POLITÍCA NACIONAL
Defesa do controle estatal marca debate sobre política energética na Câmara
POLITÍCA NACIONAL

A comissão geral realizada nesta quarta-feira (1º) sobre a política energética e o desenvolvimento econômico e social do País foi marcada pela defesa do controle estatal dos setores de combustível e de energia. Deputados e convidados a falar sobre o assunto criticaram o processo de desestatização da Eletrobras e projetos de privatizar a Petrobras. Criticaram também o atual governo de Jair Bolsonaro, como responsável pelo desmonte do Estado, com reflexos nos altos preços da conta de luz, do gás e da gasolina.
Na avaliação do deputado Zé Neto (PT-BA), que solicitou o debate realizado no Plenário da Câmara dos Deputados, o Brasil vivencia hoje uma situação de descontrole e de falta de transparência em um setor que é responsável pelo desenvolvimento das nações.
“A gente vive há algum tempo essa situação absurda da dolarização do preço dos combustíveis, da venda fatiada da Petrobras e do desmonte do nosso potencial produtivo, fazendo com que a gente exporte o petróleo bruto e busque o refinamento no exterior”, criticou Zé Neto.
Na avaliação do líder do PT, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), o tema é importante para a retomada do desenvolvimento do Brasil e uma questão de soberania nacional.
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) citou especificamente a Petrobras e lembrou que a empresa, fundada em 1953 durante o governo de Getúlio Vargas, está agora em mãos erradas. “A Petrobras está explorando o povo brasileiro, com lucratividade de 29% ao ano”, disse. “Além disso, criam um ambiente negativo para justificar a venda, a entrega da Petrobras.”

Defesa
Em defesa da gestão de Jair Bolsonaro, o vice-líder do governo José Medeiros (PL-MT) declarou que a Petrobras já foi vendida pelo PT e pertence ao mercado. “Há uma ignorância difundida no Brasil por quem quebrou a Petrobras. Fala-se muito sobre a privatização da Petrobras, mas é bom que a gente saiba que a Petrobras já foi vendida e faz tempo. Foi vendida pelo PT, por Lula. Hoje, a Petrobras está aí, 70% fora das mãos do governo”, afirmou o vice-líder.
José Medeiros alerta, entretanto, para as limitações do governo. Para ele, nem tudo o que se sugere que o governo faça, como interferir na política de preços de combustíveis, é aconselhável. Os preços, segundo ele, obedecem a acordos firmados internacionalmente que nem Bolsonaro nem Lula podem quebrar.
“A Petrobras está nessa situação porque teve de fazer acordo pela roubalheira que houve. Hoje, boa parte do petróleo brasileiro tem que ser trazida de fora, porque se manda petróleo bruto daqui e tem que importar, o que está sujeito aos preços internacionais”, completou José Medeiros, acrescentando que refinarias nacionais não saíram do papel ou estão sucateadas.
O deputado Zé Neto respondeu que, ao contrário do que apontou Medeiros, a participação da União na Petrobras cresceu no governo Lula. “Antes do governo FHC [Fernando Henrique Cardoso], havia 82% do patrimônio da Petrobras em controle da União. Depois do governo FHC, foi para 55% o controle da União. Com o presidente Lula, esse número cresceu para 63,2%. Depois de Lula e agora com o ex-presidente Temer e o presidente Bolsonaro, caiu de 63,2% para 50,3%”, listou Zé Neto.
Hoje, a União é o maior detentor de ações da Petrobras com direito a voto, as ações ordinárias, com 50,38% desses papéis, o que a torna a principal controladora. Considerando todas as ações, inclusive as ações preferenciais, que não dão direito a voto, a participação do governo na Petrobras é de 28%. Confira a composição acionária da Petrobras.

Sem ideologia
Na opinião da economista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Clarice Ferraz, a fala de José Medeiros é ideológica, em um assunto onde não caberia ideologia. “Cabe observar que estão em jogo as duas empresas estatais que têm função pública e que estruturam o setor de combustíveis e o elétrico”, disse ela. “É o acesso à energia que determina o nosso padrão de desenvolvimento e há uma crise energética mundial em curso.”
Essa crise climática e energética tem reflexos na economia, como lembrou o representante do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep) na audiência, Mahatma Ramos dos Santos.
Segundo ele, em um contexto de desorganização do mercado internacional de insumos energéticos, provocados tanto pela pandemia quanto por conflitos entre países, é fundamental debater a transição energética para fontes renováveis. “O Estado brasileiro deve ter um papel ativo na construção de espaços de diálogo, na elaboração de política industrial para setores renováveis”, defendeu Santos.
“Hoje, a gente observa uma política de desmonte, o que significa que o Estado brasileiro está abrindo mão, em benefício de interesses do capital internacional, da prerrogativa de ser ativo, o que coloca em risco o acesso universal à energia e a construção de mercados de energia mais justos.”
Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Geórgia Moraes


MATO GROSSO
Governo Lula cede à pressão e revoga norma de monitoramento do Pix
O governo federal anunciou, nesta terça-feira (15), a revogação da norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo transações realizadas via Pix. A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita, Robison Barreirinhas, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.
A medida, que inicialmente previa que operadoras de cartões de crédito, fintechs e carteiras digitais informassem à Receita transações acima de R$ 5 mil mensais realizadas por pessoas físicas, gerou uma onda de críticas e pânico na população. Essa ampliação do monitoramento, que antes era restrito aos bancos tradicionais, foi vista como uma ameaça à privacidade financeira e desencadeou reações negativas em massa, especialmente nas redes sociais.
Sensação de insegurança e repercussão negativa
Segundo Barreirinhas, a norma foi alvo de distorções que acabaram gerando um clima de insegurança. Para evitar maiores danos, o governo optou por revogar a medida. “Houve um grande mal-entendido que prejudicou a confiança da população, algo que nunca foi a intenção da Receita Federal”, explicou o secretário.
Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo editará uma medida provisória (MP) com o objetivo de assegurar a gratuidade e o sigilo do Pix. “Queremos garantir que o Pix continue sendo um instrumento acessível e confiável, sem qualquer tipo de taxação ou diferenciação de taxas em relação a pagamentos em dinheiro”, afirmou Haddad.
Fake news e manipulação política
A decisão também foi motivada pela disseminação de informações falsas que alimentaram a desconfiança pública. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) alertando para uma suposta taxação futura do Pix viralizou nas redes sociais, pressionando ainda mais o governo. Haddad criticou a postura de políticos que, segundo ele, agiram de forma irresponsável para manipular a opinião pública e ampliar a insatisfação.
Compromisso com transparência
Apesar da revogação, Haddad reiterou que o governo continuará trabalhando para regulamentar o sistema financeiro, promovendo segurança e transparência, mas sem prejudicar trabalhadores informais ou pequenos empreendedores. “O governo está atento à necessidade de modernizar a regulamentação sem colocar em risco o bem-estar da população”, concluiu.
A revogação da norma marca um recuo significativo do governo Lula, que decidiu agir rapidamente para conter os danos políticos e restaurar a confiança pública em um dos sistemas financeiros mais utilizados e valorizados pelos brasileiros.
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