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Grupo de trabalho da reforma tributária recebe sugestões de incentivo à economia verde

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A taxação do carbono, o tratamento diferenciado para setores econômicos menos poluentes e incentivos à reciclagem e à adaptação às mudanças climáticas integraram a série de sugestões apresentadas por especialistas em economia verde em audiência pública, realizada nesta terça-feira (25), pelo grupo da Câmara dos Deputados sobre Reforma Tributária (PECs 45/19 e 110/19).

A consultora do Banco Mundial Tatiana Falcão mostrou a tendência internacional de tributação do carbono, que tem base no princípio do poluidor-pagador e poderá proporcionar receita de 28 bilhões de dólares para o Brasil em 2030.

“Ressalto a questão de se tratar de um tributo sobre carbono e não sobre crédito de carbono, como muitas vezes é referendado aqui no Brasil. É um tributo aplicado sobre o carbono in natura, medido com base em tonelada de carbono correspondente, que é a melhor prática internacional”, explicou.

Na avaliação dela, no Brasil, com suas extensas reservas de petróleo, esse tributo poderia ser tributado no mesmo momento da extração, a fim de se reduzir o número de contribuintes.

“Falso tributo verde”
Para prevenir a criação do que chamou de “falso tributo verde”, a procuradora da Fazenda Nacional Denise Lucena Cavalcante pediu aos deputados que aproveitem a oportunidade da reforma para reforçar um “sistema tributário ambiental”.

“Por que não colocar um critério ambiental nos princípios constitucionais tributários? Na hora em que incluo isso, consigo um universo muito maior para trabalhar e puxar a questão ambiental para todos os pontos relevantes”, questionou.

Manifesto
O coordenador do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Marcos Woortmann, entregou aos parlamentares o manifesto “Reforma Tributária 3 S – Sustentável, Saudável e Socialmente Inclusiva”, preparado por 72 entidades da sociedade civil.

Woortmann afirmou que o País tem muito a aprender com os R$ 2,8 bilhões que a União já repassou para Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo enfrentarem catástrofes climáticas desde 2014.

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“Esse orçamento aumenta de ano a ano. É imoral e inaceitável continuarmos a dar os recursos que deveriam ser gastos na prevenção desses desastres para indústrias poluentes que agravam ainda mais esse cenário, na forma de subsídios, subvenções e isenções tributárias”, criticou.

Sustentabilidade para divisão de verbas
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) apresentou três sugestões na mesma linha. “Uma delas é a criação de critérios de sustentabilidade para a distribuição de recursos do fundo regional. Muito importante também é a vinculação dos recursos do imposto seletivo para investimento na economia verde”, listou.

Tabata acrescentou ainda que “tem algumas formas de a gente garantir que, no âmbito da reforma tributária, se possa levar mais recursos para o fundo de mudanças do clima”.

Representantes setoriais também apresentaram seus pontos de vista. O consultor jurídico do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa) Rodrigo Petry lembrou que, desde 2021, o setor perdeu a isenção de PIS/Cofins. Petry aposta na reforma tributária para a retomada de incentivos a indústrias que adquirem insumos reciclados e principalmente para o que chamou de “desoneração da venda de resíduos”.

“Entendo que não tem sentido tributar uma empresa que vende sucata de ferro da mesma forma como se tributa uma empresa que vende minério de ferro, ou tributar uma cooperativa que vende papel reciclado da mesma forma que se tributa uma empresa que vende celulose, ou ainda tributar uma cooperativa que vende pet reciclado da mesma forma que  uma empresa que vende a resina do plástico”, exemplificou Petry.

Combustíveis
O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) informou que, dos R$ 791 bilhões faturados em 2022, R$ 139 bilhões foram repassados a tributos (R$ 122 bilhões de ICMS e R$ 17 bilhões de Pis/Cofins/Cide).

