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Exposição sobre migração vai até domingo no Museu da Língua Portuguesa
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A exposição Sonhei em Português!, que traz a migração como um processo atravessado pelo idioma, vai até o próximo domingo (12), no Museu da Língua Portuguesa. A mostra, que traz peças audiovisuais, objetos e instalações foi construída, em grande parte, a partir dos relatos de 13 migrantes de outros países que vivem na cidade de São Paulo.
O universo de dificuldades e desafios envolvidos na migração aparecem já na instalação Travessia, de Leandro Lima. No trabalho feito especialmente para a exposição, o esqueleto de um barco é impulsionado por remos luminosos no escuro da galeria. Na obra, se misturam as referências da tecnologia contemporânea com a antiga ação dos deslocamentos humanos.
O impacto das tecnologias presentes na vida dos migrantes é lembrado de forma mais explícita na instalação da sala seguinte, formada por telefones celulares antigos e novos pendurados. Uma referência às necessidades das pessoas que vão para outros países de continuar em contato com as famílias, amigos e círculos de afetos do lugar de origem.
O aprendizado da língua aparece como ponto importante em diversos relatos. A boliviana Jobana conta que vê o aprendizado do idioma por um processo em que passam necessariamente os afetos. “De alguma forma quando você aprende uma língua você também ama”, reflete. Por isso, depois de alguns anos no país, ela disse que só passou a realmente dominar o idioma quando se apegou a cidade. “Comecei a me apaixonar por esse lugar. Eu amo São Paulo”, admite.
Show
Hoje (8), o Grupo Libertat se apresentou no saguão da Estação da Luz, no mesmo prédio do museu, com um repertório de canções tradicionais da Bolívia, Peru, Equador, Paraguai, Venezuela e Colômbia. O grupo trouxe ainda depoimentos de imigrantes latinos que vivem na capital paulista em algumas das línguas faladas na América do Sul, como espanhol, quechua e aimará.
Essa foi a segunda apresentação a partir da Plataforma Conexões, em que o museu selecionou oito artistas em começo de carreira de diversas linguagens para compor a programação da instituição até dezembro com o tema Travessias pela Cidade.
Edição: Valéria Aguiar


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.