POLITÍCA NACIONAL
Especialistas destacam necessidade de atendimento individualizado para alunos com altas habilidades
POLITÍCA NACIONAL
Especialistas ouvidos no seminário “As altas habilidades e a educação”, realizado na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (19), ressaltaram a necessidade de promover o atendimento individualizado dos alunos superdotados, além da capacitação dos professores para atendê-los. O evento foi promovido pela Comissão de Educação da Câmara, em conjunto com o Senado Federal.
Autora do pedido de realização do seminário, a deputada Soraya Santos (PL-RJ) lançou alguns pontos de preocupação, como o próprio reconhecimento das pessoas com altas habilidades. “O primeiro passo é a avaliação se tem altas habilidades, em que área, em que nível. Quem é a melhor pessoa para avaliar esse aluno que tem esse potencial?”, questionou. “As pessoas pensam que é só um dom, mas não, é um dom que também traz sofrimento, porque a pessoa não se sente inserida”, frisou.
A senadora Professora Dorinha Seabra Rezende (União-TO), que também pediu o seminário, chamou atenção para a necessidade de as escolas estarem preparadas para acolher e entender que as pessoas aprendem de forma diferente.
“O país precisa enxergar que não pode continuar excluindo nem as pessoas que precisam de um atendimento diferenciado na educação especial, com deficiência, e muito menos aquelas que precisam mais da escola e podem ajudar muito a escola. O maior desafio nosso é organizar isso do ponto vista de política pública permanente de financiamento, de formação, de organização”, disse.
Estima-se que hoje existam cerca de 26 mil estudantes com altas habilidades ou superdotados no Brasil, mas esse número pode estar subestimado. A psiquiatra Camila Nicolucci observou que muitas crianças chegam ao consultório com diagnóstico de transtornos mentais, como déficit de atenção e hiperatividade, depressão ou transtorno do espectro autista, mas na verdade têm altas habilidades ou superdotação.
Atendimento individualizado
Presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Luiz Roberto Curi salientou que, mesmo os estudantes superdotados ou com altas habilidades representando um percentual baixo do total de alunos, o caso deles não pode ser tratado como menos relevante. Conforme ele, esses estudantes devem ter atendimento individualizado, além do atendimento coletivo em sala de aula.
Ele informou que o CNE votará, em dezembro, resolução com diretrizes específicas para estudantes com altas habilidades, que inclui processos de caracterização e de capacitação das altas habilidades e planos de desenvolvimento escolar específico e individualizado, além da adequada formação dos professores. Segundo ele, todos os professores devem estar capacitados para a educação dos estudantes com altas habilidades, e não apenas alguns.
Representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Aberson Carvalho de Sousa salientou que tem havido um processo muito mais de segregação do que de inclusão dos estudantes com altas habilidades, por conta da falta de preparo das escolas e professores para lidar com eles.
A representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Maria Virginia Rocha, também defendeu um olhar individualizado para cada estudante, com capacitação dos professores para isso. “Eles precisam deixar de ser invisíveis dentro do processo educacional. Esses alunos precisam estar matriculados em classes comuns, mas ter um auxílio da equipe técnico-pedagógica”, apontou. Segundo ela, também é necessária orientação pedagógica para as famílias.
Impactos da superdotação
O estudante universitário Matheus Carvalho, que é superdotado, contou que desde a infância teve muita dificuldade com a escola – por exemplo, com as lições repetitivas. O histórico escolar dele foi “péssimo, com notas baixas”, e ele disse que teve vários conflitos com professores e dificuldades de convivência com os colegas. A superdotação só foi descoberta no fim da adolescência, após ele ter repetido de ano e ter sido alvo de bullying.
“Eu já fugi da sala de aula, acabei tendo separação dos amigos, porque a gente não consegue conversar na mesma língua e isso é muito chato. Você tem muito mais conectividade com os adultos, com a sua família, porque eles te entendem melhor”, disse.
“Por volta dos 13 anos, eu pesava 115 quilos, porque eu tinha compulsão alimentar, e foi o fundo do poço para mim não ter esse atendimento, esse conhecimento do que é a superdotação, do que é esse viver, que é um viver diferente. E desde então eu comecei a ter uma piora no quadro emocional. Eu não conseguia passar uma hora na escola sem ter um ataque de pânico”, relatou.
Professora e mãe de estudante com altas habilidades, Aline Machado dos Santos ressaltou que a história de Matheus se repete e que é preciso promover a inclusão. Segundo ela, são poucos os profissionais habilitados para lidar com pessoas com altas habilidades, há muitos erros no diagnóstico e na prescrição de medicação, com diversas crianças e adolescentes inclusive tentando suicídio.
“Meu filho com 7 anos passou por sete escolas, viveu coisas terríveis”, relatou. “Altas habilidades não é talento, é um todo. Um sujeito que tem emoções, que tem sentimentos, que tem subjetividade”, completou. “O meu filho já fez três avaliações, ele tem convênio, tem atendimento, só que é uma minoria. A gente quer política pública. A gente quer que todos e todas tenham o direito de inclusão, de identificação”, acrescentou. Para ela, é preciso investimento, capacitação de profissionais, além de mudar currículos.
De acordo com a professora Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) Denise de Souza Fleith, entre as práticas que favorecem o aluno com altas habilidades estão a diferenciação curricular, a aceleração escolar, o enriquecimento curricular e a mentoria. “O estudante precisa do apoio da família e da escola para seu desenvolvimento”, reiterou. Ela alertou que não é a superdotação que gera problemas emocionais, e sim o ambiente não adequado para receber esse aluno.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Ana Chalub
Fonte: Câmara dos Deputados
GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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