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Sem acordo, CCJ adia votação de proposta que tipifica crime de intimidação violenta

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A Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados adiou a votação de proposta que insere no Código Penal o crime de “intimidação violenta” para punir quem tenta impedir a atuação do poder público na prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas.

O texto em análise é o substitutivo da relatora, deputada Margarete Coelho (PP-PI), ao Projeto de Lei 4895/20, do deputado Subtenente Gonzaga (PSD-MG). É prevista pena de reclusão de seis a 12 anos para quem, com o objetivo de impedir a atuação do poder público na prevenção ou repressão de crimes, realizar ou promover incêndio, depredação, saque, destruição ou explosão contra bens públicos ou privados ou contra o acesso a serviços públicos.

Manifestações políticas
O texto ressalva que não se enquadra no crime o exercício da defesa de direitos, garantias e liberdades constitucionais. A oposição tentou acordo com o governo, para deixar claro no texto que também não seriam enquadradas no crime manifestações políticas. Mas o governo não aceitou o acordo.

Os partidos da oposição entraram em obstrução contra a matéria. Conforme destacou a deputada Maria do Rosário (PT-RS), a preocupação é que sejam criminalizados atos de movimentos sociais, como do Movimento dos Sem-Terra (MST).

Para a deputada, basta que seja infiltrado um provocador em meio à luta popular para criar cenários de intimidação violenta.  “Nós queremos apenas ressalvar que este governo fascista não use o Estado contra os movimentos sociais nas eleições e fora delas”, disse.

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Apreciação das emendas ao Substitutivo do Relator. Dep. Margarete Coelho PP-PI
Margarete Coelho rebate críticas: “Estamos tipificando condutas como o novo cangaço”

Para a relatora Margarete Coelho, está claro que a tipificação do crime não atinge movimentos sociais. “Nós estamos aqui criminalizando e tipificando condutas que hoje não estão tipificadas, como o novo cangaço, em que bandidos invadem cidades, incendeiam, obstacularizam a atuação da polícia. A ressalva está clara. Não se enquadra no projeto a defesa de direitos, a garantia de liberdades constitucionais”, afirmou.

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Circulação de pessoas
O texto também enquadra no crime de “intimidação violenta” impedir ou perturbar a circulação de pessoas, o exercício de atividades públicas ou laborais, o funcionamento de estabelecimentos comerciais, de ensino, hospitalares ou a prestação de serviços públicos, com o objetivo de controle de território para a prática de crimes.

Para o deputado Orlando Silva (SP), vice-líder do PCdoB, a proposta pode ser usada para impedir legítimas manifestações populares, como passeatas e greves. Mas, para o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM), vice-líder do governo, está claro que o objetivo do projeto é combater a atuação de organizações criminosas. “Quem for contra esse projeto está passando pano para o tráfico de drogas, é favorável às organizações criminosas”, disse.

Corrupção sexual
A Comissão de Constituição e Justiça também adiou a votação do Projeto de Lei 4534/21, que inclui no Código Penal o crime de condicionar a prestação de um dever de ofício à prestação de atividade sexual. Apresentada pelos deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e mais15 parlamentares de diferentes partidos, a proposta foi apoiada pelos deputados da CCJ, mas a votação foi adiada por um pedido de vista apresentado pelo deputado Mario Heringer (PDT-MG).

Tabata explica que a conduta é conhecida na língua inglesa como “sextortion” – “sextorsão” em português – e que o crime junta elementos de corrupção e de abuso sexual. E cita dados de 2019 da organização Transparência Internacional para justificar a proposta.

“A Transparência Internacional nos trouxe que, no Brasil, uma em cada cinco pessoas já foi vítima de corrupção sexual ou conhece alguém que já passou por essa situação – ou seja, que para ter acesso a algum serviço público foi pedido a essa pessoa algum tipo de extorsão sexual. Essa é uma prática inviabilizada, mas nem por isso menos nociva ou menos presente”, afirmou a parlamentar.

