MATO GROSSO
Secretárias e procurador municipal indicavam serviços fantasmas para emissão de notas ficais
MATO GROSSO
A investigação da Polícia Civil, que apurou o esquema de desvio de recursos da Prefeitura de Rio Branco, apontou que o procurador municipal e as secretárias de Finanças e de Administração solicitaram ao empresário J.R.P., que mantinha contratos com o município, a desviar diversos valores falsificando serviços e emitindo notas por serviços que não foram prestados.
J.R.P. teve a suspensão de contratos com a prefeitura determinadas pela Justiça a pedido da Polícia Civil, além de ser alvo de prisão e de buscas. Ele está foragido e é alvo de outra investigação da Delegacia de Mirassol d’Oeste, quando também teve a prisão decretada, por fraude em concurso público daquele município.
Os servidores municipais de Rio Branco foram afastados do cargo e tiveram as prisões decretadas, contudo, um deles, o chefe de gabinete da prefeitura, está foragido.
Durante as buscas nesta quarta-feira (19), na casa de uma das secretárias foram apreendidos R$ 6,5 mil e em um dos endereços do empresário, os policiais encontraram uma arma de fogo e munições. Os mandados judiciais foram cumpridos durante a Operação Corrupção Delivery em uma investigação da Delegacia de Rio Branco que investiga a associação criminosa formada, peculato, falsidade ideológica e lavagem de capitais.
Esquema de desvios
De acordo com o delegado responsável pela investigação, Jean Paulo Nascimento, todo o esquema descoberto funcionava em uma espécie de sistema delivery, pois os secretários envolvidos encomendavam a J.R.P. a nota fiscal indicando o falso serviço a ser lançado e depois recebiam os valores em conta de terceiros.
Ao fazer contato com o empresário, o servidor público já determinava o valor que precisava que fosse “livre”, já encaminhando o objeto 9serviço fantasma) a ser colocado na nota de prestação de serviços. O valor livre se refere à quantia que o servidor desejava. J.R.P. então emitia a nota fiscal por meio de suas empresas que prestavam serviços à Prefeitura de Rio Branco e fazia a comunicação via e-mail ou por mensagem em Whatsapp.
O servidor então transferia o valor da nota, descontando imposto, para conta bancária das empresas de J.R.P., que retornava o valor em espécie ou fazia transferência para a conta de terceiros indicada pelos servidores públicos, mas antes fazendo o desconto de sua fração no esquema.
O delegado responsável pela investigação, Jean Paulo Nascimento, explica que a nota fiscal era sempre feita em valor maior que o valor solicitado, sendo que J.R.P. também ficava com a sua parcela do dinheiro ilícito. “Desta forma, apropriaram-se de valores do erário, sem a devida prestação do serviço, modalidade conhecida como contratação de serviços fantasmas”.
Na análise das conversas extraídas de celular apreendido de J.R.P. na ocasião em que ele foi preso pelo homicídio de um advogado em São José dos Quatro Marcos, foram encontrados diversos diálogos mantidos entre ele e o procurador da prefeitura à época e que, atualmente, era chefe de gabinete.
Entre um dos diálogos, o chefe de gabinete encaminha a conta de um sobrinho para que o valor acordado (“R$ 3 mil livre”) seja encaminhado. Porém, o empresário informa que está em Rio Branco e o chefe de gabinete pede, então, que o valor seja sacado e entregue em mãos.
Em outra conversa, o chefe de gabinete novamente procura J.R.P. e diz que estão precisando de notas fiscais. “Ressalta-se novamente que ele sempre utiliza o verbo no plural (‘estamos’), aponta trecho do relatório.
É o então procurador da prefeitura à época quem determinava o tipo de prestação de serviço que deverá ser colocado nas notas dos serviços fantasmas, acrescentando ainda que o serviço já foi realizado. Dessa vez, ele diz que precisa de “2 livre” e novamente encaminha um e-mail para que a nota fiscal seja preenchida, a fim de que o ordenador de despesas da prefeitura faça o pagamento.
