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Exploração de petróleo na margem equatorial do litoral brasileiro divide opiniões

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Representantes de trabalhadores da indústria petrolífera demonstraram preocupação com os impactos ambientais e sobre as populações de estados das regiões Norte e Nordeste no planejamento da exploração de petróleo e gás da chamada margem equatorial do litoral brasileiro, que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte.

Já para a Petrobras, a área é considerada estratégica ao crescimento da produção brasileira. Pesquisa de avaliação do primeiro poço está programada para dezembro.

O assunto foi discutido nesta quarta-feira (23) em audiência pública da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazônia da Câmara dos Deputados.

Bruno Spada/ Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial Brasileira. Dep. Vivi Reis (PSOL - PA)
Vivi Reis: populações locais têm de ser ouvidas nas discussões

De acordo com o gerente-geral de Ativos Exploratórios da Petrobras, Rogério da Cunha, o Plano Estratégico 2022-2026 prevê investimentos de US$ 2,1 bilhões na região. A parte da costa brasileira que engloba Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, segundo ele, ainda é pouco explorada em termos de prospecção em águas profundas.

Diretor do Departamento de Política de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural do Ministério das Minas e Energia, Carlos Agenor Cabral apontou que a margem equatorial é a nova fronteira petrolífera do País, uma vez que as reservas do Sudeste já são conhecidas.

De acordo com Cabral, a expectativa é aumentar em 73% a produção de petróleo entre 2021 e 2031, passando dos atuais 3 milhões para 5,2 milhões de barris por dia. A ideia é que o Brasil passe a ser o quarto maior produtor mundial, atrás apenas de Estados Unidos, Rússia e Arábia Saudita.

“A gente precisa que esses projetos avancem, para que haja a confirmação de que existe ou não existe petróleo e gás natural nessa região. Chamo a atenção para a robustez do nosso processo de licenciamento ambiental e da nossa segurança operacional”, disse. “O Brasil é um dos países com licenciamento ambiental offshore mais rigoroso do mundo. Tem também um arcabouço regulatório de segurança operacional que é exemplo para o mundo.”

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Críticas
Por sua vez, representantes de sindicatos e federações de petroleiros levaram para a audiência pública reivindicações que incluem críticas ao modelo de exploração de commodities, à Política de Paridade de Importação (PPI) para os preços do petróleo e à instalação de poços em áreas ambientalmente mais sensíveis, além de preocupações com a soberania energética e a situação dos povos originários.

Bruno Terribas, do Sindicato dos Petroleiros da Região Amazônica (SindPetro Amazônia), fez coro com outros sindicalistas ao reivindicar que os ganhos obtidos com o petróleo da margem equatorial sejam usados na preservação do meio ambiente.

“Que a renda da exploração e produção de petróleo e gás se transforme em investimento na redução das emissoras de carbono, na segurança operacional, a fim de evitar acidentes terríveis como a gente viu no Golfo do México e o próprio Campo de Frade aqui no Brasil”, declarou. “Que parcela dessa renda petroleira seja investida na transição energética com fontes renováveis, que são parte da nossa defesa da soberania energética nacional.”

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Comissão de Minas e Energia; Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Carlos Agenor Onofre Cabral - Diretor Substituto do Departamento de Política de Exploração e Produção de Petróleo e Gás do MME
Carlos Agenor Cabral: Brasil quer se tornar 4º maior produtor mundial de petróleo

O representante da Petrobras, por outros lado, defendeu a viabilidade econômica e sustentável do projeto e disse que vários encontros estão sendo feitas com a população da região onde a prospecção de petróleo e gás vai acontecer.

Participação dos moradores
Para a deputada Vivi Reis (Psol-PA), que propôs a realização da audiência pública, é preciso que as comunidades a serem afetadas possam ter voz ativa e não somente participar de reuniões informativas.

“O nosso objetivo, de forma alguma, é frear o desenvolvimento ou não apostar em alternativas para o desenvolvimento. Para a gente, também é prioridade entender o papel do Brasil nesse contexto de, nos próximos dez anos, poder ser o quarto produtor mundial. Mas é entender também que isso tem de estar conectado com essa escuta à comunidade e com a escuta por parte dos próprios trabalhadores”, comentou a parlamentar.

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O coordenador-geral de Licenciamento Ambiental do Ibama, Itagyba Alvarenga Neto, informou que o órgão já concedeu e negou licenças na região, com base em critérios técnicos e legais. Ele acrescentou que a mesma preocupação com o diagnóstico ambiental existe também com a participação dos moradores.

Bruno Spada/ Câmara dos Deputados
Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA)
Para Bruno Terribas, renda do petróleo deve ser usada na preservação ambiental

“A sensibilidade ambiental da região é extremamente alta, tem características que são especificas. A própria população não está familiarizada, é algo novo para ela essa atividade na região, diferente dos habitantes do Sudeste. Por isso, é fundamental ter todo o cuidado com a participação pública da comunidade”, explicou.

Riscos
Representante da organização ambiental WWF Brasil, Ricardo Fuji sustentou que ainda não há evidências claras de que haja reservas significativas de petróleo e gás na região, mas, em caso positivo, alertou para futuros impactos na atividade pesqueira e no aumento da demanda por serviços, além dos riscos de vazamento.

“Só haverá petróleo – se houver petróleo para ser produzido comercialmente na margem equatorial – a partir de meados de 2035 e, aí, a gente vai estar no contexto de exigências climáticas, de redução de emissões de carbono e transição energética muito mais acelerado que estamos hoje. Isso é um aspecto importante pra gente considerar em uma política energética”, argumentou.

Carlos Agenor Cabral, do Ministério de Minas e Energia, lembrou durante o debate que, em países como Guiana e Suriname, próximos da margem equatorial, houve descobertas expressivas de petróleo e que a perspectiva é de uma produção de 1,8 milhão de barris por dia em 2032.

Reportagem – Cláudio Ferreira
Edição – Marcelo Oliveira

Fonte: Câmara dos Deputados Federais

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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