POLITÍCA NACIONAL
Deputados comentam o golpe de Estado de 1964, que completou 60 anos
POLITÍCA NACIONAL
A deputada Luiza Erundina (Psol-SP) e os deputados General Girão (PL-RN) e Pompeo de Mattos (PDT-RS) comentaram em entrevistas os reflexos do golpe de Estado de 31 de março de 1964, que completa 60 anos neste domingo.
Erundina afirma que a data deve ser permanentemente lembrada pelas próximas gerações. “A data não é para se comemorar, mas se rememorar, para evitar que o País passe por situações como aquela”, disse.
Erundina considera que as ameaças atuais de retrocesso democrático ou um novo golpe militar ocorrem por causa dos traumas deixados pelos 21 anos de ditadura. Ela pede a retomada das investigações de desaparecidos políticos que ainda não tiveram as ossadas identificadas. “Queremos justiça para aqueles que sofreram torturas e assassinatos, para que seus familiares e companheiros possam rezar, acender uma vela, e agradecer por seu sofrimento e sacrifício”, disse.

Contrarrevolução
General Girão aponta para a necessidade de entender o movimento militar dentro do contexto da Guerra Fria. Ele lembra que as Forças Armadas foram inicialmente apoiadas pela sociedade, com manifestações populares. General Girão afirma que o movimento militar foi uma contrarrevolução contra uma tentativa de instaurar o comunismo no Brasil.
“Nas Forças Armadas, a gente lamenta muito que quem na época tentou implantar o comunismo no Brasil voltou, assumiu o poder e insiste em contar uma história diferente”, afirmou o deputado. “Dizem que as Forças Armadas implantaram um regime ditatorial. Todos os presidentes militares foram eleitos em sessão do Congresso Nacional”, acrescentou.
General Girão disse temer que a democracia atual esteja sendo limitada, em particular com relação à liberdade de imprensa, de opinião e de manifestação. “Não se pode dizer que estamos em uma democracia plena. A classe política brasileira precisa resolver os nossos problemas. Não podemos creditá-los a instituições como as Forças Armadas”, opinou.
Trabalhismo
Pompeo de Mattos lembra que seu pai foi preso em 1964 e, ainda criança, teve de visitá-lo na cadeia. “Quem o prendeu nunca disse a razão da prisão, e o meu pai morreu sem saber. Ou seja, não tinha motivação.”
Segundo Pompeo de Mattos, o maior alvo do regime militar era o trabalhismo, ideal do presidente deposto João Goulart e do ex-governador gaúcho Leonel Brizola, que na data do golpe exercia o mandato como deputado federal, para depois seguir ao exílio. Com o processo de redemocratização e a volta dos exilados políticos, em 1979, Pompeo de Mattos participou da fundação do PDT, liderado por Brizola.
“O golpe deixa um saldo de muita angústia, de muitas dores para muitas famílias no Brasil, mas de consciência dos tempos de luta. Sobraram cicatrizes, divisões, angústias, sofrimento, pessoas morreram, desapareceram”, relata Pompeo de Mattos.
O deputado considera necessário zelar pela democracia para evitar recaídas. Segundo ele, a maior necessidade é melhorar as condições de vida da população. “Para nós termos democracia, precisamos ter a população com dignidade. Não com milhões e milhões de pobres abaixo da linha de miséria. O pilar econômico da democracia é fundamental. Que democracia é esta em que as pessoas não têm casa, emprego, renda? Tudo isso inibe a liberdade”, alerta.
Reportagem- Francisco Brandão
Edição – Wilson Silveira
Fonte: Câmara dos Deputados


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.