A investigação apurou ainda que nos diálogos, os serviços informados pelos dois participantes do esquema são claramente fantasma, pois não foram prestados por J.R.P. ou suas empresas. Quando o procurador lhe informa que o serviço já tinha sido realizado, J.R.P se mostra preocupado em quem teria feito tal serviço, quando então o servidor da prefeitura o tranquiliza, dizendo que foi ele próprio e uma outra servidora “gente fina” que realizaram tal serviço.
Outra constatação no inquérito policial sobre o esquema é o e-mail para o qual o procurador pedia que fossem remetidas as notas fiscais falsas. O endereço é um e-mail particular da secretária de Finanças que recebia as notas fraudulentas.
Em julho de 2021, o procurador volta a pedir ao empresário que forneça outra nota fiscal para repetir a ação criminosa e solicita o valor de “2 livre”, ressaltando que o valor da nota não pode passar de três mil reais. Ele faz o alerta porque no desvio anterior foi emitida uma nota com valor acima de quatro mil reais e pede que o ‘serviço’ seja feito ainda na mesma data, com urgência, pois a secretária de Finanças se ausentaria da prefeitura nos dias seguintes.
Após dois dias, o procurador envia o comprovante de transferência de R$ 2.925,60 da conta bancária da Prefeitura de Rio Branco para uma empresa de J.R.P. e na sequência manda os dados da conta de seu sobrinho. O procurador diz o seguinte ao fazer a cobrança: “Manda aí.. estamos duro kk”. J.R.P. responde com um áudio: “Opa, esqueci de te avisar. Aquela hora memo, tá dentro lá”.
“Nota-se a ironia na fala do procurador e total descaso com o dinheiro público, sendo que este ironiza para que o dinheiro fosse mandado logo porque já era ‘sexta-feira’. Isto deixa claro que nenhum serviço era prestado e que todo o dinheiro desviado era utilizado de forma pessoal pelos envolvidos, com gastanças nos feriados e finais de semana”, pontua o delegado Jean Paulo.
Em outra conversa, o empresário adverte o procurador que o falso serviço a ser prestado estava muito amplo e que isso poderia gerar desconfiança e atrapalhar os negócios dele. “Então, mas eu fico preocupado com esse objeto, esse termo é de refência do que? Que tipo de coisa, (FULANO)? Tem que limitar porque senão depois cria problema pra os outro processo meu aí.”
“A atuação criminosa já estava em estágio tão avançado que todos os termos do negócio ilícito eram discutidos, negociação do valor da propina a ser recebida pela emissão da nota, falso serviço a ser prestado, palavras e termos a serem colocados para não gerar desconfiança”, comentou o delegado.
A investigação detalhou o esquema criminoso e apontou os valores que J.R.P. recebeu da Prefeitura de Rio Branco, sempre valores baixos, mas constantes durante os anos. A maior parte das notas fiscais vinculadas aos empenhos era assinada pelas secretárias de Finanças e de Administração.
“O núcleo central que controla e zela pelo erário estava envolvido na trama criminosa com um prestador de serviço habitual da administração pública, o que torna todos os contratos administrativos celebrados com essa empresa, no mínimo, suspeitos e passíveis de revisão, em especial o que são feitos mediante dispensa/inexigibilidade de licitação”, acrescenta o delegado.
Depósitos em espécie e fracionados, abaixo de R$ 2 mil são comumente utilizados para evitar comunicação ao Banco Central e burlar a fiscalização, pois acima desse valor devem conter nome e CPF do depositante/sacador.
Além dos servidores e o empresário investigados, três pessoas que facilitaram o desvio do dinheiro público emprestando contas bancárias para recebimento dos valores ilícitos também são alvos da investigação.


MATO GROSSO
Sebrae/MT promove AI Tour para capacitar líderes e empreendedores em Inteligência Artificial

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT) e a plataforma StartSe promovem a AI Tour, uma jornada prática de capacitação voltada para líderes e empreendedores interessados em aplicar a Inteligência Artificial (IA) em seus negócios. O evento conta com imersões sobre ferramentas como ChatGPT, Gemini, Leonardo AI e Promptly, abordando fundamentos, boas práticas e aplicações reais para acelerar estratégias e otimizar processos. A Inteligência Artificial é uma das prioridades da instituição.
