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Comissão recebe dossiê sobre elevada contaminação de agrotóxico nas águas do Cerrado

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POLITÍCA NACIONAL

A Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados recebeu, nesta quinta-feira (1º), o documento “Vivendo em territórios contaminados: um dossiê sobre agrotóxicos nas águas do Cerrado”, que acaba de ser lançado pela Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, uma rede de 56 movimentos e organizações sociais. O relatório técnico traz dados alarmantes colhidos pela Fundação Oswaldo Cruz nos estados do Centro-Oeste (GO, MT e MS) e do chamado MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), dominados por monocultura de grãos, como soja e milho.

A pesquisadora da Fiocruz Aline Gurgel explicou que 90 substâncias foram analisadas em pontos de coleta escolhidos em conjunto com comunidades afetadas. A presença de agrotóxico na água foi constatada em todos os estados pesquisados.

“Glifosato, Atrazina e 2,4-D, que estão entre os cinco mais consumidos do Brasil, apareceram em grande parte das amostras. No total, encontramos 13 agrotóxicos. No estado do Maranhão, chegamos ao ponto de encontrar nove agrotóxicos diferentes em uma única amostra de água em um poço que fica – olha que coincidência – a 35 metros de distância de um campo de soja. Essas substâncias podem ter os seus efeitos tóxicos somados ou potencializados”, explicou.

Outro dado preocupante: cinco agrotóxicos detectados na pesquisa da Fiocruz não estão na portaria do governo federal que regulamenta os parâmetros a serem monitorados na água. Aline Gurgel avalia que qualquer dose de agrotóxico diferente de zero traz danos à saúde e ao meio ambiente, de imediato ou a longo prazo. Ela classifica a legislação brasileira de “permissiva”, sobretudo diante de normas mais rigorosas, como a da União Europeia.

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“A nossa legislação não é suficientemente protetiva para a gente. Fica muito difícil de se fazer uma vigilância quando a gente sequer tem um conjunto representativo de substâncias previstas nas normativas brasileiras para serem monitoradas”.

Comunidades afetadas
Representantes das comunidades afetadas pela contaminação retrataram o drama diário. Raimunda Nepomuceno é do Quilombo Cocalinho, no Maranhão, onde foram encontrados nove agrotóxicos em uma única amostra de água.

“Com veneno, não temos terra, não temos água. A gente precisa do nosso Cerrado vivo. Do jeito que está, não tem nenhuma proteção”, lamentou.

Dilvanise das Chagas mostrou os efeitos da contaminação na Comunidade Gerazeiras, que vive de agricultura familiar em Formosa do Rio Preto (BA) e sofre com a pulverização de agrotóxico nos campos de soja do oeste baiano.

“A gente mora no vale. Quando eles (fazendeiros) fazem essa pulverização em cima da serra, o vento vem contaminando o que a gente tem no vale. As folhas ficam pintadas de agrotóxico e insetos mortos”.

Consideradas o “berço das águas”, as nascentes do Cerrado alimentam as principais bacias hidrográficas do País, o que também acaba disseminando a contaminação por agrotóxicos. Entre as recomendações da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado estão mutirão de saúde nas populações afetadas, criação de canais de denúncia e monitoramento sanitário e ambiental.

A Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida denunciou efeitos nocivos dos cerca de 1.800 novos ingredientes ativos liberados no governo Bolsonaro. A atual secretária de vigilância em saúde e ambiente do Ministério da Saúde, Mariely Daniel, informou que 612 municípios integram a estratégia conjunta de redução de risco (Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos-VSPEA) e há perspectiva de reforço dessas ações no Plano Plurianual do governo Lula (PPA 2024/27).

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“Essa é uma agenda prioritária que a gente sabe que tem muito que avançar, estender para demais municípios e trabalhar a vigilância popular e participativa no desenvolvimento de ações preventivas de risco”, afirmou.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Impactos dos agrotóxicos em povos do Cerrado. Dep. Nilto Tatto (PT - SP)
Tatto lamentou as resistências a esse debate no Congresso

Organizador do debate na Comissão de Meio Ambiente, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) alertou para a gravidade do tema.

“Quem acompanha as propagandas de ‘agro é pop, agro é tech’ acaba não conhecendo o impacto que isso tem, em especial para as comunidades mais vulneráveis e para as populações que estão ali onde a monocultura tem esse modelo que usa muito veneno”, disse.

Tatto lamentou as resistências a esse debate no Congresso Nacional. Ele lembrou que o Senado está prestes a aprovar em definitivo a proposta (PL 6299/02) que facilita o registro de agrotóxicos, apelidada de “PL do veneno”. Enquanto isso, o projeto de lei (PL 6670/16) que cria a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara) aguarda a votação do Plenário da Câmara desde 2018, ainda sem perspectiva de consenso.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Ana Chalub

Fonte: Câmara dos Deputados

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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