MATO GROSSO
Sindicatos rejeitam transferência de poderes ao IMAC e alertam para riscos de leis que enfraquecem o sistema agroambiental de MT
MATO GROSSO
O Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Agrícola, Agrário, Pecuário e Florestal de Mato Grosso (SINTAP-MT) e o Sindicato dos Servidores Públicos da Carreira dos Profissionais do Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso (SINTEMA-MT) se posicionaram oficialmente contra qualquer proposta que transfira ao Instituto Mato-Grossense da Agropecuária (IMAC) ou a entidades privadas funções estratégicas do estado. As entidades alertam que atividades essenciais como defesa sanitária, certificação e rastreabilidade do rebanho devem permanecer sob gestão exclusiva do Estado.
O SINTAP-MT adverte que o Projeto de Lei nº 1145/2025, recentemente aprovado na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, pode transferir competências legais do INDEA-MT para o IMAC, enfraquecendo atividades essenciais de fiscalização, vigilância e controle sanitário. A entidade também destaca que a proposta pode invadir atribuições do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), especialmente no que se refere à rastreabilidade animal, atualmente realizada pelo Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (SISBOV).
Segundo o SINTAP-MT, a rastreabilidade e a certificação sanitária exigem fé pública e neutralidade técnica, condições que só podem ser asseguradas por órgãos oficiais. Delegar essas funções a entidades privadas gera insegurança jurídica, conflitos de interesse e pode comprometer a credibilidade internacional da carne mato-grossense, especialmente diante das exigências do Regulamento Antidesmatamento da União Europeia (EUDR).
A presidente do SINTAP, Diany Dias, reforça seu apoio a medidas que fortaleçam a autonomia do INDEA-MT e da SEMA-MT, integrem sistemas públicos de controle e evitem a criação de estruturas paralelas sem reconhecimento oficial. Ela afirma que a entidade luta para que a modernização da pecuária mato-grossense ocorra com base no fortalecimento das instituições públicas e na valorização dos servidores responsáveis pela defesa agropecuária e pelo monitoramento ambiental.
Diante dos riscos trazidos pela aprovação do projeto, o SINTAP-MT enviará ofício ao Governo do Estado solicitando medidas urgentes para impedir que competências estratégicas do Estado sejam transferidas a entidades privadas, preservando a integridade do sistema agroambiental de Mato Grosso.
Contato para imprensa:
SINTAP-MT – Assessoria de Comunicação
E-mail: marcia.martins30@gmail.com
Telefone/WhatsApp: (65) 99243-2021
MATO GROSSO
Setor produtivo demonstra preocupação com Simcar Assentamento e Compensação durante apresentação da Sema
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) apresentou nesta terça-feira (18), em reunião com entidades do setor produtivo e parlamentares, detalhes sobre o funcionamento do Simcar Assentamento e do Simcar Compensação, novas ferramentas digitais que integram o Sistema Mato-grossense de Cadastro Ambiental Rural. A explanação foi conduzida pela secretária adjunta de Gestão Ambiental da Sema-MT, Luciane Bertinatto, responsável por explicar as etapas, regras e critérios para regularização ambiental por meio dos novos módulos.
Durante a apresentação, foram destacadas as mudanças nos procedimentos de validação de informações, regularização fundiária em assentamentos e os fluxos para chancela de áreas destinadas à compensação de Reserva Legal.
Segundo Luciane, o Estado vem intensificando a digitalização de processos para dar mais segurança e celeridade às análises. “O Simcar Compensação vinha sendo uma demanda represada há anos. Agora, com o novo sistema, toda a inserção de informações e etapas de validação passam a ocorrer de forma digital, conferindo mais transparência e padronização aos procedimentos exigidos pelo Código Florestal”, explicou.
Sobre o Simcar Assentamento, ela destacou que o objetivo é acelerar a regularização de pequenas propriedades em projetos de reforma agrária. “Primeiro validamos o perímetro do assentamento e depois individualizamos o cadastro de cada produtor. É um trabalho que exige integração com Incra, Intermat, prefeituras e instituições que auxiliem na coleta dessas informações”, afirmou.
A secretária-adjunta também reforçou que, em relação à compensação de Reserva Legal, o Estado dará prioridade às áreas localizadas dentro de Mato Grosso. “Existe a possibilidade de compensação em outros estados, mas a integração entre sistemas e a análise documental ainda são desafios. Vamos priorizar as unidades de conservação de Mato Grosso antes de analisar áreas externas ao estado”, pontuou.
O deputado estadual, membro da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA-MT) Chico Guarnieri destacou que o tema tem é uma antiga preocupação entre parlamentares e produtores.
“Há muitos anos nós acompanhamos os problemas nos assentamentos, com produtores que dependem do crédito rural e muitas vezes não têm acesso em virtude da falta do CAR e de outros documentos. Precisamos, sim, dar um passo à frente, sair desse lugar onde não temos definições e conseguir, de fato, ajustar políticas públicas para regularizar os assentados e fomentar a produção, estimulando a permanência dessas famílias no campo”, afirmou.
Guarnieri também reforçou que a legislação atual traz insegurança para quem precisa regularizar passivos antigos. “O Código Florestal determina que a compensação seja feita em áreas desmatadas após 2008, mas entendemos que uma revisão é necessária”, completou.
Entidades do setor produtivo presentes na reunião manifestaram preocupação quanto a prazos para regularização e o déficit de áreas para compensação. Produtores afirmam que o prazo estabelecido para adequação, especialmente para assentados, é insuficiente diante da complexidade do novo sistema e da dependência de órgãos fundiários como Incra e Intermat.
“O setor produtivo alerta que o número de áreas disponíveis dentro de Mato Grosso não é suficiente para atender à demanda total de compensação, conforme foi apresentado no estudo do policial federal Bernardo Tabaczenski em nossa reunião de setembro. Outros Estados, como o Pará, já iniciaram seus ajustes com áreas de Unidades de Compensação fora de seus territórios. Em Mato Grosso isso ainda não está sendo, sequer, discutido. Outra questão é em relação ao prazo para que se apresente as áreas para a compensação. Existe um grande número de CARs aguardando análise com uma expectativa de a maioria necessitar algum ajuste para a compensação. Com tanta gente necessitando de áreas para compensação e com tão poucas disponíveis e em prazo tão exíguo para a aquisição, poderá gerar uma imensa conversão de CARs de “ativos” para “suspenso”, o que gerará o caos no setor em Mato Grosso. Precisamos rever alguns pontos para evitar que a produção do Estado acabe sendo paralisada”, pontuou o diretor executivo do Fórum Agro MT, Xisto Bueno.