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Revisões contratuais e atrasos em licitação suspenderam entrega de remédios contra leucemia, diz governo

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Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta sexta-feira (25), a servidora do Ministério da Saúde Clariça Soares alegou problemas técnico-administrativos da pasta para justificar a suspensão, em diversos estados do País, do fornecimento de medicamentos de quimioterapia oral durante alguns meses de 2021.

Ouvida pela comissão especial da Câmara que acompanha ações de combate ao câncer no Brasil, Clariça, que é coordenadora-geral do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do ministério, explicou que a compra centralizada e a distribuição aos estados dos fármacos Dasatinibe, Imatinibe e Nilotinibe – usados no tratamento da Leucemia Mieloide Crônica (LMC) e da Leucemia Linfoide Aguda (LLA) – acabaram suspensas em 2021 por conta de revisões contratuais e de exigências do processo licitatório. A representante da pasta, no entanto, negou ter havido falha de planejamento.

Pablo Valadares / Câmara dos Deputados
Audiência Pública - A falta de medicamentos para tratar pacientes com Leucemia. Clariça Rodrigues Soares - Coordenadora do CEAF do Ministério da Saúde
Clariça Rodrigues (E): compra e distribuição dos remédios já foram normalizadas

De acordo com Clariça, os laboratórios que produzem com exclusividade o Dasatinibe e o Nilotinibe solicitaram em 2021 revisão dos preços pagos pelo Executivo pelos produtos. Nesses casos, por serem medicamentos exclusivos do fabricante, os contratos podem ser firmados sem licitação.

“Durante essa renegociação, um dos laboratórios, por conta própria, suspendeu as entregas”, disse a coordenadora, citando o exemplo do Nilotinibe.  “Porém, há uma série de trâmites burocráticos que levam tempo: precisamos de parecer jurídico e de análise de viabilidade econômica, a fim de não gerar ônus ao Estado”, explicou.

No caso do Dasatinibe, segundo ela, foram necessárias várias reuniões até a definição do novo preço. “O laboratório apresentou um reajuste muito acima do esperado pelo ministério.” Por outro lado, as falhas no fornecimento do Imatinibe, informou Clariça, foram motivadas por atrasos no processo licitatório no fim do ano passado.

Pablo Valadares / Câmara dos Deputados
Audiência Pública - A falta de medicamentos para tratar pacientes com Leucemia . Dep. Weliton Prado PROS - MG
Weliton Prado cobrou mais transparência nos processos licitatórios

Em todos os casos, segundo o Ministério da Saúde, a compra e a distribuição dos medicamentos já foram normalizadas. Mesmo assim, ao reconhecer o prejuízo causado aos pacientes, a representante da pasta afirmou que o governo vem adotando ações para prevenir novas intercorrências.

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“Criamos uma comissão externa para identificar antecipadamente quais medicamentos podem ter o fornecimento interrompido”, afirmou Clariça.

Outra ação, adiantou ela, será desenvolver painéis on-line para permitir o acompanhamento em tempo real dos processos de compra e distribuição e dos estoques desses medicamentos.

Transparência
Idealizador do debate, o presidente da comissão especial, deputado Weliton Prado (Pros-MG), afirmou ser fundamental aumentar a transparência de todo o processo.

“Muitos pacientes vêm sofrendo com a falta de medicamentos há algum tempo. A primeira cobrança que fizemos foi em abril 2020, e vemos que o problema permanece até hoje em 11 estados e no Distrito Federal”, observou. “Esses medicamentos são vitais, e a falta deles significa um sentença de morte para pacientes com câncer”, acrescentou.

Importância dos medicamentos
Também foram ouvidos na audiência pública representantes da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale); da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH); e do Instituto Vencer o Câncer (IVOC). Eles ressaltaram os ganhos que os quimioterápicos via oral trouxeram para pacientes com LMC e LLA.

Pablo Valadares / Câmara dos Deputados
Audiência Pública - A falta de medicamentos para tratar pacientes com Leucemia. Catherine Moura da Fonseca Pinto - médica sanitarista e Diretora-Executiva da ABRALE
Catherine Moura relatou tentativas frustradas de contato com ouvidoria do SUS

“A Leucemia Mieloide Crônica é uma doença incurável, mas controlável. Esses remédios revolucionaram o tratamento dessa enfermidade. Come eles, a sobrevida do paciente passa a ser praticamente igual a quem não tem leucemia”, declarou José Francisco Marques Júnior, médico hematologista e presidente da ABHH.

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Médico hematologista, Breno de Gusmão destacou o impacto da falta desses medicamentos na sobrevida de pacientes. “É um tipo de remédio que revolucionou e mudou a historia de uma doença que tem um final catastrófico, que começa lentamente, porém tem uma alta taxa de transformação para leucemias agudas, as quais, em muitos casos, levam a transplantes ou a óbito com mais frequência”, afirmou.

Por sua vez, a médica sanitarista e diretora-executiva da Abrale, Catherine Moura, criticou a falta de transparência do Ministério da Saúde durante a falta de abastecimento dos medicamentos e relatou tentativas frustradas de contato com a ouvidoria do SUS desde agosto de 2021.

“A reposta só veio em fevereiro de 2022. Demorou muito. Os pacientes ficaram durante todo esse período nas sombras, sem qualquer informação sobre o que estava ocorrendo”, comentou. De acordo com ela, 366 cidadãos relataram dificuldades de acesso aos medicamentos. “Toda vida importa, e cada uma tem valor inestimável”, frisou Catherine.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Marcelo Oliveira

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Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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