ARTIGOS
A fiscalização ambiental e o papel central do órgão licenciador
ARTIGOS
Por RODRIGO BRESSANE
A fiscalização ambiental é uma das principais ferramentas de concretização do direito constitucional ao meio ambiente equilibrado, previsto no artigo 225 da Constituição. Seu objetivo é garantir que atividades com potencial de impacto ambiental cumpram os padrões legais, prevenindo, corrigindo ou punindo condutas lesivas à natureza. Essa fiscalização pode ocorrer de forma direta, no local da atividade, ou indireta, por meio da análise de documentos, dados e imagens — com o auxílio de tecnologias como drones, satélites e softwares.
A aplicação de sanções administrativas ambientais — previstas na Lei 9.605/1998 e no Decreto 6.514/2008 — está diretamente vinculada à atuação fiscalizatória. Essas penalidades incluem advertência, multas, embargos, apreensão de bens e demolições. São instrumentos coercitivos, cuja legitimidade depende da observância do devido processo legal e do princípio da legalidade.
Como o Brasil é uma federação com competências ambientais compartilhadas entre União, estados e municípios, a Lei Complementar nº 140/2011 foi criada para organizar essa atuação conjunta. Um de seus principais avanços foi estabelecer critérios objetivos de repartição das competências administrativas ambientais, delimitando claramente as atribuições de cada ente, especialmente em relação ao licenciamento e à fiscalização.
O princípio estruturante da LC 140/2011 é a prevalência do órgão licenciador, ou seja, cabe ao ente que concedeu a licença ambiental exercer prioritariamente a fiscalização e aplicar eventuais sanções. Isso se justifica tanto por razões práticas — já que esse órgão detém conhecimento técnico sobre o empreendimento licenciado — quanto jurídicas, como forma de garantir segurança jurídica e evitar sobreposição de atuações.
A própria norma explicita essa diretriz em diversos dispositivos (arts. 7º, 8º, 9º e 17), reforçando que compete ao órgão licenciador instaurar os processos administrativos e aplicar penalidades. Tal diretriz é reconhecida inclusive pelo STF, como no julgamento da STA 286/BA, ao destacar a importância de evitar conflitos entre entes federativos na aplicação do poder de polícia ambiental.
Contudo, o julgamento da ADI 4.757 pelo Supremo, ao declarar a constitucionalidade da LC 140/2011 com interpretação conforme, gerou interpretações controversas. Há quem sustente que a decisão abriu espaço para uma atuação indistinta de todos os entes federados sobre qualquer empreendimento, inclusive licenciado por outro. Essa leitura, além de equivocada, ameaça o ordenamento racional construído pela própria lei.
O correto é reconhecer que a atuação supletiva de outro ente federativo só deve ocorrer em situações excepcionais, como omissão, inexistência ou ineficiência do órgão competente, ou em casos urgentes. Fora dessas hipóteses, deve prevalecer a atuação do órgão licenciador, como regra geral e fundamento da boa governança ambiental.
Fragilizar essa diretriz significa incentivar a desarticulação institucional, criando instabilidade jurídica e conflitos federativos — o oposto do que se espera de uma gestão ambiental eficiente. Ao invés de fortalecer o controle, o excesso de entes atuando simultaneamente fragiliza a autoridade estatal, compromete a previsibilidade regulatória e afasta investimentos.
A proteção ambiental exige responsabilidade clara, coordenação efetiva e respeito ao papel de cada ente federativo. A prevalência do órgão licenciador é, nesse sentido, uma pedra angular do federalismo ecológico brasileiro.
Rodrigo Gomes Bressane é advogado, professor na FGV, especialista em Meio Ambiente, Sustentabilidade e Agronegócio, ex-presidente da Comissão de Agronegócio da OAB-MT.


ARTIGOS
Dia do Médico: Desafios, avanços e a missão de cuidar

Por Marlon Mendonça
Hoje, 18 de outubro, celebramos o Dia do Médico. Para muitos, é uma data simbólica, mas para nós que vivemos a medicina no dia a dia, é um momento de profunda reflexão, sobre a nossa missão, nossos desafios e, principalmente, sobre o compromisso que assumimos ao escolher cuidar de vidas.
