10 de Maio de 2025
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Aos 205 anos, Museu Nacional busca preservar missão educativa

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Antes de setembro de 2018, era comum ver os corredores do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, tomados por estudantes da rede pública ou privada. A visita fazia parte de um roteiro tradicional das escolas. Para meninas e meninos, era difícil não ficar impressionado ao ver de perto o maior meteorito já encontrado no país. Ou os fósseis de dinossauros e a coleção de múmias egípcias, que eram capazes de transportar os curiosos para aventuras distantes.

Um incêndio devastador, no entanto, trouxe perdas materiais irreparáveis, com 85% do acervo destruído, no dia 2 de setembro daquele ano. Além das perdas materiais, a tragédia também interrompeu as experiências educativas e lúdicas que ocorriam no local. Perdeu-se um espaço histórico que favorecia o conhecimento e atiçava a imaginação de crianças, adolescentes e até adultos.

“É interessante que os principais relatos que a gente ouve do público são no sentido de ter visitado o museu em algum momento com a escola. São memórias muito positivas. E é importante ressaltar que esse era o primeiro contato, mas havia um público bem grande que vinha de maneira mais espontânea, por ter uma relação antiga de amor com a instituição”, conta Igor Rodrigues, atual chefe da Seção de Assistência ao Ensino do museu.

No próximo dia 6 de junho, o Museu Nacional completa 205 anos de existência. Desde 2021, está em curso o processo de reconstrução do prédio e de reorganização do acervo. Este último, a partir de peças recuperadas e de outras obtidas por meio de doações. Paralelamente, projetos e atividades educativas continuam a ser tocados por aqueles que trabalham no museu.

“Temos agora uma oportunidade de reestruturar essa instituição e trazer mais dinamismo para ela. Que seja mais conectada com o século 21 e foque nessa relação com o público”, prevê Igor Rodrigues.

“Nós ampliamos o nosso portfólio de projetos. Temos, por exemplo, o projeto o Museu Nacional Vive nas Escolas, que faz visitas regulares em escolas sorteados. Temos um material didático que continua sendo desenvolvido há 70 anos, que é emprestado sem custo para os professores. E queremos que, em breve, possamos inaugurar exposições no museu reaberto, que tragam também essa dimensão educativa”.

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, reforçou essa tradição pedagógica do museu e os planos para que a instituição amplie a capacidade de construir e divulgar conhecimento científico.

“A questão educativa do museu faz parte do nosso DNA desde o início. E as novas exposições estão sendo concebidas não apenas com o olhar do cientista e do divulgador, mas também com o olhar dos educadores. Precisam fazer sentido para esses profissionais que atuam na educação e dialogar com o interesse do público no geral”.

História bicentenária

Chapas metálicas isolam o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, para obras emergenciais e recuperação de acervo após o grande icêndio de 2 de setembro. Chapas metálicas isolam o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, para obras emergenciais e recuperação de acervo após o grande icêndio de 2 de setembro.

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Em outubro de 2018, chapas metálicas isolam o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, para obras emergenciais e recuperação de acervo – Fernando Frazão/Agência Brasil

O museu foi criado no governo de D. João VI, em 6 de junho de 1818, quando o Rio de Janeiro era a capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Naquela época, o nome escolhido foi Museu Real.

O lugar foi planejado para abrigar coleções de interesse científico. Entre elas, o acervo da Casa de História Natural, que já existia desde 1784 e reunia produtos de mineralogia, artefatos indígenas e aves empalhadas.

Inicialmente, a sede do museu ficava no Campo de Santana, região central da cidade. Com a Proclamação da República, em 1889, passou a se chamar Museu Nacional.

Em 1892, o acervo e os pesquisadores foram transferidos para o Paço de São Cristóvão, prédio na Quinta da Boa Vista, que havia sido residência oficial da Família Real Portuguesa e da Família Imperial Brasileira até 1889.

O famoso antropólogo Roquette-Pinto foi diretor do museu de 1926 a 1935. Nesse período, a instituição passa a construir o caráter educativo pela qual ficaria conhecida. Para o antropólogo, o museu deveria ser a “universidade do povo”.

O edifício-sede foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938, quando a instituição já possuía o maior acervo de história de ciência natural da América Latina. O museu passou a ser comandado, em 1946, pela então recém-criada Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A relação se mantém até hoje.

Um dos itens mais importantes do acervo era o fóssil humano batizado de Luzia. Achado em Lagoa Santa, Minas Gerais, em 1974, fazia parte da coleção de Antropologia. Luzia é considerada a habitante mais antiga das Américas.

Também se destacava o Bendegó, o maior meteorito encontrado no Brasil, com 5,36 toneladas. Originário de uma região do sistema solar entre os planetas Marte e Júpiter, ele tinha 4 bilhões de anos e foi achado no sertão da Bahia. Foi incorporado ao acervo do museu em 1888.

Uma outra coleção valiosa era a de múmias egípcias, compradas pelo então imperador Dom Pedro em 1826. Considerada a maior da América Latina, tinha múmias de adultos, crianças e também de animais, como gatos e crocodilos. A maioria das peças veio da região de Tebas, cidade do Antigo Egito.

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Processo de recuperação

Depois que as chamas cessaram, teve início um longo processo de recuperação do Museu Nacional. As primeiras obras emergenciais, para retiradas dos escombros e resgate do que sobrou do acervo, começaram no dia 26 de setembro de 2018. Em outubro, foi anunciado que partes do crânio e do fêmur de Luzia haviam sido encontrados.

No ano seguinte, mostras temporárias, com peças resgatadas ou não atingidas pelo fogo, foram montadas com o apoio de outras instituições, como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e o Museu Casa da Moeda.

Em maio de 2019, foram apresentadas peças da coleção egípcia que puderam ser recuperadas. Em agosto, terminaram as obras emergenciais. No mesmo mês, o museu anunciou que conseguiu resgatar peças das coleções da Itália, Egito, Japão, Peru e Nova Zelândia.

Em setembro de 2020, foi anunciado resgate de 30% da Coleção Imperatriz Teresa Cristina, que reúne objetos produzidos entre os séculos VII a.C e III d.C em Pompéia, Herculano e Veio.

Em setembro de 2021, o Museu Nacional/UFRJ e Comitê Executivo do Projeto Museu Nacional Vive lançaram a Campanha para Recomposição de Coleções. Nos 13 meses seguintes, seriam mais de mil itens históricos e científicos doados. Entre eles, minerais, animais taxidermizados, fósseis, materiais arqueológicos, exemplares das culturas africanas e indígenas.

As obras de restauração das fachadas e dos telhados do Paço de São Cristóvão, que abrigava o museu, começaram em novembro 2021. Pouco menos de um ano depois, em setembro de 2022, os trabalhos na fachada principal foram concluídos.

Para esse ano, estão previstos a entrega da reforma da Biblioteca Central e do Campus de Pesquisa e Ensino, assim como a conclusão do bloco 1. As obras em outros três blocos devem começar até o fim de 2023.

O cronograma coloca o período de 2024 até 2027 como o de conclusão das obras no interior, nos jardins, a montagem da exposição e, finalmente, a reabertura total do Museu Nacional. O custo total deve ficar próximo de R$ 450 milhões.

“Até abril de 2026, esperamos abrir parte do museu para a visitação. Estamos lutando para isso e vamos apresentar em breve uma nova proposta em relação a isso. Enquanto isso, convocamos o público para participar dessa reconstrução e acompanhar pelas mídias sociais todo o trabalho que está sendo feito”, disse o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner.

Fonte: EBC GERAL

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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