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Grupo Gouveia entra com pedido de recuperação judicial com dívida declarada de R$ 617 milhões
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A Gouveia Holding e Agropecuária ingressou nesta quarta-feira (22), com sua recuperação judicial na 4ª Vara Cível de Rondonópolis, com dívidas declaradas de R$ 617 milhões. O juiz Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento, antes mesmo de decidir pelo deferimento do pedido, determinou a blindagem da empresa, o que impede que credores entrem na justiça com ações executivas individuais e suspendeu o cumprimento de mandados de arresto contra a requerente, o que possibilita que a empresa negocie de forma coletiva com todos seus credores na recuperação judicial.
Dirigida pelo empresário Zaercio Fagundes Gouveia, o grupo que é estritamente familiar atua em Mato Grosso, Goiás e Pará no setor da agropecuária e na atividade de incorporação rural.
Na decisão, o magistrado frisou que o pedido de recuperação judicial tem como principal objetivo proteger o patrimônio da empresa, com a finalidade de manter a atividade empresarial em razão dos benefícios sociais dela decorrentes, como geração e circulação de riquezas, recolhimento de tributos e, especialmente, geração de empregos e rendas, de forma a permitir uma negociação racional com todos os credores para que em assembleia decidam qual o melhor plano de pagamento aos credores.
“Não é demais lembrar que o simples deferimento do processamento, por si só, gera a consequência automática da suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor pelo prazo de 180 dias. Diante da possibilidade de ser deferido o processamento da recuperação judicial, é de suma importância a adoção de medidas judiciais que possam salvaguardar o resultado útil do processo, diante da existência de risco ao resultado útil do processo, antecipo os efeitos da blindagem, ordenando a suspensão do curso da prescrição e de todas as ações ou execuções interpostas contra todos os requerentes”, diz trecho da decisão.
O Advogado responsável pelo pedido de recuperação do grupo, Gabriel Sousa, da ERS Advocacia, pontua que a decisão se trata de uma medida protetiva para os negócios da empresa. Com a nova lei, que permite produtores rurais pedirem recuperação judicial, os pedidos aumentaram muito em vista dos riscos altos do setor agrícola.
“A recuperação judicial é uma ferramenta legal e muito importante para garantir que empresas que passam por dificuldades financeiras possam se reestruturar e se reerguer, mantem empregos e a geração de renda para colaboradores. Pelo histórico da empresa, fica claro que possuem plenas condições de superar a crise e voltar a contribuir com a economia do país”, pontuou.
Dados do Monitor de Recuperação Judicial no Brasil apontam que, somente no terceiro trimestre de 2023, mais de 125 empresas entraram com pedido de recuperação judicial em Mato Grosso.
O juízo nomeou com responsável pelo procedimento inicial da recuperação o escritório ZAPAZ, na pessoa do Administrador Luís Alexandre Cristaldo. O plano será apresentado em 60 dias e a princípio contemplará novo financiando via DIP para equalização do passivo.
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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.