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O representante do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) Mozart Rodrigues resumiu as pretensões do setor diante das discussões do GT da reforma tributária em unificar os impostos por meio de um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), e de criação de um imposto seletivo para desestimular o consumo de bens prejudiciais ao meio ambiente.

“O que nós defendemos, no setor, é o IBS ou CBS monofásico, com alíquotas uniformes em âmbito nacional. E a exclusão dos combustíveis do imposto seletivo, pois o combustível já é excessivamente tributado e onerado pelo RenovaBio e o aumento dos preços dos combustíveis impacta diretamente a inflação”, afirmou.

O consultor jurídico da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) Gustavo de Marchi destacou a relevância do gás natural nas estratégias de transição energética e defendeu subalíquotas do IBS menores para o setor.

Pablo Valadares / Câmara dos Deputados
Reforma tributária sob a perspectiva da economia verde. Dep. Aguinaldo Ribeiro (PP - PB)
Agnaldo Ribeiro: reforma pode ser catalisadora do arcabouço fiscal

O mestre em teoria econômica e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV-Ibre) Bráulio Borges apresentou cálculos de que a reforma tributária vai permitir o aumento das receitas do País equivalente a 5% a 20% do PIB em 2035. Considerando a projeção de cerca de R$ 11 trilhões para o PIB deste ano, Borges calcula esse ganho entre R$ 550 bilhões e pouco mais de R$ 2 trilhões.

Com base nessas projeções, o relator do grupo de trabalho, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), reafirmou que a reforma tributária pode ser “catalisadora do arcabouço fiscal por meio de aumento da arrecadação”.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Rachel Librelon

Fonte: Câmara dos Deputados

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Governo Lula cede à pressão e revoga norma de monitoramento do Pix

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O governo federal anunciou, nesta terça-feira (15), a revogação da norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo transações realizadas via Pix. A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita, Robison Barreirinhas, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

A medida, que inicialmente previa que operadoras de cartões de crédito, fintechs e carteiras digitais informassem à Receita transações acima de R$ 5 mil mensais realizadas por pessoas físicas, gerou uma onda de críticas e pânico na população. Essa ampliação do monitoramento, que antes era restrito aos bancos tradicionais, foi vista como uma ameaça à privacidade financeira e desencadeou reações negativas em massa, especialmente nas redes sociais.

Sensação de insegurança e repercussão negativa

Segundo Barreirinhas, a norma foi alvo de distorções que acabaram gerando um clima de insegurança. Para evitar maiores danos, o governo optou por revogar a medida. “Houve um grande mal-entendido que prejudicou a confiança da população, algo que nunca foi a intenção da Receita Federal”, explicou o secretário.

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Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo editará uma medida provisória (MP) com o objetivo de assegurar a gratuidade e o sigilo do Pix. “Queremos garantir que o Pix continue sendo um instrumento acessível e confiável, sem qualquer tipo de taxação ou diferenciação de taxas em relação a pagamentos em dinheiro”, afirmou Haddad.

Fake news e manipulação política

A decisão também foi motivada pela disseminação de informações falsas que alimentaram a desconfiança pública. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) alertando para uma suposta taxação futura do Pix viralizou nas redes sociais, pressionando ainda mais o governo. Haddad criticou a postura de políticos que, segundo ele, agiram de forma irresponsável para manipular a opinião pública e ampliar a insatisfação.

Compromisso com transparência

Apesar da revogação, Haddad reiterou que o governo continuará trabalhando para regulamentar o sistema financeiro, promovendo segurança e transparência, mas sem prejudicar trabalhadores informais ou pequenos empreendedores. “O governo está atento à necessidade de modernizar a regulamentação sem colocar em risco o bem-estar da população”, concluiu.

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A revogação da norma marca um recuo significativo do governo Lula, que decidiu agir rapidamente para conter os danos políticos e restaurar a confiança pública em um dos sistemas financeiros mais utilizados e valorizados pelos brasileiros.

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