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MEC FM: “rádio da música clássica” comemora 39 anos
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Entrar num táxi na hora de almoço e se deparar com As Quatro Estações, de Vivaldi, ou alguma sinfonia de Beethoven tocando no aparelho de rádio. Quem mora no Rio de Janeiro com certeza já passou por esta experiência nos últimos 39 anos. A quase quarentona Rádio MEC FM, que faz aniversário nesta terça-feira (10), já embalou viagens e outros momentos da vida dos ouvintes.
O contador aposentado Roberto Betonte, de Niterói, é um ouvinte assíduo que reforça a afinidade que tem com a emissora. “É a única programação que realmente vale a pena”, afirmou Betonte, que não perde uma edição do Jazz Livre. Ele já chegou a ganhar um CD de jazz em um sorteio da emissora e visitou a rádio.
A paixão por música clássica e de coral da aposentada Lídia Pinheiro a levou à MEC FM. Inclusive presencialmente. Ela faz parte da Associação de Canto Coral do Rio de Janeiro, e no início dos anos 2000, participou de uma entrevista com o coro. Concertos, música gregoriana, jazz: toda a programação acompanha a vida da moradora de Niterói.
A escritora Gisela D’Arruda escuta a emissora todos os dias. Um dos programas preferidos é o Áurea Música, que tem ainda outro fã em casa: o gato Fumaça, que até já tentou ligar o rádio no horário do programa para escutá-lo.
Ênfase na música brasileira
Criada em 1983 como um desdobramento da Rádio MEC e voltada para a música clássica, a MEC FM está presente hoje no Rio de Janeiro (99,3 MHz) e em Brasília (87,1 MHz). Além do gênero clássico, a emissora toca na programação jazz e choro. E privilegia a música brasileira. Não é à toa que um trecho da Suíte Popular Brasileira, de Heitor Villa-Lobos, compõe a vinheta.
O gerente da MEC FM, Thiago Regotto, reforça que o objetivo é ter uma identidade muito próxima à música clássica feita no Brasil. No acervo com mais de 60 mil músicas, está presente uma grande parte da música de concerto brasileiro.
Quem abriu esse caminho para o trabalho de músicos brasileiros logo no início da emissora foi o produtor Lauro Gomes, que faleceu em 2021. Ele, que já trabalhava na Rádio MEC desde meados dos anos 70, seguiu para a MEC FM, onde ficou até o início dos anos 2010. Na nova emissora, não se limitou a falar apenas dos grandes compositores, mas também buscou os intérpretes das obras, reforça Thiago Guimarães, pesquisador do acervo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). “Ele tinha essa capacidade de conseguir dar uma roupagem mais acessível para o público da música de concerto”, afirma Guimarães, que apontou o empenho de Lauro Gomes em popularizar a rádio.
Um desses programas era o Ciclos, que homenageava compositores e intérpretes, como Carlos Gomes, Francisco Mignone e Bidu Sayão. Confira uma parte do programa sobre o compositor Francisco Mignone, que foi ao ar em 5 de junho de 2011, com produção e apresentação de Lauro Gomes.
Espaço aberto para experimentação
Além de clássicos da música de concerto brasileira, Lauro Gomes abriu espaço na programação para levar ao público outras experiências, como a música de coral, canto lírico e até mesmo a música portuguesa do período das grandes navegações. Programas como Trechos Líricos, Canto Coral e Collegium Musicum traziam aos ouvintes estilos que não tinham tanto espaço no rádio nacional.
Ouça abaixo um episódio do programa Trechos Líricos, de 5 de junho de 1984, com produção de Ida Bocchino.
Nos anos 2000, o Música de Invenção, com produção de Sérvio Túlio e Marcelo Brissac, apresentava nas ondas da MEC FM experiências sonoras feitas por compositores e inventores do século XX e início do XXI. Relembre o primeiro programa, de 2 de setembro de 2005.
Ouvintes à procura dos clássicos
A comunicação com o público, por meio de diversos canais como e-mail, WhatsApp e até cartas, contribui para deixar a emissora mais próxima ao ouvinte, que tem a oportunidade de escolher, por exemplo, o que quer ouvir no programa Clássicos do Ouvinte. “Você ter a pessoa pedindo uma música e pautar a rádio é o principal motivo de o programa existir”, afirma Thiago Regotto, sobre o programa que existe desde antes de a MEC FM ser criada.
Hoje são pelo menos 20 programas, entre eles parcerias com emissoras estrangeiras, como BBC e Deutsche Welle, e com orquestras brasileiras, como a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP). Parte da programação é compartilhada com rádios de outras cidades do país, como a Rádio Cultura de Porto Alegre.
E esse público não se restringe a pessoas mais velhas: de acordo com o gerente da MEC, os ouvintes que têm mais afinidade com a emissora estão na faixa dos 25 a 45 anos. Esse resultado reflete parte da estratégia de alcançar ouvintes mais novos, com uma linguagem mais próxima.
Hoje, um dos desafios da MEC FM é conseguir dialogar mais com a classe C, que corresponde a 15% de sua audiência – a classe AB ocupa a maior parte, com 70%. Outro plano da emissora é estar presente em mais lugares, tanto com o retorno aos concertos e gravações ao vivo, que foram paralisados no início da pandemia, como nas redes sociais. A ideia é fazer “mais rádio, mais ao vivo, para mais pessoas”,
A emissora tem site oficial, um canal no YouTube, perfis no Facebook, Instagram, Twitter e Spotify, onde mantém playlists segmentadas – como a do Sala de Concerto, programa criado por Lauro Gomes nos anos 2000, que leva artistas para tocarem ao vivo no estúdios – e outros destaques da emissora, como os programas Blim-Blem-Bom e Jazz Livre.
Comemoração
Para comemorar os 39 anos, a MEC FM traz nesta terça-feira (10) uma programação especial. De hora em hora, interprogramas destacam os melhores momentos do acervo da emissora.
Ao meio-dia, o Concerto MEC faz uma seleção de gravações feitas nos estúdios da emissora. E às 22h, terá a reapresentação do Concerto de 35 anos da MEC FM, gravado em 2018, na Sala Cecília Meireles. Assista abaixo ao concerto comemorativo:
*com pesquisa de Thiago Guimarães, do Acervo EBC
Edição: Nathália Mendes


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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