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Zona oeste concentra uma de cada três empresas da cidade do Rio

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Uma região que ocupa mais de dois terços da extensão territorial da cidade do Rio de Janeiro, reúne quase metade da população carioca e concentra atividades econômicas que vão da hotelaria à indústria, passando pelo comércio e agropecuária. Esse é um perfil da zona oeste da capital fluminense, que ganhou o noticiário na última segunda-feira (23).

No entanto, foi outra característica da zona oeste que fez o conjunto de bairros estampar manchetes: a reação de milicianos a uma operação da polícia que terminou com a morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como o número 2 na hierarquia da milícia que atua na região. Em apenas uma tarde, 35 ônibus foram incendiados pelos criminosos.

A delimitação zona oeste é uma classificação meramente geográfica – ou seja, não oficial, porém muito popularmente usada – na cidade que tem ainda as zonas norte, sul e o centro. Quem não conhece o mapa do Rio de Janeiro pode se perguntar, então, se não haveria uma zona leste. A resposta é não, pois essa classificação apontaria para o mar, a Baía de Guanabara.

 

Delimitação administrativa

Para facilitar a administração da cidade, a prefeitura carioca divide o território do município em cinco áreas de planejamento (APs). Dentro delas ficam as regiões administrativas, que englobam bairros vizinhos.

A zona oeste do Rio é formada pelas APs 4 e 5. É preciso, aproximadamente, uma hora de carro para se chegar a qualquer uma dessas duas APs. Juntas somam 43 bairros. Uma característica da região é a diferença entre as APs, causando, de certa forma, um estranhamento em chamar toda a região de zona oeste. São desigualdades sociais e econômicas marcantes.

De acordo com o censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2010, a zona oeste tem 2,6 milhões de habitantes, pouco mais de 40% da população do município, que ocupam 70% da cidade.

“A zona oeste hoje era a antiga zona rural do Rio de Janeiro, tinha uma relevância muito grande na questão da agricultura e da pecuária. Abastecia a cidade do Rio e até outros municípios. Ao longo do século 20, a região foi ganhando relevância também do ponto de vista da indústria”, explica à Agência Brasil o jornalista e escritor André Luis Mansur Baptista, autor de livros sobre a história da cidade.

“A região sofreu um processo muito desordenado de crescimento populacional, principalmente a partir dos anos 60 em diante”, conta Mansur, morador da região.

27/10/2023 - Rio de Janeiro (RJ), Foto feita em 08/03/2014 - As Forças Armadas voltaram a ocupar a Vila Kennedy, zona oeste da cidade. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil) 27/10/2023 - Rio de Janeiro (RJ), Foto feita em 08/03/2014 - As Forças Armadas voltaram a ocupar a Vila Kennedy, zona oeste da cidade. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Situada na AP 5, Vila Kennedy foi ocupada pelas Forças Armadas e forças estaduais de segurança em 2014, para instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora – Tânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil

Dados compilados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego, apontam que, em 2021, a região abrigava 37,2 mil empresas, com 466,1 mil vínculos empregatícios. Isso representava 32,2% do total de negócios do município e 23,9% dos empregos da cidade.

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Os ataques criminosos do começo da semana se concentraram na AP 5, que reúne bairros como Bangu, Campo Grande, Guaratiba, Realengo e Santa Cruz e é margeada por dois parques estaduais, Mendanha e Pedra Branca – enormes maciços cobertos por vegetação.

Zona de indústria

Nesta AP específica, vivem 1,7 milhão de habitantes. Desses, 330 mil moram em Campo Grande, o bairro mais populoso do Rio.

A partir da década de 1960, surgiram os distritos industriais de Campo Grande e Santa Cruz, fazendo a região se destacar pelo potencial das fábricas.

São plantas como a da fabricante de pneus Michelin, em Campo Grande, as siderúrgicas Gerdau e Ternium Companhia Siderúrgica do Atlântico, e a Casa da Moeda do Brasil, essas últimas no distrito industrial de Santa Cruz. Ainda há negócios industriais nos ramos de alimentos e bebidas, metalurgia e química, entre outros.

Ainda em Santa Cruz, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constrói o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, em uma área equivalente a cerca de 60 campos de futebol. A fábrica terá capacidade de produção estimada em 120 milhões de frascos de vacinas e biofármacos por ano.

