra na cidade.

O professor Flávio Henrique Cardoso, que promove aulas públicas para ensinar a história da região e da chegada dos africanos escravizados no país, lamenta a situação de abandono de alguns espaços. Antes da pandemia, em 2019, ele alertava para a falta de investimentos na região, o que não mudou muito, desde então.

“A Pequena África continua nas mesmas condições que estava em 2019, ou seja, os locais que estavam com falta de iluminação continuam. Mas os circuitos continuam acontecendo da mesma forma. No pós-pandemia piorou um pouco, mas nada que impeça de fazer o circuito.”

Questionada sobre investimento nos equipamentos nos últimos três anos, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp) respondeu apenas sobre a inauguração do Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), no ano passado. O espaço funciona no Centro Cultural José Bonifácio e é uma das atrações que não abre aos domingos.

Outra que não abre no domingo é o Instituto dos Pretos Novos (INP), que abriga parte do cemitério onde eram enterradas as pessoas traficadas de África que morriam após a entrada na Baía de Guanabara. Mas a Pedra do Sal, o Jardim Suspenso do Valongo, o Largo do Depósito e o Cais do Valongo estão abertos todos os dias.

Cais do Valongo

Passados cinco anos do tombamento do Cais do Valongo como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o local requer obras de revitalização, conservação e sinalização, bem como a elaboração de um plano gestor do patrimônio e a efetiva implantação do Comitê Gestor.

Um projeto de lei para ampliar a proteção do bem tramita na Câmara dos Deputados e a Coordenadoria Executiva de Promoção da Igualdade Racial da prefeitura informa que tem trabalhado para suprir a falta do Comitê Gestor, com ações por meio do Círculo do Valongo.

Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o órgão tem trabalhado na captação de recursos e na implementação de ações como a elaboração do projeto de restauração e adequação do prédio das Docas Pedro II, que fica em frente ao local, para abrigar o Centro de Interpretação do Cais do Valongo, ponto de informações sobre a história do cais a visitantes e turistas.

O Cais do Valongo foi construído em 1811, sendo o principal ponto de desembarque e comércio de africanos escravizados nas Américas até 1831, quando foi proibido o tráfico transatlântico de pessoas. A estimativa é que entre 500 mil e um milhão de escravizados tenham desembarcado no Brasil pelo Valongo. O local foi aterrado nas reformas urbanas de 1911 e os vestígios foram revelados em 2011, durante as obras do projeto Porto Maravilha.

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Em julho de 2017, a Unesco incluiu o sítio na lista de patrimônio cultural mundial, descrito como “a mais importante evidência física associada à chegada histórica de africanos escravizados no continente americano”. 

Museu de Arte do Rio

Gerido pela Organização de Estados Ibero-americanos no Brasil (OEI) desde janeiro deste ano e como um museu inserido na região da Pequena África, com ações de inclusão social e cultural da população do entorno, o Museu de Arte do Rio (MAR) celebra o 20 de novembro com quatro exposições de artistas negros e com temáticas raciais em cartaz.

A mostra principal no momento é Um Defeito de Cor, que pode ser vista até o dia 14 de maio de 2023. Ela traz uma interpretação do livro homônimo de Ana Maria Gonçalves, lançado há 16 anos e já considerado um clássico da literatura afrofeminista brasileira.

É uma “história real romanceada”, explicou a autora, o livro traz a saga de Kehinde, natural do Reino de Daomé e sequestrada na costa de onde é hoje a República do Benin, aos seis anos de idade, e trazida para o Brasil como escrava no início do século 19.

A revisão historiográfica da escravidão aborda lutas, contextos sociais e culturais do século, com 400 obras como desenhos, pinturas, vídeos, esculturas e instalações de mais de cem artistas brasileiros e africanos, incluindo trabalhos inéditos de Kwaku Ananse Kintê, Kika Carvalho, Antonio Oloxedê, Goya Lopes, produzidos especialmente para a mostra.

Um dos artistas participantes é o pintor Renan Teles, de Itaquera (SP). Para ele, a presença negra nas artes visuais é uma forma de corrigir o passado de exclusão em todos os níveis que a população negra sofreu ao longo da história brasileira.

“Nós não fomos levados como a potência que somos. Se eu, como pessoa negra, não tenho acesso às minhas raízes e à minha história, como eu posso pensar no futuro e usar isso como base no presente?”.

A exposição está dividida em dez núcleos que se espelham nos 10 capítulos do livro, sobre revoltas negras, empreendedorismo, protagonismo feminino, culto aos ancestrais, África Contemporânea. Um dos locais que a personagem passa na busca por seu filho, Luiz Gama, vendido como escravo pelo próprio pai, um barão português, é a região da Pequena África no Rio de Janeiro.

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Literatura afrofeminista

Outra exposição atual promovida pelo MAR com raízes na literatura afrofeminista clássica brasileira é Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros. A ocupação artística gratuita pode ser vista até o dia 15 de dezembro no Parque Madureira, na zona norte da cidade. A mostra apresenta cerca de cem obras de dez artistas, entre fotografias, vídeos, colagens e reportagens de jornal, para homenagear a escritora favelada e catadora de papel de Quarto de Despejo, lançado em 1960 e com tradução para 13 línguas.

Já a mostra individual Agnaldo Manuel dos Santos – A conquista da modernidade apresenta 70 esculturas de madeira do artista negro baiano, morto em 1962, produzidas em diferentes fases de sua carreira. A exposição pode ser vista até o dia 23 de fevereiro de 2023 e reúne obras de museus e coleções privadas organizadas nos eixos Esculpindo uma Trajetória, O Universo das Carrancas, Sobre Gente e Afeto, A África de Agnaldo e Entre Santos e Ex-votos.

Também resgatando a temática racial, a mostra itinerante da 34ª Bienal de São Paulo em cartaz no MAR traz, até 22 de janeiro de 2023, a exposição Os retratos de Frederick Douglass, escritor, orador e político negro que fugiu da escravidão na adolescência e se tornou símbolo da luta abolicionista nos Estados Unidos no século 19. Integram a mostra cerca de 30 obras de 13 artistas de oito países.

Além disso, no mês passado o MAR hasteou uma nova bandeira, em que expressa o conceito da filósofa negra brasileira Lélia Gonzales (1935-1994) do pretuguês, com reflexões sobre o lugar de fala da mulher negra e da ancestralidade afro-brasileira.A bandeira foi criada pela artista Rosana Paulino e ficará hasteada até o primeiro semestre. 

Outra iniciativa, inaugurada nesta semana, é o mural Pretas no Poder, pintado na Rua Pintora Tia Lúcia, resultado de uma oficina de grafite promovida em parceria com o curso de extensão Universidade das Quebradas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Instituto Cultural Vale. Os participantes foram orientados pelo grafiteiro Airá Ocrespo.

Edição: Maria Claudia

Fonte: EBC Geral

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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