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Regulação econômica da praticagem no Brasil põe de lados opostos contratantes e profissionais

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Debatedores ouvidos pela Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (31), defenderam a regulação econômica dos serviços de praticagem como forma de controlar eventuais abusos nos valores cobrados. Praticagem é a atividade de conduzir embarcações em entrada e saída nos portos e na travessia de áreas que apresentam restrições à navegação ou que sejam sensíveis para o meio ambiente.

A representante da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Lilian Schaefer, lembrou que o País já conta com regulamentação técnica para atuação nos portos, mas não há regulação econômica, o que tem gerado reclamações sobre abusos nos preços dessa atividade.

“É evidente que o vácuo normativo, nas palavras do Tribunal de Conta da União (TCU) no tocante à regulação econômica da praticagem, resulta nesse custo descontrolado ora experimentado, impactando negativamente os usuários dos serviços e, por consequência, o consumidor final dos produtos transportados”, afirma.

Segundo a debatedora, o TCU, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) defendem a regulação econômica dos serviços de praticagem, “legitimando a posição sustentada pela navegação, através da CNT”.

O Brasil possui dezenove zonas portuárias e os práticos trabalham seguindo escalas pré-determinadas em acordo entre o seus sindicatos e os armadores. Um prático pode chegar a receber R$ 300 mil por mês.

Vinicius Loures / Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Regulamentação do serviço de praticagem no Brasil (PLs 1565/19 e 877/22). Membro da Diretoria Estatutária - Confederação Nacional do Transporte (CNT), Lilian Schaefer
Lilian Schaefer aponta vácuo normativo

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Monopólio
O diretor-presidente da Associação de Terminais Portuários Privados, Murillo Barbosa, entende que a escala de rodízio único adotado na praticagem reforça o monopólio da prestação de serviços, que aumentou, nos últimos dez anos, quatro vezes o valor da inflação no mesmo período.

“Defendemos que os tomadores de serviço possam ter uma instância que coíba a abusividade na cobrança de serviços, que acompanhe os reajustes e principalmente arbitre conflitos. Nós não estamos pedindo tabela de preços em nenhum momento”, afirmou.

Murilo Barbosa explicou que a entidade é favorável ao PL 757/22, do Poder Executivo. O texto, em análise na Câmara, transfere para a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) a regulação econômica do serviço de praticagem, inclusive para definir o preço do serviço e fiscalizar o cumprimento de padrões adequados. A proposta tramita apensada ao Projeto de Lei 1565/19, que deve ser analisado regime de prioridade.

O relator das propostas na Comissão de Administração e Serviço Público, deputado Coronel Meira (PL-PE), entende que, por ser uma atividade estratégica, a prática da cabotagem e sua regulamentação devem ser discutidas no Congresso Nacional. “Esta Casa aqui é o local para discutir. O que o povo brasileiro quer é exatamente que essa Casa debata e faça com que se chegue a uma solução de problemas sérios”, destacou.

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Relação privada
Para o diretor-presidente do Conselho Nacional de Praticagem, Ricardo Falcão, não existe vácuo na legislação, e que se trata de uma relação privada o que os projetos de lei em análise querem tabelar.

“O TCU já concluiu que a Marinha regula e regulamenta muito corretamente a praticagem. Há, no entanto, considerações de que deveriam estar sendo regulados os terminais privados, o frete na cabotagem, os agentes intermediários. O TCU fez várias recomendações que ainda não foram aplicadas mas, especificamente sobre a praticagem, a ação da Marinha foi muito elogiada”, afirmou.

Ricardo Falcão disse ainda que o TCU e o Cade publicaram decisões afirmando que a praticagem no Brasil não extrapola os limites econômicos inerentes à profissão.

O diretor-executivo do Centro Nacional de Navegação Transatlântica, Cláudio Loureiro, reconheceu a excelência técnica da praticagem do Brasil, mas defendeu a necessidade de uma regulação econômica, o que, para ele, não representa o tabelamento das atividades.

“Nós estamos falando da regulação de casos excepcionais, em que não há acordo e nem há possibilidade de acordo, como estamos vivendo agora em Manaus, onde há um pedido de aumento de 300% no preço. Não há quem possa considerar isso razoável sem uma argumentação, explicação ou uma transparência maior”, concluiu.

Reportagem – Karla Alessandra
Edição – Rachel Librelon

Fonte: Câmara dos Deputados

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Governo Lula cede à pressão e revoga norma de monitoramento do Pix

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O governo federal anunciou, nesta terça-feira (15), a revogação da norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo transações realizadas via Pix. A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita, Robison Barreirinhas, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

A medida, que inicialmente previa que operadoras de cartões de crédito, fintechs e carteiras digitais informassem à Receita transações acima de R$ 5 mil mensais realizadas por pessoas físicas, gerou uma onda de críticas e pânico na população. Essa ampliação do monitoramento, que antes era restrito aos bancos tradicionais, foi vista como uma ameaça à privacidade financeira e desencadeou reações negativas em massa, especialmente nas redes sociais.

Sensação de insegurança e repercussão negativa

Segundo Barreirinhas, a norma foi alvo de distorções que acabaram gerando um clima de insegurança. Para evitar maiores danos, o governo optou por revogar a medida. “Houve um grande mal-entendido que prejudicou a confiança da população, algo que nunca foi a intenção da Receita Federal”, explicou o secretário.

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Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo editará uma medida provisória (MP) com o objetivo de assegurar a gratuidade e o sigilo do Pix. “Queremos garantir que o Pix continue sendo um instrumento acessível e confiável, sem qualquer tipo de taxação ou diferenciação de taxas em relação a pagamentos em dinheiro”, afirmou Haddad.

Fake news e manipulação política

A decisão também foi motivada pela disseminação de informações falsas que alimentaram a desconfiança pública. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) alertando para uma suposta taxação futura do Pix viralizou nas redes sociais, pressionando ainda mais o governo. Haddad criticou a postura de políticos que, segundo ele, agiram de forma irresponsável para manipular a opinião pública e ampliar a insatisfação.

Compromisso com transparência

Apesar da revogação, Haddad reiterou que o governo continuará trabalhando para regulamentar o sistema financeiro, promovendo segurança e transparência, mas sem prejudicar trabalhadores informais ou pequenos empreendedores. “O governo está atento à necessidade de modernizar a regulamentação sem colocar em risco o bem-estar da população”, concluiu.

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A revogação da norma marca um recuo significativo do governo Lula, que decidiu agir rapidamente para conter os danos políticos e restaurar a confiança pública em um dos sistemas financeiros mais utilizados e valorizados pelos brasileiros.

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