O complexo da Fiocruz dialoga com áreas de atuação do Campus Zona Oeste da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ-ZO), que oferece cursos e ciências biológicas, saúde, engenharia e ciências exatas.

Porto de contêiner

O economista Mauro Osório, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que um dos incentivos para atrair empresas e desenvolver o parque industrial da zona oeste do Rio de Janeiro é o Porto de Sepetiba. Apesar de Sepetiba ser o nome de um bairro da região, o porto fica em Itaguaí, cidade da região metropolitana vizinha à zona oeste.

“Você tem um terminal de contêiner em Itaguaí. Terminal de contêiner é um porto para exportar produto industrial. A indústria gosta de se instalar perto de porto de contêiner porque ela carrega o navio e vende para outros estados e países”, explica.

“O fato de ter um porto de contêiner funcionando com capacidade ociosa [sem gargalos, como fila para navios atracarem] é um ativo para atrair mais indústrias para a zona oeste”, completa.

Calçadão

A dinâmica que as indústrias e agropecuária deram à região ajudou a desenvolver atividades de comércio e serviço. São famosos os calçadões de Bangu e de Campo Grande. Trata-se de uma espécie de shopping a céu aberto, bem perto das estações de trem desses dois bairros.

Um fluxo de pessoas que lembra os famosos centros de comércio popular da 25 de Março, em São Paulo, e Saara, no centro do Rio de Janeiro. Uma diferença, porém, é que a movimentação é induzida pela economia da região e não atrai “dinheiro de fora”, de acordo com Osório.

“O comércio que existe na zona oeste serve para atender a população. Não é um fator de dinamização. A capacidade de dinamizar a região está bem mais na indústria e na agricultura”. O mesmo vale para o setor de serviços, de acordo com o economista. “Um dentista na zona oeste atende a renda que já tem lá, não gera renda nova”, exemplifica.

Zona de turismo

À medida que se aproxima das praias, a zona oeste passa por uma mudança de ares. Na AP 4, que abriga bairros como a Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá, fica meno flagrante o potencial industrial e mais exacerbadas atividades ligadas ao comércio, serviços e turismo. Novecentas mil pessoas moram nessa delimitação administrativa.

Rio de Janeiro (RJ), 27/10/2023 - Fachada do shopping center VillageMall, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil Rio de Janeiro (RJ), 27/10/2023 - Fachada do shopping center VillageMall, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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Fachada do shopping center VillageMall, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Nessa parte da cidade, são comuns shoppings de alta renda. Também fica lá um terço da rede hoteleira da capital fluminense, de acordo com o presidente do Sindicato Patronal de Todos os Meios de Hospedagem do Município do Rio (HotéisRIO), Alfredo Lopes. A Barra da Tijuca capitaneia essa localização, seguida pelo Recreio dos Bandeirantes e a chamada área olímpica, entre a Barra e Jacarepaguá – espaço que reuniu competições e hospedagens durante a Olimpíada de 2016.

Lopes entende que a indústria de hotéis ainda tem espaço para crescer na região e destaca um diferencial em relação à zona sul, região turística mais perto do centro e que abrange as praias de Ipanema, Leblon e Copacabana. “A gente tem muitos turistas para evento”, aponta ao contextualizar que muitos centros de convenção ficam na zona oeste. “Mas temos também turistas de lazer no verão e nos fins de semana. Muitos de países do Mercosul”, completa.

Empregos

Apesar de ter menos moradores que a AP 5, a AP 4 emprega mais pessoas. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, a área concentra 25 mil empresas, com 302,5 mil empregos. Já na AP 5, os números são 12,2 mil empresas, com 163,6 mil vínculos empregatícios.

Um dos setores que ajudam na criação de empregos e renda na região da Barra da Tijuca é o de hotéis.

“O hotel não é robotizado, diferentemente das montadoras de carro e outras indústrias. São garçons, recepcionistas, arrumadeiras. A gente emprega muitos postos de trabalho, das mais variadas qualificações. Eu diria até que estamos com falta de profissionais no mercado. Com a retomada pós-pandemia, estamos sentindo falta de pessoas qualificadas”, afirma Lopes.

Fonte: EBC GERAL

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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