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Atendimento que inspira
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Tive a oportunidade de realizar a palestra “Atendimento que Inspira” durante o evento de entrega do “Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2023”, na 13ª Feira do Empreendedor, realizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT). Local oportuno para falar sobre atendimento, visto que a maioria das participantes têm negócios de prestação de serviço e comércio, onde com toda certeza o atendimento faz total diferença para o sucesso.
E com a proximidade da melhor época do ano para quem vende, é preciso investir na equipe. Treinamento, desenvolvimento do conhecimento e dedicação, são fundamentais para melhorar o engajamento da sua equipe e consequentemente os resultados do seu negócio. Quem está indo às compras espera ter a experiência de ser acolhido e recebido com toda atenção, respeito e cortesia em todos os momentos da compra, e ouvir histórias verdadeiras e emocionantes sobre cada produto e serviço, afinal, quem compra é movido por expectativas e quando a equipe surpreende, o cliente gosta, volta e conta para outras pessoas.
Para isso, a melhor estratégia é se preparar e planejar as ações da sua empresa. Ter foco e disciplina na implementação, incentivar a capacitação da equipe para que conheçam toda a história da marca, os processos e a comunicação, despertar a vontade de querer fazer o melhor todos os dias e criar rotinas saudáveis, de modo que todos se comprometam em entregar a promessa da marca.
Criar uma experiência inesquecível para quem compra é momento UAU, momento que o cliente reconhece e valoriza a sua marca, portanto é fundamental que o colaborador e a empresa estejam alinhados e com o mesmo propósito.
Os pontos que conquistam o cliente e proporcionam um atendimento inesquecível são a simpatia, disponibilidade, agilidade e acima de tudo, gostar de servir. Essas são as características básicas para ter e manter uma equipe sempre entusiasmada, com vontade de fazer o melhor para cada cliente que escolheu a sua loja, para conquistar novos clientes e resultados sustentáveis, tudo isso com atitudes positivas e muita vontade de querer fazer a diferença.
Com todos esses pontos alinhados é muito mais fácil alcançar seus objetivos. Time preparado, integrado e focado nas realizações, mesmo tendo desafios, é certeza de muitas conquistas e resultados positivos e sustentáveis.
Luciana Falcão Franco é mentora, palestrante e consultora em gestão do atendimento
Instagram: @lucianafalcaofranco
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Efeito Cotribá: decisão inédita ameaça ou protege o agronegócio em Mato Grosso?
A decisão inédita que concedeu à cooperativa gaúcha Cotribá uma proteção judicial semelhante à recuperação judicial (RJ), mesmo sem previsão legal expressa, tornou-se um dos episódios mais controversos do direito empresarial recente. E seus efeitos podem ir muito além das fronteiras do Rio Grande do Sul.
Em estados com forte presença do agronegócio, como Mato Grosso, o episódio acende um alerta: se um tribunal abriu a porteira para uma solução jurídica inédita, outros estados podem sentir-se estimulados a testar caminhos semelhantes.
Mato Grosso abriga algumas das maiores cooperativas, tradings e empresas do país. Seu ciclo econômico depende intensamente de crédito rural, armazenagem complexa, logística cara e cadeias produtivas altamente interligadas. Nesse ambiente, decisões que flexibilizam mecanismos de proteção financeira são observadas de perto, e podem rapidamente se transformar em estratégia.
Segundo levantamento da Serasa Experian, a inadimplência no agronegócio alcançou 8,1% no terceiro trimestre de 2025, o maior índice desde o início da série histórica, em 2022. Em muitos casos, as dívidas já ultrapassam 180 dias de atraso. O cenário reforça o estresse financeiro vivido pelo setor e ajuda a explicar por que precedentes como o da Cotribá repercutem tão fortemente no país.
Para justificar sua decisão, em novembro de 2025, o juiz Eduardo Sávio Busanello argumentou que a Cotribá, embora juridicamente distinta de uma empresa, opera com porte, faturamento e estrutura equivalentes às grandes corporações do agro e que, portanto, mereceria acesso a instrumentos típicos da atividade empresarial. A tutela concedida suspendeu execuções, bloqueios e cobranças por 60 dias, dando fôlego ao caixa e permitindo que a cooperativa reorganizasse suas dívidas bilionárias.
O magistrado acolheu essa tese e, afastando o formalismo da lei, aplicou por analogia os mecanismos da recuperação judicial, invocando princípios como a preservação da empresa e a função social da atividade econômica — aqueles que, na prática, parecem servir tanto para justificar decisões inovadoras quanto para críticas por suposta elasticidade interpretativa.
Se, por um lado, a medida foi celebrada como forma de evitar um colapso que poderia arrastar produtores, funcionários e fornecedores, por outro, reacendeu o debate sobre ativismo judicial, insegurança jurídica e incentivos potencialmente perversos. Afinal, cooperativas sempre estiveram fora do alcance da RJ por determinação legal, e flexibilizar essa barreira pode gerar efeitos inesperados em outros estados.
Em um contexto de seca, quebras de safra e oscilações violentas de preços, fenômenos frequentes no Centro-Oeste, o Judiciário pode ser acionado tanto como instrumento de sobrevivência quanto como ferramenta estratégica de renegociação. Para Mato Grosso, isso pode representar, simultaneamente, uma rede de proteção em momentos críticos e uma nova camada de incerteza no já complexo ambiente de crédito do agronegócio.
O “Efeito Cotribá” não é apenas um debate jurídico: é um sinal de que o mapa de riscos do agronegócio está mudando. Se decisões semelhantes começarem a se replicar, Mato Grosso pode se tornar palco dos próximos capítulos dessa história, seja como protagonista de soluções emergenciais, seja como vítima da insegurança que precedentes ousados podem gerar.
No fim, o caminho dependerá de como o Judiciário brasileiro lidará com esse novo “campo minado”: criativo o suficiente para oferecer soluções inéditas, mas perigoso demais para ser pisado sem cautela.
Felipe Iglesias é advogado e especialista em Direito Empresarial, à frente do Iglesias Advogados, referência no Mato Grosso em recuperação litigiosa de créditos em recuperação judicial