De acordo com o diretor técnico do Sebrae/MT, André Schelini, a iniciativa realizada entre os dias 28 e 29 de agosto representa uma oportunidade única para que empresários adquiram diferenciais competitivos. “O objetivo é preparar gestores para atuar com inovação, otimizando processos e garantindo maior competitividade e vantagens estratégicas para seus negócios”, destacou. Entre os principais benefícios estão a redução de custos, aumento da produtividade e a automatização de tarefas, liberando gestores para decisões mais estratégicas.
A capacitação permite que os participantes compreendam o impacto da IA na gestão operacional, aprendam a criar agentes autônomos, desenvolvam projetos com o AI Canvas e descubram como proteger modelos de IA. Segundo o gerente de Inovação do Sebrae/MT, Lucas Moreira, a metodologia foi pensada para gerar resultados imediatos. “Será uma imersão prática e de alto impacto, com aplicações que empresários poderão implementar já durante a jornada”, afirma.
Assessoria especializada
Além do AI Tour, o Sebrae/MT mantém outras iniciativas de apoio à transformação digital dos pequenos negócios. Em Cuiabá, a Sala de Inteligência Artificial, instalada na Agência Sebrae Cuiabá, no Goiabeiras Shopping, oferece atendimento especializado, consultorias e acesso a tecnologias aplicáveis ao dia a dia das empresas. A estrutura faz parte da estratégia de inovação do Sebrae, que busca democratizar o acesso às ferramentas digitais e estimular uma cultura de experimentação entre empreendedores.
O Sebrae/MT já capacitou 199 professores e atendeu cerca de 1.600 clientes em ações voltadas ao uso da Inteligência Artificial em diferentes áreas de negócios. Até o momento, foram realizadas 10 palestras sobre IA aplicada ao marketing digital, vendas, atendimento e gestão, que reuniram aproximadamente 1.000 participantes, além de cinco workshops voltados ao aumento de vendas no ambiente digital e à gestão multissetorial, com mais de 100 empreendedores.
A programação segue até novembro, com a oferta de 13 novos workshops multissetoriais que devem envolver cerca de 300 pessoas.
Fenômeno em expansão
Conforme aponta pesquisa do Setor de Inteligência de Dados do Sebrae/MT, 17% dos empreendimentos em Mato Grosso já utilizam alguma solução baseada em IA, principalmente em áreas de impacto rápido e mensurável. O atendimento ao cliente lidera as aplicações, com 85% das empresas usuárias automatizando interações, seguido pela gestão financeira (56%) e pelo marketing com análise de dados (54%). Outras áreas, como controle de qualidade (25%), automação de processos (19%) e desenvolvimento de produtos (15%), também começam a ganhar espaço.
O estudo também identificou as principais barreiras para a popularização da tecnologia. A falta de conhecimento técnico foi apontada por 67% dos empresários, seguida da resistência à mudança (55%), da ausência de dados para treinar sistemas (52%) e dos altos custos (42%). Essas dificuldades são mais frequentes em setores como logística, recursos humanos e qualidade, que, apesar do alto potencial de ganhos, ainda são pouco explorados.
Outro desafio está na qualificação. Apesar de metade dos empresários se declarar otimista com o futuro da IA, apenas 6% afirmam ter uma estratégia definida para adotá-la, e 26% pretendem investir em treinamentos. Para enfrentar esse cenário, o Sebrae/MT tem ampliado sua oferta de capacitações, consultorias e soluções práticas.
-
MATO GROSSO7 dias atrás
Especialista alerta sobre os riscos do uso inadequado de cintas e coletes ortopédicos
-
MATO GROSSO7 dias atrás
MT Warriors Championship terá disputa feminina profissional
-
MATO GROSSO7 dias atrás
João Lucas Megiolaro apresenta seu primeiro recital solo na Casa do Parque
-
MATO GROSSO6 dias atrás
Justiça autoriza nova blindagem ao Grupo Randon
-
MATO GROSSO5 dias atrás
FPA-MT quer agenda com governador para apontar falhas no sistema CAR 2.0
-
MATO GROSSO4 dias atrás
Sebrae/MT promove AI Tour para capacitar líderes e empreendedores em Inteligência Artificial