POLITÍCA NACIONAL
Violência política e racismo são apontadas como barreiras para candidaturas de mulheres indígenas
POLITÍCA NACIONAL

Violência política de gênero, racismo e sexismo são barreiras para as candidaturas e a atuação política de mulheres indígenas. A avaliação foi feita na audiência pública com o tema “Mulheres indígenas na política: avanços e conquistas”, promovida pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (22).
Primeira mulher indígena a ser eleita para a Câmara e única indígena presente no Congresso atual, a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR) destacou que as mulheres indígenas têm ampliado a participação nos processos eleitorais nos últimos anos.
De acordo com dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com base nas estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2020 foram eleitos 234 representantes de 71 povos originários, sendo 10 prefeitos, 11 vice-prefeitos e 213 vereadores. Nesse universo, 31 mulheres indígenas foram eleitas, ou seja, 13% do total. Em 2016, foram apenas 15 indígenas eleitas (8%).
“Por outro lado, a violência política é uma das principais barreiras ao surgimento de novas candidaturas indígenas e a permanência dessas nos cargos para os quais foram eleitas”, apontou Joenia. “E em grande parte desses casos somos ameaçadas, por defendermos os direitos fundamentais dos nossos povos, a defesa dos nossos povos e do meio ambiente, que confrontam aqueles que querem se apropriar dos nossos bens e nos silenciar a qualquer custo”, completa.
Joenia registrou na semana passada (16) denúncia na Polícia Legislativa da Câmara e também na Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados por ataques sofridos na rede social Instagram, com base na lei publicada no ano passado que trata da violência política contra a mulher (Lei 14.192/21).
A deputada acrescentou que o massacre que lideranças políticas vêm sofrendo, mesmo que não ocupem cargos eletivo, também é considerado violência política, já que visa silenciar a voz dessas lideranças. Para ela, as mulheres indígenas podem agregar valores que estão faltando no mundo político, como responsabilidade com recursos naturais, responsabilidade na coletividade e sentimento de humanidade.
Para ampliar as candidaturas, Joenia defende que sejam instituídas cotas do fundo eleitoral específicas para mulheres indígenas.

Dificuldades
Representante do Núcleo de Inclusão e Diversidade da Secretaria Geral da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Samara Pataxó destacou que as mulheres indígenas enfrentam dificuldades ainda maiores do que os homens indígenas na política.
“Além de a gente lidar com o racismo estrutural e institucional que temos no nosso País, a gente tem que superar a questão da descolonização. Temos que agir de forma a descolonizar nossos corpos, e a ideia que temos a nosso respeito. Enfrentamos problemas porque a sociedade quer ditar ainda hoje onde é nosso lugar”, disse.
A líder indígena O-é Caiapó, do sul do Pará, acrescentou que é um desafio para as mulheres indígenas estudarem e irem para a cidade, porque em geral são os homens que percorrem esse caminho.
Falta de representação
Líder indígena do Amazonas e pré-candidata a deputada federal, Vanda Ortega Witoto ressaltou que a região amazônica tem a maior população indígena do Brasil, mas sem representação política adequada no Parlamento, o que leva à falta de políticas públicas para esses povos, que não querem mais a ser tutelados. Querem, sim, segundo ela, que suas vozes ecoem para além de seus territórios, nos espaços de decisões.
“Hoje temos representando essa Amazônia homens brancos tanto na Assembleia Legislativa, nas câmaras municipais e no Senado Federal. Nós não temos uma representação indígena que possa demandar a defesa desse território e dos povos da Amazônia”, frisou.

Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que no atual governo dirigentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério do Meio Ambiente não têm compromisso com os povos indígenas ou com o meio ambiente. Na avaliação da parlamentar, o racismo e o sexismo, no Brasil, estão impregnados inclusive na legislação, mas o movimento de inclusão das mulheres indígenas nos espaços de poder não tem volta.
Março Mulher
O evento integra a programação da campanha Março Mulher, realizada anualmente pela Secretaria da Mulher da Câmara em parceria com a Procuradoria Especial da Mulher do Senado.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Roberto Seabra


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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