POLITÍCA NACIONAL
Especialistas defendem financiamento público do jornalismo e regulação de plataformas digitais
POLITÍCA NACIONAL
Em audiência pública do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional (CCS) nesta segunda-feira (6), especialistas e conselheiros apontaram que o fortalecimento do jornalismo deve estar na pauta de prioridades do Parlamento como mecanismo necessário para a manutenção da democracia e para o exercício da cidadania. Nesse sentido, uma das frentes mais defendidas foi o combate à desinformação que, segundo eles, muitas vezes, é estimulada pelas próprias plataformas digitais. Na visão dos participantes, a regulamentação e a remuneração do conteúdo jornalístico são matérias urgentes.
Cobrança
O secretário-geral da Federação dos Jornalistas da América Latina e do Caribe (Fepalc), Celso Augusto Schröder, ressaltou que, para tentar conter o dreno dos recursos dirigidos a grandes plataformas digitais e a consequente falência do jornalismo profissional, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) propôs à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) uma ação global para que o Brasil construa mecanismos de regulação das plataformas de tal maneira a garantir os sistemas econômicos nacionais do jornalismo.
“As novas tecnologias da informação inauguraram um novo momento do capitalismo: a chamada uberização. Precarizaram o trabalho, e a monopolização internacional inviabilizou o livre mercado nacional com uma acumulação monetária inédita e uma apropriação ilegal de conteúdos”, afirmou.
Schröder explicou que a Fenaj elaborou uma proposta assentada em duas sugestões de projetos de lei que garantem, de um lado, a taxação das plataformas e, de outro, a distribuição dos recursos recolhidos. A Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide) seria o formato escolhido. A Cide digital, segundo ele, incidiria sobre a receita bruta, decorrente da exibição de publicidade em plataformas cujo beneficiado seja residente ou domiciliado no Brasil, independentemente de onde ocorra o pagamento.
Remuneração de conteúdo
Para os participantes do debate, o uso do conteúdo jornalístico deve ser remunerado por gerar ganhos financeiros às plataformas digitais, por gerar valor às big techs, por servir de ferramenta para engajamento com usuários e, mais recentemente, por servir de dados para alimentar o fornecimento da inteligência artificial.
A diretora de Relações Institucionais da Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Carla Egydio, citou exemplos de países que já avançaram em uma legislação capaz de remunerar a veiculação desses conteúdos, como Canadá, Estados Unidos e integrantes da União Europeia. No entanto, ela defendeu que o Brasil se atenha à realidade do País e leve em consideração princípios que não aprofundem as desigualdades, além de não concentrar um campo já altamente concentrado.
“Taxa de limpeza”
O presidente da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), Rafael Soriano, ressaltou que a discussão sobre o novo modelo de negócios passa pela cobrança de uma espécie de “taxa de limpeza” da poluição digital promovida pela desinformação propagada massivamente e estimulada pelas próprias plataformas.
“É o jornalismo profissional que tem a capacidade, a habilidade e a competência de desfazer mal-entendidos, de esclarecer informação duvidosa, estimular o raciocínio baseado em fatos realmente verificados e rechecados”, ressaltou. “O jornalismo profissional tem um papel fundamental para a superação de todos os desafios justamente porque é referência em conteúdos de qualidade para os leitores. Ele é guardião e multiplicador do conhecimento certificado”, completou.
Soriano destacou ainda que, por conta da proliferação dos conteúdos nas plataformas e de sua audiência amplificada pelo compartilhamento intenso de postagens, 80% das verbas digitais de publicidade do mundo estão seguindo para alguns poucos meios de comunicação. Isso tem resultado, segundo ele, no fechamento de vários veículos de imprensa que não conseguem se sustentar financeiramente.
Segundo dados do Atlas de Notícia, somente neste ano foram identificadas 39 organizações que encerraram suas atividades, resultando em um total de 942 organizações de mídia fechadas nos últimos anos.
O presidente do Conselho de Comunicação Social, Miguel Matos, disse que é preciso entender se essa mudança de mercado é uma transformação na forma de se financiar ou se de fato é o fim da base de financiamento. Ele manifestou preocupação em não sentir que a sociedade esteja preocupada com essa transformação e com a necessidade de fortalecimento do jornalismo.
