POLITÍCA NACIONAL
Presidente do Banco Central defende alta de juros para controlar a inflação
POLITÍCA NACIONAL
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu o tripé “juros, câmbio flutuante e medidas prudenciais” para controlar a atual alta da inflação e evitar riscos de recessão. Campos Neto participou de audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (31) para esclarecer as providências diante da atual taxa de juros de 12,75% e do acumulado de inflação de 12,03% nos últimos 12 meses. A prévia da inflação de abril (IPCA-15) chegou a 1,73%, a maior do mês desde 1995, segundo o IBGE. Alvo de críticas de alguns parlamentares, a estratégia do Banco Central foi reforçada por Roberto Campos Neto, que admitiu a inflação elevada do País, sobretudo nas áreas de energia e alimentação, mas ressaltou que a taxa está dentro da média mundial.
“Nós acreditamos que o instrumento para combater a inflação são os juros? Que o instrumento para combater a instabilidade financeira são as medidas macroprudenciais? Nós acreditamos que o câmbio é flutuante? Se não acreditamos nesse tripé, aí precisamos iniciar uma nova conversa. Nós claramente acreditamos nesse tripé no Banco Central”, afirmou.

Em um cenário mundial de crise econômica, o Brasil foi um dos primeiros países a adotar a estratégia de elevação da taxa de juros. Apesar da expectativa do mercado de que essa tendência possa estar perto do fim, o presidente do BC lembrou que a decisão do Copom, o Comitê de Política Monetária, é coletiva. Campos Neto também fez algumas projeções quanto à inflação futura.
“O último número foi revisado para alguma coisa entre 7,5% e 8%. Não tem como dizer a trajetória de juros, porque é uma coisa que a gente faz em cada reunião do Copom e depende muito do cenário. Nós vamos fazer o máximo de esforço para trazer a inflação para a meta, porque a inflação é o elemento mais perverso que cria desigualdade de renda, inibição de planejamento e atrapalha o crescimento estável do país a longo prazo”, disse ele.
Inflação global
Roberto Campos Neto deixou claro que a alta da inflação é global, diretamente ligada a fenômenos em cascata de estímulos fiscais e monetários dos governos, maior consumo de bens e maior demanda por energia em plena pandemia de Covid-19.
“Todos os governos juntos colocaram US$ 9 trilhões em circulação, sobre um PIB global de US$ 80 trilhões no ano anterior. Então, foi mais de 10% de recursos em um período de 14 meses. Isso gerou um impulso muito grande no consumo e teve muito dinheiro em circulação ao mesmo tempo”, apontou. Ele lembrou que, com a pandemia, as pessoas ficaram em casa, consumindo menos serviços e mais bens. “Isso começou a gerar uma inflação de bens no mundo. Quando há um aumento de demanda por bens, também há um aumento de demanda por energia, porque, para produzir bens, consomem-se cinco vezes mais energia do que para produzir serviços”, explicou Campos Neto.
O conflito entre Ucrânia e Rússia, o lockdown na China mesmo em quadro mais controlado da pandemia, a crise hídrica no Brasil e os gargalos setoriais, como nas áreas de frete e de semicondutores, adicionaram novas pressões inflacionárias, segundo o presidente do BC. Roberto Campos Neto citou ainda a contradição do atual baixo investimento na produção de energia mesmo diante do aumento do consumo.
“Com preço tão alto de petróleo e de minerais que a gente está vendo agora, os níveis de investimento em extração de petróleo estão perto do mínimo. Aí, há um fator super importante, que é a transição verde, lembrando que, para produzir energia verde, são necessários vários insumos que estavam subindo de preço.”
Preocupações
Os deputados Capitão Alberto Neto (PL-AM) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO) elogiaram a postura do Banco Central na busca do controle inflacionário, mas manifestaram preocupação com a alta do preço dos combustíveis. O deputado Ivan Valente (Psol-SP) reclamou de estratégias do Banco Central que, segundo ele, apenas beneficiam o mercado e os rentistas. O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), defendeu mais previsibilidade do BC a fim de se reduzir o impacto negativo de inflação e juros altos no poder de compra e na qualidade de vida da população.
“Nós estamos falando de mais de 20 milhões de brasileiros que hoje passam muita dificuldade até de se alimentar. Quando se controla a inflação e se busca a redução dos juros, a gente tem a melhoria da área econômica e a retomada do investimento”.

O deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP) se queixou da profusão de golpes de falsas empresas de crédito e pediu maior fiscalização do BC para combater fraudes, além de cuidados extras com o projeto da moeda digital (real digital) em curso.
Oportunidades
Na audiência na Câmara, Roberto Campos Neto também apresentou panoramas macroeconômicos do país. De acordo com ele, o real é a moeda com melhor desempenho no mundo, acumulando apreciação superior a 15% no ano. A previsão para o PIB é de crescimento de 1,5% a 2%. Campos Neto rebateu críticas quanto à suposta manutenção de “reservas internacionais excessivas” por parte do Brasil, ressaltando que, no período de pandemia (2019-2022), foram repassados 440 bilhões de reais das reservas para o Tesouro Nacional.
O presidente do BC ainda prevê novas oportunidades para o Brasil em energia, alimento e comércio diante do realinhamento mundial verificado com a polarização mundial no atual conflito entre Rússia e Ucrânia. Segundo ele, o investimento em produção de insumos passa por transformações, privilegiando aspectos ligados à proximidade (nearshore) e relacionamento (friendshore) entre as nações.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Ana Chalub


MATO GROSSO
Governo Lula cede à pressão e revoga norma de monitoramento do Pix
O governo federal anunciou, nesta terça-feira (15), a revogação da norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo transações realizadas via Pix. A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita, Robison Barreirinhas, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.
A medida, que inicialmente previa que operadoras de cartões de crédito, fintechs e carteiras digitais informassem à Receita transações acima de R$ 5 mil mensais realizadas por pessoas físicas, gerou uma onda de críticas e pânico na população. Essa ampliação do monitoramento, que antes era restrito aos bancos tradicionais, foi vista como uma ameaça à privacidade financeira e desencadeou reações negativas em massa, especialmente nas redes sociais.
Sensação de insegurança e repercussão negativa
Segundo Barreirinhas, a norma foi alvo de distorções que acabaram gerando um clima de insegurança. Para evitar maiores danos, o governo optou por revogar a medida. “Houve um grande mal-entendido que prejudicou a confiança da população, algo que nunca foi a intenção da Receita Federal”, explicou o secretário.
Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo editará uma medida provisória (MP) com o objetivo de assegurar a gratuidade e o sigilo do Pix. “Queremos garantir que o Pix continue sendo um instrumento acessível e confiável, sem qualquer tipo de taxação ou diferenciação de taxas em relação a pagamentos em dinheiro”, afirmou Haddad.
Fake news e manipulação política
A decisão também foi motivada pela disseminação de informações falsas que alimentaram a desconfiança pública. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) alertando para uma suposta taxação futura do Pix viralizou nas redes sociais, pressionando ainda mais o governo. Haddad criticou a postura de políticos que, segundo ele, agiram de forma irresponsável para manipular a opinião pública e ampliar a insatisfação.
Compromisso com transparência
Apesar da revogação, Haddad reiterou que o governo continuará trabalhando para regulamentar o sistema financeiro, promovendo segurança e transparência, mas sem prejudicar trabalhadores informais ou pequenos empreendedores. “O governo está atento à necessidade de modernizar a regulamentação sem colocar em risco o bem-estar da população”, concluiu.
A revogação da norma marca um recuo significativo do governo Lula, que decidiu agir rapidamente para conter os danos políticos e restaurar a confiança pública em um dos sistemas financeiros mais utilizados e valorizados pelos brasileiros.
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