POLITÍCA NACIONAL
Visões econômica e social dominam debate sobre gestão da zona costeira
POLITÍCA NACIONAL
Representantes de vários ministérios apresentaram nesta quinta-feira (9) o atual estágio de governança da zona costeira do Brasil, durante debate na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. O governo federal avalia que 19% do atual Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha origem no mar.
Ambientalistas e representantes da sociedade civil criticaram, no entanto, os dados apresentados e manifestaram preocupação com a gestão do mar territorial brasileiro, sobretudo diante das mudanças climáticas.

O debate foi inspirado no Dia Mundial dos Oceanos, celebrado em 8 de junho a partir da realização da Rio-92, a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre meio ambiente e desenvolvimento realizada há 30 anos, no Rio de Janeiro.
Exploração de petróleo
O coordenador-geral de política de concessão de blocos exploratórios do Ministério de Minas e Energia, Clayton Pontes, atualizou as perspectivas quanto à exploração de petróleo e gás natural.
“Atualmente, temos 1.009 blocos disponíveis para serem arrematados. A nossa principal área de produção continua sendo a região do pré-sal, onde também temos blocos nesse regime de partilha sendo ofertados. É uma atividade intensiva em investimentos e tem uma arrecadação de participações governamentais que é de grande relevância para estados, municípios e União”, afirmou.

Clayton Pontes ainda destacou as ações do Ministério de Minas e Energia para a regulamentação da geração de energia eólica em ambiente marinho e para a ampliação do limite exterior da plataforma continental, a cargo da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM).
Turismo náutico
Já o Ministério do Turismo mostrou planos para a exploração do turismo náutico, que teve o potencial ampliado desde o aumento das viagens internas registrado na pandemia de Covid-19. A movimentação financeira do setor cresceu 20% entre 2019 e 2020 (de R$ 634 milhões para R$ 761 milhões). Entre as ações para reforçar o setor, o governo destaca o reconhecimento da profissão de condutor de turismo náutico e a alíquota zero para importação de veleiros e jet-skis.
Essa última medida recebeu críticas da representante do Grupo de Trabalho para Uso e Conservação Marinha (GT-Mar), Cristiane Parente. “Quando a gente já tem acidentes, resíduos sólidos e óleo no mar, [a solução] não é trazer alíquota zero para importação de veículos náuticos para a diversão da classe alta. Desculpa, mas isso, para mim, não é cuidar do meio ambiente nem da zona costeira”, declarou.
O coordenador de Aproveitamento de Ativos Naturais do Ministério do Turismo, João Pita de Freitas, rebateu. “Essas pessoas não escondem suas riquezas dentro de colchões. O consumo dessas pessoas gera emprego e renda. Temos estudos que mostram que cada veleiro que existe no País acaba representando quatro empregos”, informou.

Pesca artesanal
As críticas ao governo continuaram com o representante do Conselho Pastoral dos Pescadores, Francisco Nonato, que apontou falta de diálogo e de visão social na gestão da zona costeira.
“Os ministérios falam em uma perspectiva só econômica. Na zona costeira e nos oceanos, tem gente e essa gente são os pescadores e as pescadoras artesanais. Há uma privatização das águas públicas que deixa de lado as vivências das comunidades tradicionais pesqueiras que cuidam desses espelhos d’água”, disse Nonato.

Representantes da Secretaria de Aquicultura e Pesca detalharam ações em curso, como a Rede Pesca Brasil e os Terminais Pesqueiros Públicos, com focos em gestão e garantia de crédito para a atividade pesqueira.
Falhas de gestão
Na avaliação do deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), a sociedade civil tem razão nas críticas à governança da zona costeira. “De fato, falta integração: cada ministério fica cuidando da sua parte e há muitos ministérios com olhar meramente econômico. E, com isso, estamos vendo o nosso sistema costeiro-marinho se degradar a cada ano. Temos sérios problemas de saneamento nas cidades costeiras, sobrepesca e problemas sérios relacionados ao gerenciamento costeiro. É muito importante que ocorram consultas públicas”, afirmou.
O debate foi solicitado pelo deputado Nilto Tatto (PT-SP), para quem “as mudanças climáticas em curso e a elevação do nível médio do mar converteram a faixa litoral em uma zona de grande complexidade, problemas e conflitos”.
Os deputados defendem a aprovação do projeto conhecido como Lei do Mar (PL 6969/13), que cria a Política Nacional para a Conservação e o Uso Sustentável do Bioma Marinho Brasileiro. A proposta aguarda inclusão na pauta do Plenário da Câmara.
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, foi convidado para o debate na comissão, mas não compareceu por problemas de agenda.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Pierre Triboli


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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