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O texto prevê pena de reclusão de 2 a 6 anos para o ato de condicionar a prestação de serviço ou a prática de ato de ofício à prestação de atividade sexual que envolva conjunção carnal ou a prática de outro ato libidinoso. Se a atividade sexual for consumada, a pena será de reclusão de 6 a 10 anos. Conforme a proposta, caso o agente seja funcionário público, a pena será somada à pena correspondente ao crime contra a administração pública.

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Discussão e Votação de Propostas. Dep. Maria do Rosário PT-RS
Maria do Rosário: “O sexo, em vez do dinheiro, é a moeda do suborno”

Defesa da proposta
O parecer da relatora, deputada Maria do Rosário, foi favorável à proposta, que, para ela, aperfeiçoa a legislação penal. Ela destaca que a  “sextorsão” consiste no abuso de poder para demandar um benefício sexual da vítima, sendo uma forma de corrupção na qual o sexo, em vez do dinheiro, é a moeda do suborno.

Ela citou algumas formas que a corrupção sexual pode assumir: “Policiais ou professores solicitando sexo em troca de não deter uma pessoa ou dar-lhe uma boa nota, respectivamente; um juiz que condiciona uma decisão favorável ao fornecimento de um ato sexual; um agente de compras públicas oferecendo um contrato em troca de sexo; ou ainda um servidor público que solicita um benefício sexual para dar acesso a um determinado serviço, como assistência médica.”

Os projetos devem voltar à pauta da CCJ na próxima semana.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Roberto Seabra

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Governo Lula cede à pressão e revoga norma de monitoramento do Pix

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O governo federal anunciou, nesta terça-feira (15), a revogação da norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo transações realizadas via Pix. A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita, Robison Barreirinhas, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

A medida, que inicialmente previa que operadoras de cartões de crédito, fintechs e carteiras digitais informassem à Receita transações acima de R$ 5 mil mensais realizadas por pessoas físicas, gerou uma onda de críticas e pânico na população. Essa ampliação do monitoramento, que antes era restrito aos bancos tradicionais, foi vista como uma ameaça à privacidade financeira e desencadeou reações negativas em massa, especialmente nas redes sociais.

Sensação de insegurança e repercussão negativa

Segundo Barreirinhas, a norma foi alvo de distorções que acabaram gerando um clima de insegurança. Para evitar maiores danos, o governo optou por revogar a medida. “Houve um grande mal-entendido que prejudicou a confiança da população, algo que nunca foi a intenção da Receita Federal”, explicou o secretário.

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Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo editará uma medida provisória (MP) com o objetivo de assegurar a gratuidade e o sigilo do Pix. “Queremos garantir que o Pix continue sendo um instrumento acessível e confiável, sem qualquer tipo de taxação ou diferenciação de taxas em relação a pagamentos em dinheiro”, afirmou Haddad.

Fake news e manipulação política

A decisão também foi motivada pela disseminação de informações falsas que alimentaram a desconfiança pública. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) alertando para uma suposta taxação futura do Pix viralizou nas redes sociais, pressionando ainda mais o governo. Haddad criticou a postura de políticos que, segundo ele, agiram de forma irresponsável para manipular a opinião pública e ampliar a insatisfação.

Compromisso com transparência

Apesar da revogação, Haddad reiterou que o governo continuará trabalhando para regulamentar o sistema financeiro, promovendo segurança e transparência, mas sem prejudicar trabalhadores informais ou pequenos empreendedores. “O governo está atento à necessidade de modernizar a regulamentação sem colocar em risco o bem-estar da população”, concluiu.

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A revogação da norma marca um recuo significativo do governo Lula, que decidiu agir rapidamente para conter os danos políticos e restaurar a confiança pública em um dos sistemas financeiros mais utilizados e valorizados pelos brasileiros.

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