Escolher ser médico é, antes de tudo, aceitar uma responsabilidade que vai muito além da técnica. No meu caso, como ortopedista e cirurgião de coluna, essa responsabilidade se manifesta diariamente na vida de pessoas que buscam alívio da dor, melhora da mobilidade ou recuperação de algo tão básico quanto a qualidade de vida.
A medicina exige precisão, sim, mas também exige escuta, empatia e resiliência. Somos confrontados com histórias, dores, medos e expectativas que não cabem em exames de imagem ou relatórios clínicos. E isso torna nossa jornada ainda mais desafiadora e, ao mesmo tempo, profundamente humana.
Essa presença contínua exige um equilíbrio constante entre o cuidado com o outro e o cuidado consigo mesmo. Não podemos e nem conseguiremos esquecer que a pandemia da COVID-19 foi um teste extremo para toda a classe médica. Nos mostrou o quanto somos essenciais, mas também o quanto somos vulneráveis.
Em um primeiro momento, enfrentamos o medo, a insegurança, a ausência de respostas. Depois, vieram as adaptações: protocolos rigorosos, adiamento de procedimentos, reorganização de rotinas, pacientes com quadros agravados pela falta de acesso ou pelo medo de buscar ajuda.
No meu campo, vimos o impacto direto do isolamento: o aumento de dores musculoesqueléticas, o sedentarismo, o agravamento de doenças da coluna. A saúde física e mental de muitos pacientes foi profundamente afetada. E nós, médicos, tivemos que nos reinventar para continuar oferecendo cuidado, mesmo diante do caos.
Por outro lado, a pandemia também acelerou um movimento que já estava em curso: a integração de novas tecnologias na medicina. Hoje, temos à disposição ferramentas que transformam completamente a prática médica desde a telemedicina, passando por cirurgias minimamente invasivas, navegação por imagem, até o uso de inteligência artificial no planejamento de procedimentos.
Na cirurgia de coluna, esses avanços permitem intervenções mais precisas, menos invasivas e com recuperação mais rápida. O paciente se beneficia diretamente disso, e nós, médicos, ganhamos mais segurança e previsibilidade nos resultados. No entanto, é fundamental lembrar: nenhuma tecnologia substitui a escuta, o olhar atento e a relação médico-paciente construída com confiança e empatia.
Neste Dia do Médico, celebro não apenas a minha profissão, mas todos aqueles que escolheram esse caminho no Brasil e no mundo. Também destaco os meus colegas e sócios do hospital H.Bento que assim como eu, atuam na gestão, mas também fazem questão de atender e estar presente na demanda de cada paciente até o momento da alta médica de forma humanizada e acolhedora. E agradeço, principalmente, aos meus pacientes, que diariamente me lembram do verdadeiro sentido de ser médico.
A medicina me ensinou a ter humildade diante da complexidade do corpo humano e coragem diante da dor do outro. Me ensinou que cada paciente é único e que, por trás de cada diagnóstico, há uma vida com histórias, sonhos e medos.
Marlon Mendonça é médico ortopedista e especialista em coluna no Hospital H.Bento
-
MATO GROSSO7 dias atrás
CONCEEL-EMT reforça orientações sobre a nova identificação das Unidades Consumidoras
-
MATO GROSSO6 dias atrás
Utilização de veículos como pagamento de imóveis se torna opção de mercado em Cuiabá
-
MATO GROSSO4 dias atrás
Mais de 17,6 mil pessoas com deficiência comandam negócios próprios em Mato Grosso
-
ARTIGOS4 dias atrás
Tecnologia, ciência e humanização: o tripé da medicina do futuro
-
GERAL7 dias atrás
TNT Energy Drink acelera a expansão no universo do basquete com embalagens exclusivas temáticas da NBA no Brasil
-
ARTIGOS4 dias atrás
Especialista em diagnóstico por imagem explica como a biópsia guiada contribui para o tratamento precoce do câncer de mama
-
ARTIGOS17 horas atrás
Dia do Médico: Desafios, avanços e a missão de cuidar