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Para especialistas, oferecer informações de forma simples é desafio dos portais da administração pública

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Representantes do Tribunal de Contas da União (TCU), da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Câmara dos Deputados avaliam que é preciso oferecer informações de forma mais simples e clara para os cidadãos nos portais públicos. 

Segundo o TCU, hoje 98% dos órgãos da administração pública já contam com portal institucional de informações, mas o índice de transparência das páginas é de 57,92%. 

O assunto foi discutido nesta quinta-feira (11) no ciclo de debates da Câmara sobre portais de transparência da administração pública. O evento foi promovido pela Secretaria de Transparência da Câmara dos Deputados, órgão que supervisiona a implementação da Lei de Acesso à Informação (LAI) na Casa. Desde a publicação da norma em 2011, já foram mais de 486 mil atendimentos. 

Secretário da Transparência da Câmara, o deputado Bruno Ganem (Pode-SP) destacou que, quando o cidadão passa a utilizar os portais da transparência, garante-se que os recursos públicos sejam mais bem utilizados. O parlamentar acrescentou que, por meio dessa ferramenta, é possível verificar se as escolhas dos gestores estão alinhadas com o interesse da sociedade. 

O ministro do Tribunal de Contas da União Jorge Oliveira ressaltou que a população deve ter acesso fácil à informação pública. “É importante que as informações sejam claras e simples para que o cidadão possa compreender, opinar e cobrar a administração, em todas as esferas, para que execute as políticas públicas da melhor forma”, disse.

Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Ciclo de Debates sobre Portais de Transparência da Administração Pública. Dep. Bruno Ganem(PODE - SP)
Bruno Ganem: portais da transparência permitem melhor gestão do dinheiro público

Segundo Jorge Oliveira, o diagnóstico de transparência tem melhorado de forma significativa ao longo dos anos, e o  TCU e os demais tribunais de contas do Brasil têm sido grandes indutores dessa política, auxiliando os gestores e fornecendo treinamento. Conforme o ministro, diversos acórdãos do tribunal determinam que órgãos da administração transmitam nos portais informações de interesse público. “Devemos ter transparência ativa, ou seja, o dado público tem de estar acessível antes de o cidadão requerer”, frisou.  

A transparência passiva, por sua vez, seria tudo que o cidadão tem que solicitar via LAI. Assim, quanto menos pedidos de acesso à informação, melhor, pois isso significa que o portal é eficaz. 

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Nota da transparência
O TCU participa de um programa nacional de transparência pública, que faz diagnósticos de portais institucionais de todos os poderes, em nível federal, estadual e municipal. Dados do último levantamento do programa, do ano passado, mostra que o índice de transparência dos portais públicos brasileiros é de 57,92%. 

Auditor de Controle Externo do TCU, Klauss de Oliveira avalia que o índice é baixo. “É uma nota 5.8, portanto abaixo da média, que é 7. O número é trazido um pouco para baixo por causa dos municípios, a maioria dos entes analisados são os municipais, tanto do Executivo como as assembleias municipais”, disse, acrescentando que as notas maiores são do governo federal. 

Conforme o auditor, mais de 98% dos entes analisados já têm portal com informações, dando concretude à Lei de Acesso à Informação. Mas, embora haja disponibilidade das informações, é preciso avançar para que a informação seja clara e completa. “Isso significa que ainda há muito trabalho a ser feito.”  

Área orçamentária
Coordenadora da Frente Parlamentar de Fiscalização, Integridade e Transparência, a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) acredita que os principais desafios de transparência estão na área orçamentária. Ela cita como exemplo a destinação das emendas orçamentárias das comissões da Câmara. 

“Há bilhões e bilhões de reais que estão hoje em comissões desta Casa que a gente não sabe quem indicou, como saiu o dinheiro, por que foi para a cidade A, e não para a cidade B. Não há absolutamente nenhum critério técnico, não há nenhuma indicação, isso não está em portal nenhum”, afirmou. “Só na Comissão da Saúde, a gente teve R$ 6 bilhões (quase tudo empenhado) e a gente não sabe para onde foi”, acrescentou. 

Foco da Câmara
Analista legislativa da Coordenação de Relacionamento, Inteligência e Participação da Câmara (Corip), Patricia Roedel informou que o portal da Câmara tem 44 milhões de acessos por ano, mas grande parte desses acessos é da área de notícias, de enquetes e transmissões ao vivo, e não da parte de gastos, e isso é levado em conta ao se alocar recursos.

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“Você não vai ficar investindo recursos humanos e financeiros em transparência ativa de uma coisa que é pouca demandada. A gente está trabalhando para melhorar a usabilidade e a gestão dessas partes muito demandadas”, comentou. 

A Câmara dos Deputados e o Senado desenvolveram um índice para medir a transparência nos portais dos legislativos no que se refere a informações sobre a atividade legislativa, a atividade administrativa, o atendimento ao cidadão e a usabilidade. Em todas as categorias foi analisado se a linguagem era clara. Ao se desenvolver esse índice, constatou-se que 74% dos acessos ao portal da Câmara são feitos pelo celular, e foi preciso adequar as informações para isso.

Para Patricia Roedel, os gestores devem definir programas para a adoção de uma linguagem simples, mas o maior desafio para isso ocorrer é cultural. 

Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Ciclo de Debates sobre Portais de Transparência da Administração Pública. Auditor Federal de Finanças e Controle na Controlodadoria Geral da União, Otávio Neves.
Otávio Neves: é preciso tornar a informação útil para o cidadão

Presidente da União de Legisladores e Legislativos Estaduais, o deputado estadual Sérgio Aguiar citou dados da organização Transparência Brasil, segundo os quais apenas quatro assembleias legislativas (e congêneres) contam com bons portais de transparência – a do Distrito Federal, do Espírito Santo, de Minas Gerais e do Ceará, de um total de 27.

Informações úteis
Diretor de Transparência da CGU, Otávio Neves disse que a informação pública deve ser não apenas publicada, mas, sim, tornada útil para o cidadão. Ele dá um exemplo: “R$ 600 milhões são destinados para vacinação, por exemplo, mas qual a informação da cobertura vacinal? Quais vacinas estão sendo dadas, quais estão sendo deixando de ser aplicadas, que regiões estão sem coberturas?”, questionou. “A gente precisa ter acesso a informações além do dinheiro”, apontou. 

Otávio Neves observou que a transparência tem, por outro lado, limites, e informações ligadas a questões de segurança pública, por exemplo, não podem estar públicas, assim como informações que tenham sigilo fiscal e telemático. Além disso, devem ser protegidos os dados pessoais. 

Reportagem – Lara Haje
Edição – Marcelo Oliveira

Fonte: Câmara dos Deputados

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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