POLITÍCA NACIONAL
Especialistas apoiam consulta popular para referendar eventual decisão sobre semipresidencialismo
POLITÍCA NACIONAL

Os três professores convidados para falar no grupo de trabalho da Câmara sobre a adoção do semipresidencialismo no Brasil defenderam, nesta quarta-feira (6), a adoção de alguma espécie de consulta à população sobre a mudança.
O professor de ciência política Octávio Amorim Neto, da Fundação Getúlio Vargas, propôs que seja feito um referendo cerca de oito anos após a mudança. Já o professor de direito constitucional Daniel Sarmento, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, avaliou que um plebiscito antes da alteração é juridicamente obrigatório.
O coordenador do grupo, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), disse que a questão não é constitucional e pode ser decidida pelo Congresso atual. O deputado Enrico Misasi (PV-SP) defendeu o plebiscito por acreditar que o sistema de governo está no coração do funcionamento da democracia brasileira.
Poder partilhado
Octávio Amorim Neto justificou a opção pelo semipresidencialismo, afirmando que o sistema soluciona o problema criado por presidentes que não são hábeis para formar uma maioria parlamentar. Pelo semipresidencialismo, o presidente eleito partilha o poder com um primeiro-ministro, que precisa ter o apoio do Congresso.
Para Amorim Neto, o Congresso vem ganhando protagonismo desde 2015, principalmente sobre a execução do Orçamento.
“Independentemente de quem virá a ser eleito presidente em 2022, este fortalecimento, principalmente no que diz respeito ao Orçamento, dificilmente será revertido. Então a questão é que este poder mais forte tem que ter mais responsabilidade executiva e perante a Nação”, disse.
Poderes do presidente
O presidente eleito teria uma espécie de poder moderador com o veto total de projetos, a verificação de constitucionalidade e a possibilidade de dissolver o parlamento.
O exemplo de Portugal foi muito citado na audiência. Lá, no final de 2021, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa dissolveu o parlamento e chamou novas eleições após a rejeição da proposta de Orçamento para 2022.
Octávio Amorim Neto criticou propostas que permitam ao presidente propor leis, a fim de evitar competição com o primeiro-ministro, que vai ser o chefe do governo. E, dado o histórico brasileiro, embora o presidente seja o chefe da Nação e conduza as relações exteriores e as Forças Armadas, o professor defendeu que o ministro da Defesa seja um civil.
Governabilidade
Daniel Sarmento, da UERJ, citou, por outro lado, estudos segundo os quais o presidencialismo com a formação de coalizões, que é o sistema atual do Brasil, funciona. E deu os exemplos dos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula.
De acordo com o professor de direito constitucional, por causa do grande número de partidos no país, há o risco de ingovernabilidade no semipresidencialismo pela dificuldade na formação de maiorias. Ou seja, os governos poderiam ser derrubados em sequência. Além disso, poderia haver uma dissonância entre a orientação do presidente eleito e a do primeiro-ministro.
“Será que um presidente, com a legitimidade auferida nas urnas, mas com muito menos poder, e, do outro lado, um governo de coloração ideológica oposta, será que isso ia ser tranquilo? Ia ser um convívio tranquilo, com governabilidade?”, questionou.
Daniel Sarmento explicou que o grande risco para as democracias hoje é a corrosão interna por meio de decretos e nomeações que podem destruir as políticas aprovadas pelo Congresso. Portanto, seria necessário ter uma separação mais rígida dos Poderes no sistema presidencialista para evitar o autoritarismo. Ele também defendeu menos cargos preenchidos por indicação política.
Para o professor de ciência política da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Alan Daniel de Lacerda, o sistema presidencialista tem a vantagem de organizar as forças políticas para o eleitor.
“A eleição presidencial torna inteligível essa massa de partidos que está na esquerda, na direita, no centro; mas é uma coisa difícil de diferenciar. O presidencialismo de coalizão torna isso inteligível porque em geral a disputa presidencial tem poucos competidores relevantes. Nós já tivemos disputas basicamente bipolares como as de 1994 e de 2006 também.”
Estabilidade
O deputado Enrico Misasi defendeu o semipresidencialismo, porque isso evitaria que o país tenha que depender da habilidade política do presidente.
“A resiliência de um sistema político se dá justamente quando as pessoas não são as mais virtuosas. No final das contas, a gente nem precisaria de sistemas muito bem pensados se todos fossem virtuosos e com extrema capacidade”, argumentou.
O novo sistema, segundo Misasi, seria desenhado para manter a estabilidade em qualquer situação.
Reportagem – Sílvia Mugnatto
Edição – Ana Chalub


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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