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Dia do Médico: uma data, tantas perspectivas

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18 de outubro é o dia do médico, esse profissional tão importante na sociedade. A data é em alusão a São Lucas, um apóstolo que teria atuado na área da medicina, embora não haja evidências dessa atuação. Mas deixemos o caráter religioso e foquemos na prática. Essa é uma data, mas há tantas perspectivas.

Hoje é um dia para valorizarmos esses profissionais que tratam os pacientes, previnem doenças e, é claro, promovem a saúde. Cabe a nós, assim como a outros atores da área, a conscientização sobre os cuidados para uma vida saudável, o incentivo à população para buscar atendimento e acompanhamento, quando necessário.

Atualmente, o Brasil conta com mais de 570 mil médicos, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), destes 20.972 mil representam profissionais titulados em ortopedia e traumatologia. A densidade indica 3 profissionais para cada 1 mil habitantes. É um número que poderia ser melhor. Poderíamos ter melhores condições de trabalho (observem aqueles que atendem na rede pública, com estrutura precária), remuneração equivalente.

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O incentivo, inclusive, não fica só para os pacientes, mas também, para aqueles que também se aventuram nesse ambiente da Medicina, cheio de sabores e dissabores.

A profissão é, sim, bela. Nela atuamos ainda no fortalecimento do papel social, elaborando políticas públicas e incentivando o desenvolvimento científico. Lembremo-nos da época da pandemia da covid-19, em 2020. A corrida contra o tempo na busca de tratamento do vírus, a luta para salvar vidas. Mas isso é o nosso dia a dia, o nosso juramento previa essa dedicação em prol do outro.

Porém, a profissão é também, muito desgastante. São agendas lotadas, expediente em dois, três lugares, consultas atrás de consultas, pouca é a troca com quem está ali, precisando de atendimento. Grandes empresas têm adquirido redes hospitalares (há um investimento considerável em infraestrutura, sim, é preciso reconhecer), entretanto, o objetivo final tem sido o lucro. Nesse cenário ainda, os relatórios, as fichas, a grande burocracia tem nos consumido mais e mais os profissionais. O preço disso: médicos ansiosos, com BurnOut, estresse físico e emocional.

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Mas apesar de tudo isso digo: tenho orgulho em ser médico. Amo a minha profissão e parabenizo todos aqueles que dividem comigo essa missão. Agradeço também aos meus pacientes, que confiam a mim, suas vidas e me deixam cuidar de vocês com tanto carinho.

Feliz Dia do Médico!

Fábio Mendonça é médico ortopedista e traumatologista, cirurgião de coluna vertebral, presidente do Grupo Hospitalar HBento Saúde e membro da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC)

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Efeito Cotribá: decisão inédita ameaça ou protege o agronegócio em Mato Grosso?

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A decisão inédita que concedeu à cooperativa gaúcha Cotribá uma proteção judicial semelhante à recuperação judicial (RJ), mesmo sem previsão legal expressa, tornou-se um dos episódios mais controversos do direito empresarial recente. E seus efeitos podem ir muito além das fronteiras do Rio Grande do Sul.

Em estados com forte presença do agronegócio, como Mato Grosso, o episódio acende um alerta: se um tribunal abriu a porteira para uma solução jurídica inédita, outros estados podem sentir-se estimulados a testar caminhos semelhantes.

Mato Grosso abriga algumas das maiores cooperativas, tradings e empresas do país. Seu ciclo econômico depende intensamente de crédito rural, armazenagem complexa, logística cara e cadeias produtivas altamente interligadas. Nesse ambiente, decisões que flexibilizam mecanismos de proteção financeira são observadas de perto, e podem rapidamente se transformar em estratégia.

Segundo levantamento da Serasa Experian, a inadimplência no agronegócio alcançou 8,1% no terceiro trimestre de 2025, o maior índice desde o início da série histórica, em 2022. Em muitos casos, as dívidas já ultrapassam 180 dias de atraso. O cenário reforça o estresse financeiro vivido pelo setor e ajuda a explicar por que precedentes como o da Cotribá repercutem tão fortemente no país.

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Para justificar sua decisão, em novembro de 2025, o juiz Eduardo Sávio Busanello argumentou que a Cotribá, embora juridicamente distinta de uma empresa, opera com porte, faturamento e estrutura equivalentes às grandes corporações do agro e que, portanto, mereceria acesso a instrumentos típicos da atividade empresarial. A tutela concedida suspendeu execuções, bloqueios e cobranças por 60 dias, dando fôlego ao caixa e permitindo que a cooperativa reorganizasse suas dívidas bilionárias.

O magistrado acolheu essa tese e, afastando o formalismo da lei, aplicou por analogia os mecanismos da recuperação judicial, invocando princípios como a preservação da empresa e a função social da atividade econômica — aqueles que, na prática, parecem servir tanto para justificar decisões inovadoras quanto para críticas por suposta elasticidade interpretativa.

Se, por um lado, a medida foi celebrada como forma de evitar um colapso que poderia arrastar produtores, funcionários e fornecedores, por outro, reacendeu o debate sobre ativismo judicial, insegurança jurídica e incentivos potencialmente perversos. Afinal, cooperativas sempre estiveram fora do alcance da RJ por determinação legal, e flexibilizar essa barreira pode gerar efeitos inesperados em outros estados.

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Em um contexto de seca, quebras de safra e oscilações violentas de preços, fenômenos frequentes no Centro-Oeste, o Judiciário pode ser acionado tanto como instrumento de sobrevivência quanto como ferramenta estratégica de renegociação. Para Mato Grosso, isso pode representar, simultaneamente, uma rede de proteção em momentos críticos e uma nova camada de incerteza no já complexo ambiente de crédito do agronegócio.

O “Efeito Cotribá” não é apenas um debate jurídico: é um sinal de que o mapa de riscos do agronegócio está mudando. Se decisões semelhantes começarem a se replicar, Mato Grosso pode se tornar palco dos próximos capítulos dessa história, seja como protagonista de soluções emergenciais, seja como vítima da insegurança que precedentes ousados podem gerar.

No fim, o caminho dependerá de como o Judiciário brasileiro lidará com esse novo “campo minado”: criativo o suficiente para oferecer soluções inéditas, mas perigoso demais para ser pisado sem cautela.

Felipe Iglesias é advogado e especialista em Direito Empresarial, à frente do Iglesias Advogados, referência no Mato Grosso em recuperação litigiosa de créditos em recuperação judicial

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