“Toda a estrutura democrática vive em função do jornalismo profissional, um dos esteios da democracia é a imprensa livre. Mal comparando, é como se a gente estivesse acabando com os hospitais. E o financiamento dos hospitais estivesse acabando e nós não tivéssemos como sustentar isso mais. É obvio que nesta situação as pessoas iriam se preocupar, mas é mais ou menos a mesma coisa. E as pessoas não estão se preocupando.”
Educação
Para a vice-presidente do conselho, Patrícia Blanco, é preciso avançar na educação digital. “Garantir uma sociedade com acesso a informação e preparada para que ela mesma possa diferenciar os conteúdos é fundamental”, afirmou.
“O que a gente viu acontecer nos últimos anos foi uma tempestade perfeita, além da crise econômica e da crise de credibilidade, impulsionada muitas vezes por campanhas de tentativa de descredibilização da imprensa como um agente importante nessa participação do debate público.”
A conselheira representante da Fenaj, Maria José Braga, defendeu que a crise do jornalismo, em relação à ética, ao conteúdo e ao modelo de negócios, precisa ser olhada do ponto de vista de priorizar não só a atividade, mas, sim, considerar o seu financiamento como essencial.
“Todas as vezes que colocamos a comunicação social no balaio das necessidades essenciais do ser humano, a gente se esquece de colocar o financiamento para a comunicação social no balaio dos financiamentos necessários. E é isso que a proposta da Fenaj ousadamente faz. Pela primeira vez na história deste País nós temos uma proposta de financiamento público para o jornalismo”, ressaltou.
Da Redação – AC
Com informações da Agência Senado
Fonte: Câmara dos Deputados


MATO GROSSO
Governo Lula cede à pressão e revoga norma de monitoramento do Pix
O governo federal anunciou, nesta terça-feira (15), a revogação da norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo transações realizadas via Pix. A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita, Robison Barreirinhas, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.
A medida, que inicialmente previa que operadoras de cartões de crédito, fintechs e carteiras digitais informassem à Receita transações acima de R$ 5 mil mensais realizadas por pessoas físicas, gerou uma onda de críticas e pânico na população. Essa ampliação do monitoramento, que antes era restrito aos bancos tradicionais, foi vista como uma ameaça à privacidade financeira e desencadeou reações negativas em massa, especialmente nas redes sociais.
Sensação de insegurança e repercussão negativa
Segundo Barreirinhas, a norma foi alvo de distorções que acabaram gerando um clima de insegurança. Para evitar maiores danos, o governo optou por revogar a medida. “Houve um grande mal-entendido que prejudicou a confiança da população, algo que nunca foi a intenção da Receita Federal”, explicou o secretário.
Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo editará uma medida provisória (MP) com o objetivo de assegurar a gratuidade e o sigilo do Pix. “Queremos garantir que o Pix continue sendo um instrumento acessível e confiável, sem qualquer tipo de taxação ou diferenciação de taxas em relação a pagamentos em dinheiro”, afirmou Haddad.
Fake news e manipulação política
A decisão também foi motivada pela disseminação de informações falsas que alimentaram a desconfiança pública. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) alertando para uma suposta taxação futura do Pix viralizou nas redes sociais, pressionando ainda mais o governo. Haddad criticou a postura de políticos que, segundo ele, agiram de forma irresponsável para manipular a opinião pública e ampliar a insatisfação.
Compromisso com transparência
Apesar da revogação, Haddad reiterou que o governo continuará trabalhando para regulamentar o sistema financeiro, promovendo segurança e transparência, mas sem prejudicar trabalhadores informais ou pequenos empreendedores. “O governo está atento à necessidade de modernizar a regulamentação sem colocar em risco o bem-estar da população”, concluiu.
A revogação da norma marca um recuo significativo do governo Lula, que decidiu agir rapidamente para conter os danos políticos e restaurar a confiança pública em um dos sistemas financeiros mais utilizados e valorizados pelos brasileiros.
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